Capítulo 5

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Três livros, cada um com quinhentas páginas, li todos sem exceção de uma palavra. Mesmo assim não me sinto confiante, não sei se sou capaz de armar uma estratégia de guerra.

             Nas ultimas horas pensei muito em Aegon. Em diversas maneiras de manipula-lo. E percebi que ela já é manipulado. Ele mesmo disse com todas as palavras que não quer ser rei, que foi forçado. A pessoa que o manipula, é a mesma que o forçou. Alicent. Eu não podia todas as rédeas enquanto ela estivesse com elas, para controlar Aegon eu tinha que livra dela. Mas, como?

                Aegon, diferente de mim, ainda a chama de mãe. Ainda recebe o pouco que ela dá com ânsia por mais. É essa ânsia que o move, essa carência por afeto. Se eu proporcionasse o dobro que Alicent apenas propõe, eu conseguiria manipula-lo. Sem ela em meu caminho o ferro do trono brilha mais.

            A noite chegar, trazendo em sua imensa escuridão um frio tenebroso. Não consigo dormir, fico me revirando na cama procurando pelo sono. Mas, como eu dormiria? Minha guerra estava se formando em minha volta, como viveria normalmente ao meio dela. As coisas mudaram, as noites frias não são só noites frias, são um lembrete do quão gelado é a morte.

               O sol volta ao céu em algumas horas, assisto ela tomando seu lugar no imenso azul. Me levanto da cama, e me espreguiço. Mesmo tendo perdido uma noite de sono me sinto energia. Alguns minutos depois Bria vem ao meu quarto, ela separa um vestido para mim e penteia o meu cabelo. Enquanto ela penteava minhas mechas a frente do espelho, eu encara meu reflexo. Meus olhos fundos, e minhas pálpebras cheias de cílios. Minha pele pálida, e minha bochechas rosadas. Meu lábio fino e curvado. Meu pescoço longo com resquícios de Aemond. Coloco minha mão sobre sua mordida, sinto a profundidade de seus dentes em mim, as marcas dele cada dia se apagavam mais, logo seriam apenas lembranças. Isso me chateia um pouco, mas me conforto ao lembrar que meu coração ainda é cheio de suas marcas. A maioria são marcas felizes, mas existe aquelas que doem. Suspiro sentindo o ar sob meu toque, passando por minha garganta e chegando ao meu pulmão.

— Oque a senhorita quer hoje? Que tal um coque traçado, ou uma traça de cinco pontas? — Bria propõe.

— Ah! Pode ser o mesmo que fez no dia da coroação de Aegon. — Era o único penteado que eu tinha certeza que esconderia o resto de Aemond em mim.

— Como quiser. — Bria diz.

              Ela traça a lateral de meu cabelo, uma traça grossa de cinco pontas, e enfeita minha cabeça com adereços prateados que combinam com meu vestido.

— A rainha lhe espera para café da manhã. — Bria anuncia.

— Haelena? — Pergunto.

— Sim, ela chamo a rainha viúva, e a senhorita para o café.

               Estranho, a tempos não tomava café com Haelena, e ela nunca avia me convidado para nada. Mesmo assim vou até o quarto dela. Ao entra me deparo com Haelena e Alicent em uma pequena mesa no centro do quarto, as duas pareciam entretidas em uma conversa que eu interrompi.

— Atrasada... — Alicent faz questão de anunciar.

— Desculpe, majestade. — Faço uma referência.

— Não me chame assim, é estranho para mim e deve ser estranho para você também. — Haelana pede.

             Vou até elas e puxo uma cadeira a mesa. O silêncio é desconfortável, parece que estou incomodando. Sempre parece que estou incomodando.

— Minha filha, você é a rainha agora, mostra respeito a você é a obrigação de todos. — Alicent diz com doçura.

              Entre nós Haelana é a filha premiada, a única de nós que é amada. Alicent nunca foi doce comigo, e nunca me disse palavras bonitas. Para ela eu sou um desastre indesejado.

Almas imperfeitas - Aemond Targaryen Onde histórias criam vida. Descubra agora