True Luna / TAENNIE

Capítulo Vinte e Nove - Vermelho

POV JUNGKOOK

Eu estava caminhando atrás de Taehyung e Drake estava bem ao meu lado. Meus olhos se ajustaram à escuridão e eu podia ver paredes de caverna ao nosso redor. O cheiro é horrível. Eu posso sentir cheiro de lobos solitários, sujeira e sangue.

Meu corpo inteiro estava tremendo. Eu não tinha dormido por dias. Eu precisava da minha irmã ao meu lado. Eu não sabia o que faria se ela não estivesse aqui. Mas eu sabia que nunca pararia de procurá-la. Eu a encontraria.

Quanto mais caminhávamos, mais forte era o cheiro de sangue. Eu também podia sentir o cheiro de beladona. Estava queimando meu nariz.

Eu podia ouvir sussurros. Definitivamente tinha alguém aqui.

"Sua pele é tão macia", ouvi uma voz dizer. "Talvez eu possa te manter. Eu poderia mentir e dizer a Sienna que te matei, mas ter você só para mim."

Assim que ouvimos o nome daquela vadia, Taehyung, Drake e eu começamos a correr e, segundos depois, chegamos a uma abertura. Havia um fogo queimando em um canto e o espaço tinha aquele brilho alaranjado suave.

O que vi lá me deixou furioso. Taehyung e eu rosnamos alto. O som estava ecoando nas paredes da caverna, tornando nossos rosnados ainda mais altos.

Havia um corpo pequeno deitado no chão, cercado por sangue seco e fresco.

Jennie.

Rolf estava se inclinando sobre ela, sua mão estava debaixo de sua camisa e seus olhos estavam fixos em nós.

Antes que ele pudesse piscar, Taehyung e eu corremos em sua direção, jogando-o para longe dela. Drake o agarrou e o prendeu contra a parede.

Eu sabia que meus guerreiros estavam atrás de nós, mas eu não conseguia ouvir nada além dos nossos rosnados e dos nossos punhos acertando aquele desgraçado.

Eu vi vermelho e eu queria matá-lo.

A expressão no rosto de Taehyung era aterrorizante. Eu nunca o tinha visto tão furioso.

Eu o acertava e não queria parar nunca. Ele tocou minha irmã. Ele tirou minha irmã de mim. Eu faria ele pagar. Eu faria ele sofrer.

"Alfa, Beta!" Ouvi alguém me chamar com uma voz trêmula.

Eu parei de bater no desgraçado e me virei.

Fui recebido pelos olhos preocupados de um dos nossos guerreiros. Ele estava me dizendo algo, mas eu não conseguia me concentrar. Só conseguia ouvir o sangue pulsando dentro das minhas veias.

Olhei para trás do guerreiro e vi Jake ajoelhado ao lado de Jennie, segurando o rosto dela em suas mãos. Lágrimas escorriam por suas bochechas e ele estava dizendo algo para ela.

Fui tirado do transe e corri até ela.

"Jennie!" gritei e a puxei para mim.

Ela estava machucada e ensanguentada. Sua pele estava pálida e ela estava tão fria. Seus olhos estavam fechados e ela não estava me respondendo. Seu sangue estava escorrendo de sua barriga e seu moletom estava encharcado.

Por que ela não estava me respondendo?

"Jungkook, ela mal está respirando", ouvi a voz trêmula de Jake.

Olhei para ele e ele estendeu a mão para ela. Eu a puxei para mais perto de mim. Ele não a levaria embora.

"Ela mal está respirando e seu pulso está fraco, Jungkook!" Jake gritou. "Precisamos movê-la, agora!"

Drake veio ficar ao lado de Taehyung. Ele arfou quando viu o estado em que ela estava.

Meu corpo inteiro estava tremendo. Olhei para ela e percebi que seu peito mal se movia. Ela estava morrendo. Ela estava morrendo em meus braços.

Não!

A peguei em meus braços e me levantei. Comecei a correr para fora, mas Taehyung me puxou de volta.

"Dê ela para mim!" ele rosnou alto.

Eu não queria entregá-la a ele, mas sabia que Leon me mataria se eu não o fizesse. Taehyung estava mais como um lobo do que um homem agora, e ele era perigoso. Outro homem estava tocando sua companheira. Uma companheira que ele não tinha visto ou sentido por quatro dias. Uma companheira que estava morrendo. Não importava que eu fosse seu irmão. Leon não se importava.

Coloquei-a em seus braços e ele a puxou para perto, respirando seu cheiro.

"Não me deixe, amor", sussurrou enquanto começava a correr com ela. "Por favor, não me deixe."

"Levem-no para as celas", ordenei. "Dêem-lhe uma dose de beladona. Não quero que ele se cure."

Assenti para ele, me virei e corri para fora. Taehyung já tinha se transformado e nossos guerreiros estavam prendendo Jennie em suas costas. Ele chegaria ao hospital da matilha mais rápido se estivesse em sua forma de lobo.

Eu não achava que poderíamos correr mais rápido do que quando estávamos correndo para encontrá-la, mas de alguma forma conseguimos chegar ao hospital da matilha em menos de 45 minutos.

O doutor Adams veio correndo em nossa direção. Ele arfou quando viu o estado de Jennie.

Leon começou a rosnar, mas o médico o ignorou. Ele pegou Jennie em seus braços e correu para dentro.

Uma enfermeira veio e nos entregou um par de shorts.

Taehyung e eu nos transformamos, nos vestimos e corremos para dentro.

Jennie estava deitada em uma cama. O doutor Adams estava cortando seu moletom com uma tesoura. Ele estava dando ordens para as enfermeiras que eu nem conseguia ouvir. Eu só conseguia me concentrar em seu rosto pálido. Seus lábios rosados agora estavam brancos, seus olhos estavam fechados com força. Eu precisava que ela os abrisse.

A enfermeira veio ficar na nossa frente. Ela estava falando, mas eu não conseguia ouvi-la.

"Beta Jungkook?" sua voz finalmente se fez ouvir.

"Beta Jungkook, precisamos que você e o Alpha esperem lá fora", ela disse. "Nós cuidaremos bem da Jennie. Mas é difícil se concentrar quando o Alpha está rosnando para nós. O médico precisa tocá-la."

Taehyung estava rosnando?

Eu olhei para ele e ele estava tremendo. Ele estava prestes a se transformar. Rosnados profundos e ameaçadores vinham dele e ele estava encarando o doutor Adams.

Eu segurei o braço dele. "Taehyung, você precisa se acalmar. Ele precisa tocá-la. Ele está ajudando-a. Vamos lá para fora."

"Eu vou ficar", ele rosnou para mim.

"Alpha, por favor", disse o médico. "Eu preciso me concentrar, e é difícil fazer isso com a sua aura de Alpha na sala. Eu não vou machucá-la."

Taehyung rosnou, mas ele me deixou levá-lo para a sala de espera.

Sentamos nas cadeiras e eu coloquei minha cabeça nas mãos.

Ela não podia me deixar. Ela não podia morrer. O que eu faria sem ela?