PREFÁCIO

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  Ciudad Juarez, México, décadas atrás.

Para um cowboy, os 8 segundos em cima de um touro, é o que define sua fama e com isso sua conta bancária.

Júlio, um homem talentoso mas sem as definições padrões para se tornar uma verdadeira estrela , se torna o mascote daqueles que carregam as cobiçadas fivelas douradas.

- Já vai para aquela maldita arena? – Pergunta Madalena, esposa do cowboy.

- É daquela maldita arena, que tiramos nosso sustento! – Exclamou ele, alterado.

- Mal conseguimos comprar verduras Júlio, não acha que está na hora de procurar um emprego de verdade? Olhe para os lados, os cowboys com as fivelas são jovens, bonitos e não tem família. – Completou a mulher, com lágrimas nos olhos.

- Sabe que eu sou melhor que eles, acha justo que eu passe a vida toda, apenas servindo de palhaço? – Questionou Júlio, limpando as lágrimas da esposa.

- Não acho justo que sua filha, chore de vontade de comer um morango, ou você procura um emprego de verdade ou eu e Marília vamos embora.

- Seria capaz de levar minha filha pra longe de mim? – Perguntou ele.

- Quero que NOSSA filha, tenha um futuro Júlio. Não quero que ela. Fique desnutrida ou doente! Esse é o seu último aviso. – Disse Madalena, saindo para a cozinha.

Júlio sabia que a esposa falava sério, mas o sonho de ser famoso e trabalhar com aquilo que sempre quis, o dominava mais do que, o desejo de manter sua família bem.

Quando saiu de casa, até cogitou seguir os conselhos da mulher, mas rapidamente mudou de ideia, ao ver um cartaz avisando sobre um rodeio que aconteceria na cidade vizinha. E teve a atenção roubada ao ler sobre a premiação, que garantia aos 3 primeiros melhores tempos, fivelas.

Então sem mencionar nada para Madalena, o cowboy embarcou junto com os amigos para o rodeio.

O evento durou 3 dias, e nos 3 o cowboy Mandueva tivera ótimas apresentações, porém o público pagante não apoiaria um novato e desconhecido, levar para casa uma fivela tão valiosa.

Foi assim então que, mesmo sendo notável sua perfeição em relação aos outros, Júlio ficou de fora da premiação.

Enfurecido e magoado, nem sequer esperou os outros, voltou para sua cidade de carona com um caminhão de gado.

Mas, ao chegar em casa, encontrou-a vazia. Madalena e Marília, não estavam mais lá. Desesperado o cowboy, correu para a rua e perguntou para os vizinhos e conhecidos se tinham visto as duas.

E todas as respostas que ouvira, foram negativas. As duas tinham sumido, ele tinha uma certa noção de onde poderiam estar. Mas, de que adiantaria busca-las para que continuassem a viver na mesma situação?

Sozinho e quase depressivo, começou a relembrar dos mitos que seus avós contavam, as famosas lendas urbanas.

E curioso, resolveu perguntar a uma velha senhora, amiga da sua avó, que morava em uma casa velha amarela.

- A senhora se lembra de mim? – Perguntou ele.

- Nunca esqueceria o rosto de um Mandueva! – Respondeu Carlota, tossindo.

- Posso perguntar uma coisa pra senhora? – Questionou Júlio.

- Claro querido. – Disse a senhora.

- Meus avós me contavam sobre umas lendas, e eu fiquei curioso sobre uma em especial. – Disse ele, se sentando ao lado da idosa.

- Deixa-me adivinhar, a do demônio do tesouro?! – Respondeu ela.

Maldição dos primogênitosOnde histórias criam vida. Descubra agora