Capítulo 1: O Início ou o fim.

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   Muito tempo depois.

Hospital de Juárez.

- Sinto muito Dani, nos próximos meses vocês podem tentar novamente! – Exclamou o médico, desligando o aparelho de ultrassom ligado a Daniela e seu bebê.

- Não pode ser, de novo não... – Choramingou a jovem.

- Amor, calma! Nós vamos conseguir. – Disse Dante, o veterinário e marido da jovem, confortando-a.

Enquanto Dani, se limpava, o médico tirou o homem a sós para conversarem.

- Acho melhor que, converse com ela e tentem outro meio. Dani, realmente não conseguirá segurar um bebê por muito tempo, as sequelas daquele acidente ainda rondam seu corpo. – Aconselhou ele.

- Quais outros meios Roberto? Nós somos jovens, é lógico que desejamos um filho! A família dela nos pressiona dia a dia! – Exclamou Dante, triste.

- Adoção, seria uma ótima ideia! Assim não correriam riscos bestas, por apenas caprichos. Converse com ela. – Respondeu o médico, virando as costas.

Enquanto Dante sofria do lado de fora, a perda de mais um bebê. Dani, ainda em choque passava a mão carinhosamente na barriga, na tentativa de ainda sentir seu filho.

- Amor? Disse o homem, entrando no quarto.

- Eu nunca vou dar um filho pra você.. – Respondeu ela, desabando.

- Não fala isso, vamos conversar com sua mãe sobre isso. – Respondeu Dante, segurando a esposa.

- Eu só queria um bebê, todos da minha família têm um filho, uma família feliz menos eu... Já não bastou, todo aquele sofrimento do acidente, e agora nem uma criança eu consigo gerar... – Continuou ela, no colo de Dante.

Depois de se acalmarem, os dois jovens voltaram para casa, e no trajeto ficaram em completo silêncio.

Apenas ouvindo pela rádio, mais um resultado de rodeio, onde mais um Mandueva saia campeão.

Quando finalmente estacionaram no rancho gigantesco da família de Dani, foram recebidos carinhosamente por Lola e Tomazia, mãe e tia da jovem.

- Nós amamos vocês. – Disseram as mulheres, abraçando-os.

Amparados, eles entraram na casa e notaram que a família havia preparado um banquete. Não para eles, mas sim para receber o campeão Tony.

- Vamos subir. – Disse Daniela, cabisbaixa.

- Não vão comemorar conosco? – Perguntou Fátima, a avó de Dani.

- Não vó, eu quero descansar e acho que o Dante também. – Respondeu a jovem.

- Deveriam mostrar felicidade pelo menino Tony, sabiam que ele vai ser pai novamente também? – Disse a mulher, sorrindo.

- Dona Fátima, para com isso! – Exclamou Lola, defendendo a filha e o genro.

- O que eu disse de tão horrível assim? Só porque minha neta não consegue gerar um herdeiro, não quer dizer que se incomode com os bebês dos outros! – Exclamou ela, ainda envenenando o ar com suas palavras.

- JÁ CHEGA MÃE! – Rebateu Tomazia.

- Até você filha? Meu filho deveria estar vivo para me defender. – Continuou Fátima.

- Rogério, jamais defenderia a senhora vendo-a magoar a Daniela. Ela era o amor da vida do seu filho, Fátima! Sabe disso. – Respondeu Lola, apontando o dedo no rosto da sogra.

- Não precisam brigar, eu vou pro meu quarto e eu fico feliz com a felicidade do Tony sim vó! – Exclamou Daniela, subindo as escadas com a ajuda do marido.

- Francamente mamãe, você só piora a cada ano, nem parece que viu tudo que viu. – Esbravejou Tomazia, revirando os olhos.

- NUNCA mais, ouse em apontar um dedo para mim novamente, ouviu Lola? OU.. – Disse Fátima, segurando o braço da mulher.

- Ou o que? Vai me matar, como acha que matei seu filho? Se ousar, magoar Daniela com esse seu veneno, eu não vou apenas apontar o dedo, como vou quebrar o seu lindo nariz feito por plásticas! – Respondeu ela, empurrando a sogra.

No quarto, Dani e Dante tentavam acalmar seus corações, deitados abraçados.

- Vamos pensar em outra coisa. – Disse ele.

- No que? – Questionou a jovem.

- No torneio de tambor! – Exclamou Dante, sorrindo.

- Eu não vou participar, amor. – Respondeu Dani, desanimada.

- Não ia, mas agora vai sim! Você é a melhor nessas provas e além de tudo é uma Mandueva, seja isso bom ou ruim! Ninguém monta em cavalos ou touros, como vocês. Sendo bem singelo! – Exclamou o homem, limpando as lágrimas dos olhos da amada.

Os dois conversaram por um longo tempo, depois finalmente decidiram tomar banho e juntos desceram. Para a comemoração.

- Um brinde para a prima mais linda que eu tenho e também rainha dos tambores, Dani! – Gritou Tony, animando Daniela.

- UM BRINDE!! – Gritaram todos, ou quase todos.

Dani, Dante e o restante estavam se divertindo, enquanto Fátima observava de longe, com os braços cruzados e semblante sério.

- Por que ela é diferente? – Sussurrou a mulher. 

Maldição dos primogênitosOnde histórias criam vida. Descubra agora