Em mais uma noite chuvosa, uma figura escondida nas sombras de um beco obscuro, acende um cigarro, a fumaça paira pelo ar e logo desaparece em meio às gotas de chuva, vestindo um caro terno preto, o homem sai das sombras caminhando até a calçada, seu guarda chuva preto combina com sua escolha monocromática, em pequenos passos calmos ele adentra um estabelecimento.
O lugar é de alta classe, luzes amareladas criam uma estética de velas enquanto as sombras nos cantos um aconchego, algumas mesas de madeira escura estão espalhadas pelo local e pessoas diversas as ocupam, o homem de terno chega até o balcão e uma mulher alta e loira com uma grande cicatriz de corte que desliza pelo rosto ao lado esquerdo, deus olhos claros e rosto gentil contrasta imediatamente com sua árdua cicatriz.
-O de sempre senhor Haltz?- diz a mulher em um tom amigável ao reconhecer seu mais fiel cliente.
-O de sempre Betty- diz Gabriel Haltz em um tom amigável porém desanimado.
-Iiihh aconteceu algo senhor Haltz? Parece meio cabisbaixo- Betty nota o desânimo.
-Não, na verdade não, só um dia cansativo no trabalho nada além disso, imagino que saiba como é. - Haltz entoa entediado.
-Conheço a sensação, mas o que é um dia ruim em uma vida tão boa? O senhor não precisa se martirizar tanto por algo que está fora de seu controle, não acha cruel consigo mesmo? - Betty tenta aconselhar seu amigo.
- é cruel eu sei, ainda sou péssimo em lidar com o fracasso- ele diz enquanto desvia o olhar para um copo de café que pousa em sua frente.
-Entendi, toma seu café, vai pra casa e descansa, você merece. - um sorriso gentil escapa entre seus lábios avermelhados.
- pode deixar Betty, pode deixar- o sorriso de Betty força um leve sorriso de canto do empresário.
Haltz se dirige até seu carro, um carro de luxo completamente preto, uma BMW que ascende seus faróis no beco escuro, Haltz se encaminha para sua casa, passa pela entrada do condomínio luxuoso localizado em uma região nobre de são Paulo, e então ao chegar em casa a figura entediada termina seu café, caminhando para a entrada ele nota que as luzes estão apagadas, um leve sorriso no seu rosto parece o fazer compreender o que está acontecendo.
A chave gira sob a fechadura e o empresário empurra a porta levemente, o ambiente obscuro de uma mansão festa magnitude é uma visão assombrosa para muitos, para Haltz é mais um dia, ele entra e fecha a porta e de costas a escuridão as luzes se ascendem e gritos de guerra podem ser escutados, vindo na direção de Haltz, Haltz se vira rapidamente e é acertado em cheio com um soco na barriga, Haltz urra de dor e uma outra voz ecoa.
-parado aí vilão do mal, você foi vencido pelo meu irmão o ninja das sombras - uma garota apontando um graveto para o Haltz diz em um tom dramático.
- eu me rendo donzela guerreira da feitiçaria rosa- diz Haltz quase caindo na risada.
- é melhor assim- o garoto de cabelos longos pretos a sua frente diz soberbo
-chega crianças, deixem seu pai descansar- uma voz feminina madura se sobressai aos risos infantis.
-ola querida, e olá crianças. -haltz da um sorriso deslizando um cafuné nos cabelos negros do garoto.
O pai então fecha a porta e pendura seu casaco ao lado da porta e deixa sob uma mesa de canto sua maleta, a mulher adulta que falou a pouco agora caminha até Haltz, coloca suas delicadas mãos no rosto cansado do empresário, e lhe garante um beijo gentil e calmo, Haltz imediatamente relaxa o corpo e parece esquecer de todos problemas que passou durante o dia.
-seja bem vindo querido- a mulher diz gentilmente com uma voz quase divina, uma calma que parece transmitir as pessoas ao seu redor, ela desliza os dedos com carinho no rosto do marido.- vem, preciso te contar algumas coisas sobre a obra na minha clínica.
Ambos caminham para dentro, as crianças pulam em volta dos pais e após algumas horas a casa de torna um silêncio quase palpável, a noite caiu, e a chuva é a causa da sonolência, durante a penumbra Haltz acorda ouvindo um som alto vindo do andar de baixo, ele assustado liga o abajur e olha para o lado e se surpreende com a falta de sua esposa, como um marido preocupado como sempre, ele se levanta vestindo seus chinelos que provavelmente custa mais que um salário mínimo, ele caminha lentamente ouvindo mais sons baixos, sua respiração está dificultada e ao exalar nota vapor, sua casa cercada por uma fria neblina, Haltz não entende mas mantém sua preocupação, ao sair no corredor nota que no quarto de seus filhos a porta já estava aberta, Haltz continua a caminhar, tocando no frio corrimão ele desliza a mão com a aliança sob a madeira escura.
O ranger parece gritos de socorro, e então ao se aproximar o suficiente do chão do térreo, um som de mastigar, alguém estava comendo...mas quem?
-tem alguém aí? - Haltz diz curioso tentando entender o que estava acontecendo em sua própria casa.
O som cessou assim que a voz do homem atingiu o ar, o pai então finalmente pisa no último degrau e sente algo gelado tocar seus pés, ao olhar vê um líquido carmesim viscoso, sangue obviamente, seu olhar assustado troca de alvo ao ouvir passos levemente molhados se aproximando, olhando em direção Haltz sente algo, uma espécie de choque no corpo, como uma injeção natural de adrenalina mas ainda confuso sem saber o motivo...ah agora ele entende, sua bela esposa, surgindo da escuridão, vestindo sua camisola branca de seda, com cabelos lisos pretos escorrendo pelo rosto e ombros, em sua mão ela segura uma tesoura e junto aos dedos a lâmina está completamente ensanguentada, banhada em sangue vivo ainda escorrendo pelas unhas e pelo fio da tesoura.
-Yuki?- Haltz profere engolindo seco.
A mulher nada responde, no entanto sorri, lábios e dentes cobertos de sangue, o rosto pálido manchado com pequenas marcas de dedo, entre os fios negros dos longos cabelos, olhos vermelhos brilham em sede de sangue, em um movimento rápido a mulher ergue a mão e refletindo o brilho da lua na tesoura ela desce rasgando o ar junto ao braço direito de Haltz, que urra de dor dando um passo para trás, para trás o suficiente para ver uma visão que nenhum pai gostaria de ter, nenhum pai imaginaria ver, no balcão da cozinha, dois pequenos corpos, com o tórax completamente aberto, com as tripas de fora e diversas facas enviadas no corpo, o sangue ainda escorre enquanto aqueles pequenos olhos já sem vida encara o pai...
Isso... não pode ser real...- diz o pai em desespero que é atingido mais uma vez, desta segunda vez o ataque com a tesoura fura sua barriga onde mais um urro de dor é ouvido.
O pai tem a mente invadida por diversos pensamentos e memórias, ele devia ter protegido seus filhos, isso é que um pai de verdade faria, ele não sabe o que está acontecendo, não sabe o que tomou conta de sua esposa, mas ele não pode ficar parado, seja lá quem matou seus filhos...vai morrer hoje.
Com o sangue no chão Haltz grita em fúria e soca o rosto da sua esposa que com o impacto é levada alguns passos para trás, o homem corre escorregando em seu próprio sangue e subindo as escadas de forma desesperada, a esposa com o nariz sangrando inicia uma perseguição, ela sobe lentamente mas de forma consecutiva, como se fosse invencível, Haltz sobe um andar e corre em direção ao seu quarto, a escrivaninha, a gaveta...a arma, puxando uma arma preta decorada com pequenos adornos pratas ele mira para porta, e da de cara com sua amada, ou com aquilo que um dia foi seu amor.
A mulher entra no quarto se segurando nas paredes, deixando manchas de sangue, sua respiração tá ofegante seu corpo parece fraco, ela levanta o olhar e já não parece tão hostil, seu rosto triste e olhos marejados...
-Gabriel...me aju...- um tiro interrompe sua frase.
No meio da testa uma bala se aloja, o buraco jorra sangue enquanto os olhos reviram, a boca abre e o corpo cai imediatamente no chão, o eco do tiro passa por todas as residências, mas o som do corpo caindo ecoará eternamente nos pensamentos de Gabriel Haltz.
Gabriel se vê apontando uma arma para o corpo morto da mulher que mais amou, a poça de sangue já se formou a luz do sol entra pelas frestas então com o sol no seu rosto Haltz diz...
- o que eu fiz?
....
Haltz não entende o que houve, mas em meio a multidão, nas sombras uma pessoa sabe...essa pessoa irá encontrar Haltz.
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O Conselho: A Santa Trindade
ParanormalA origem do trio mais habilidoso e experiente do conselho, aqueles próximos a deuses e titãs. a história vai contar como Gabriel Haltz (vigia), Almir Santos (Berserker) e O Conselheiro se reuniram dando vida a equipe de elite conhecida como a santa...