1. Contato

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Ano 2024, cidade de Emberfall
Sexta-feira 13.
6:00h

Meu despertador toca incansavelmente, despertei, após minhas orações fui tomar banho e me preparar para a tão sonhada visita do filho do chefe da minha mãe.
Eu me chamo Clarice, tenho dezoito anos e moro apenas com a minha mãe, ela está divorciada a alguns anos, inclusive foi um alívio na minha vida.
Todas as manhãs eu costumo analisar minha aparência, sempre é a mesma coisa, pele parda, os olhos cor de mel, cabelo longo preto, nariz fino, boca carnuda, no corpo distribuído em 1,70 de altura, seios médios, cintura fina, quadril largo, bunda até demais pro meu gosto e pernas bem torneadas.
Respiro fundo e digo:
— Padrão... Que saco...
— Filha, pode vir aqui por favor? -Mãe.
— Claro, só um momento...
Desci as escadas e fui direto para a cozinha, mas ela me chamou na área.
— Oi...
Dei de cara com o chefe dela, o que me deixou completamente sem jeito.
— Filha, esse é Frank, meu chefe. -Mãe.
— Olá, bom dia... Satisfação senhor.
— Olá Clarice, você é exatamente como sua mãe descreveu, bem, fiz questão de conhecer você para entregar isso. -Frank.
Ele me entregou uma sacola de marca, sem jeito recebi.
— Obrigada...mas, não é meu aniversário... -falei.
— Na verdade, é um agrado para você usar no jantar de hoje para comemorar a subida de cargo da sua mãe, espero você lá. -Frank.
— Ah, agradeço.
— Hellen, vou indo, te encontro na reunião em vinte minutos. Até mais tarde Clarice. -Frank entrando no carro.
— Até...

Entramos e mamãe correndo para a sala, ela pede para que eu abra o presente.
— Vamos ver o que ganhou...
— Mãe...
— Rápido... -Mãe.
— Mãe! -gritei.
— Oi... Desculpa, estou empolgada com tudo isso. -Mãe.
— Antes de tudo, uma pergunta...
— Não, eu não estou flertando com ele filha.
— Sei... Bem, vamos lá...
Abri e tirei o embrulho prateado, era um vestido azul marinho, com pedras de tamanho médio, mas logo reprovei pelo decote.
— Filha, você é nova, linda, isso é apenas um detalhe, experimenta.
Assim fiz, ele ficou um pouco acima do joelho, mas coube certinho.
— Satisfeita?
— Ai meu Deus, você está tão linda... -Mãe.
— Ih toda vez isso...
Ela sorriu e me chamou para tomar café, conversamos um pouco, logo depois ela saiu para trabalhar, eu fiquei em casa, aproveitei para estudar um pouco e procurar alguns estágios.

Passando pela tarde resolvi fazer uma caminhada, parando na cafeteria, peguei um café e uns pães para o lanche da tarde, assim que peguei meu pedido abri a porta com tudo esbarrando em alguém, derrubando a sacola de pão no chão.
— Ai perdão, meu Deus.
— Inferno... Não tem olhos porra!
Ao levantar, só pude notar suas mãos tatuadas, com anéis, de costas vi que era alto, o perfume forte, vestido todo de preto.
Respirei fundo com raiva e saí resmungando.
— Babaca, boca suja, mal educado...
Saí direto para casa, logo recebi a ligação da minha mãe.
— Oi filha, como está?
— Péssima, acredita que hoje um babaca prepotente me ofendeu só porque esbarrei nele sem querer na cafeteria...
— Que horror filha, mas me diz uma coisa... Era bonito? -Mãe
— É sério isso?
— Estou brincando, olha ignore, se concentre no jantar de hoje... Ah, lembrei de uma coisa.
— Pode falar.
— Como o filho de Frank chegou de viagem e vai estar no jantar, trate de parecer receptiva.
— Já vou adiantar que não estou interessada.
— Filha, eu não disse nada, vou desligar, beijos.
— Beijo, te amo.
— Te amo mais.
Desliguei e segui a rotina do meu dia até a hora da minha mãe retornar do trabalho.

† MAIS TARDE...†

18:00H

Eu estava terminando de me arrumar, minha mãe chegou às pressas, ela foi tomar banho e se arrumar, com alguns minutos ela apareceu usando um vestido longo de veludo azul marinho na porta do quarto.
— Me ajuda a fechar o zíper aqui...
— Por que tanta pressa?
— Frank vem nos buscar.
— Mãe, você tem um carro, esqueceu?
— Eu sei, ele fez questão... E o filho dele vem no carro próprio...
— Hm... Não espere que eu vá junto com ele no carro, né?
Ela saiu rindo e foi se maquiar, assim que terminamos Frank chegou.
Nos cumprimentou, notei que o filho dele não desceu do carro, um belo motivo para não ir com ele, mas infelizmente eu tenho uma mãe que planeja tudo.
— Mãe, posso ir com vocês?
— Ah filha, o Frank fez questão do Dylan vir para levar você. -Mãe.
— Olha, é até melhor que vocês já vão se conhecendo no caminho. -Frank.
O carro do filho dele é todo preto, que inclusive está buzinando várias vezes.
— Vamos indo. -Frank.
Caminhei até o carro indo em direção ao banco de trás, mas o vidro abaixou um pouco e ouvi ele dizer:
— Na frente, por favor... Atrás está ocupado.
Ao entrar, ele travou as portas e notei de primeira as mãos, as tatuagens, os anéis.
— Acho melhor ir com eles... Licença.
— Já era eles acabaram de sair... Sou Dylan e você é... Karen, Camilly... Não, espera... -Dylan.
— Clarice...
— É isso mesmo, sou péssimo com nomes... -Dylan.
— E com educação também... -Pensei alto.
— Com que direito fala um absurdo desses?
— Sabia que se alguém esbarra em você sem querer e... -fui interrompida.
— Espera, era você de tarde? -Dylan dando risada.
— Podemos ir?
— Ainda não, faz parte das minhas regras...
Ele sorria olhando no retrovisor, ajeitando a gravata.
— Era o que me faltava, destrava o carro, eu vou descer.
— Tá nervosa? Pode ficar tranquila, eu jamais te faria algo que não queira.
— E você não seria louco de tentar.
— Isso eu já não posso concordar com você, mas como não quero estragar a grande noite dos nossos pais.
— Como assim?
— Além de cega, é lerda também?
— Grosseiro, babaca... Liga logo esse carro e vamos.
— Olha a boca, cuidado.
— Deus me dê paciência.
— Religiosa... Faz sentido...
— Se não ligar esse carro agora, eu vou ligar pra minha mãe!
— É só ligar, vá em frente...
Eu fiquei calada, de braços cruzados, ele me olhou de canto e ligou o carro indo até o restaurante.
Durante todo o caminho ele foi calado, colocou algumas músicas no carro, ao chegarmos no restaurante ele desliga a música e fala:
— Ao descer desse carro espero que seja uma boa atriz e pareça contente em me conhecer... É importante para eles a noite de hoje.
— Tanto faz, até porque não sei nada sobre você.
— Garanto que terá tempo de sobra, agora desce do meu carro e me espere com um sorriso.
— Aff...
Desci do carro, ajeitei o vestido e esperei ele próximo à entrada, ele veio caminhando na minha direção, seus olhos tinham uma escuridão que dava um tom sombrio nele, seu rosto bem desenhado, ele passou na frente e eu acompanhei.
— Nada cavalheiro.
— Te falei para me esperar sorrindo.
— Claro, na próxima tentarei lembrar de uma piada...
— Calada... Boa noite, reserva de Frank S. Crow. - Dylan.
— Claro Sr.Crow me acompanhe. -hostess.
Dylan segurou minha mão, me fazendo tremer, avistamos nossos pais conversando.
A hostess nos acompanha e diz olhando para Dylan.
— Aqui senhor, espero que aproveitem a noite.
— Agradecido. -Dylan.
— Olha eles, ainda bem que chegaram. -Frank.
— Vejo que estão alegres, conversaram bastante? -Mãe.
— Sua filha é encantadora Hellen, fala pouco, mas imagino que seja só o primeiro contato não é Clarice? -Dylan me encarando.
— Ah...sim, Dylan é bem...bem... simpático, educado também.
Falei engolindo seco um gole d'água.
O garçom trouxe um vinho rosé, nos serviu, assim que ele saiu, Dylan recomendou um brinde.
— Um brinde a todos, ao novo momento em nossas vidas. -Frank.
— O que estamos brindando mesmo? Questionei esperando o que eu temia.
— Bem, como eu posso dizer, eu e sua mãe estamos completando seis meses de namoro, estou aqui para firmar esse laço. -Frank.
— Ah... -silêncio- felicidades... Com licença eu preciso tomar um ar.
— Filha, o jantar já vai ser servido. -Mãe.
— Não se preocupe, é só um minuto...
Levantei rápido, minha pressão deve ter caído, eu fiquei gelada e saí às pressas para a área de fumantes. Tentando respirar um pouco.
Me sentei um pouco, com alguns segundos Dylan apareceu.
— Não sabia que fumava...
— Eu não fumo, só precisei respirar um pouco.
— Entendi, vem levanta, já vão servir o jantar, quanto mais enrolar essa situação vai ser infinita. E mais, por que esse drama todo?
— Me faz um favor...
— Fala.
— Me deixe em paz.
Dylan senta ao meu lado, com seu rosto bem próximo ao meu, me encarando nos olhos.
— Presta atenção, é a noite mais importante para sua mãe, claro que você não se importa, mas prefere fazer a cena da garotinha mimada que deseja tudo do seu jeito, agora levante, vá até a mesa e abrace sua mãe parabenizando ela. Não seja uma vadia egoísta...
Ele levantou, pegou um cigarro e acendeu, eu fiquei paralisada, fui direto para a mesa, minha mãe parecia triste mas sorriu ao me ver chegar.
— Mãe...eu...
— Tudo bem filha, te entendo. -Mãe.
— Eu tô muito feliz em te ver assim radiante, eu te amo.
— Ah, minha filha, que amor obrigada...
Minha mãe me abraçou forte e emocionada, olhei para Frank que sorria aliviado.
— Depois de uma cena tão linda, acho que está na hora pai. -Dylan ao sentar.
— Claro. -Frank.
Ele levanta e entrega à minha mãe uma caixa de veludo vermelha, contendo um colar e um anel de ouro.
Ela levantou e beijou Frank, ele sorriu e colocou o anel no dedo dela, brindamos, o jantar estava maravilhoso, de vez em quando Dylan me encarava e eu ficava sem jeito. Após finalizar o jantar ele olha o relógio e diz:
— Bem, eu tenho um compromisso agora, preciso ir.
— Dylan, eu e Frank ainda iremos ficar mais um pouco, seria incômodo levar a Clarice em casa? -Mãe.
— Incômodo, nenhum, pode aproveitar a noite, vamos? -Dylan.
— Sim, vamos, Sr.Frank agradeço o jantar.
— Que isso, Clarice pode me chamar de Frank, bom saber que gostou do jantar.
— Tchau mãe, te amo! Aproveita.
— Pode deixar meu amor, pode trancar a porta ok. -Mãe.
— Tá bom.
Frank me abraçou e eu saí atrás de Dylan, ele falava com alguém no celular e não percebeu minha presença.
— Já disse, você tá livre, não serve para mim.
Ele virou e me encarou irritado desligando o celular.
— Entra no carro, tenho o que fazer.
— Tá bom...
— É melhor pôr o cinto.
— É melhor você fumar um cigarro e se tranquilizar.
— Sabia que você é mais atraente calada?
Entrei no carro, estava sentindo um incômodo em relação a Dylan, ele dirigia como um louco, fiquei mexendo no celular ignorando a presença dele, do nada ele freia o carro com tudo, me dando um susto deixei meu celular cair no piso do carro.
— Você é louco!
— É só pra ver se você estava atenta...maninha...
Olhei para o lado e estávamos na frente de casa, saí do carro e ele fez o mesmo.
— O que foi?
— Ué, eu fiz o favor de te deixar em casa, não vai me oferecer água, ou pelo menos me convidar para entrar? -Dylan acendendo um cigarro.
— Seja bem vindo, gostaria de entrar?
— Seria uma honra.
Abri o portão e ele entrou, na porta eu cruzei os braços e falei:
— Você entra, porém sem essa coisa.
Apontando para o cigarro.
— Claro. -Dylan pisando no cigarro.
Abri a porta, entramos, ele tira o terno e diz:
— Bela casa.
— Obrigada, vou buscar sua água.
Eu estou apavorada com a presença dele, servi a água e quando ia virar dei de cara com ele.
— Meu Deus...
— É um elogio?
Disse ele se aproximando mais, eu tentei recuar mas meu corpo não respondeu meus comandos.
— Aqui sua água...
Suspendi o corpo na direção dele.
— A sede que eu tô sentindo é outra sabia? -Dylan.
Ele pegou o copo da minha mão e deixou no balcão.
— Então prefere uma bebida?
— É o que pode me oferecer Clarice? -Dylan.
— É... Eu... lembrei...você tem compromisso, é melhor se apressar.
— Pode esperar, estou ocupado agora.

Me afastei indo para a sala e ele caminhou lentamente e sentou no sofá, sua mão afrouxou o nó da gravata e repousou as mãos no seu colo.
— Aceito uma dose de whisky...
— Tudo bem.
Fui até o bar e servi a dose e entreguei para ele, sua mão segurou a minha e me causou um arrepio.
— Aceita gelo?
— Já tem o suficiente com você.
Ele virou a dose e me entregou o copo, me agachei para por o copo na mesa de centro.
Olhei ele por um tempo e ele fala:
— Nesse ângulo você fica mais bela, sabia? -Dylan.
— O que você quer dizer com isso?
— Senta aqui, eu te explico melhor. -Dylan.
— Já está tarde eu... -fui interrompida.
— Clarice senta aqui.
Eu sentei ele sorriu de canto e continua:
— Quero te conhecer mais...
— Não sou nada interessante, e sua cara também demonstra isso. -Falei desviando o olhar.
Ele toca meu rosto e vira para que encare ele.
— Dylan não... Não faz isso.
— Já disse, jamais faria algo que não queira...
— Olha com o convívio vai saber mais ao meu respeito.
— Se quiser me conhecer é só me acompanhar. Quero que vá comigo no compromisso que eu disse.
Levantei rápido e disse:
— Não posso, nem avisei a minha mãe e...
— Clarice ela nem vai dormir aqui, é só uma festa simples eu trago você assim que quiser voltar.
— Não sei se eu deveria Dylan.
— Tudo bem então... Boa noite pra você.
Ele levantou, pegou o terno e abriu a porta.
— Espera! Eu vou...
Ele sorriu e foi direto para o carro enquanto eu fechava a casa.






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