Capítulo um

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Lúcifer é um ditador complicado. Egocêntrico, cheio de achismo e completamente sádico. E talvez seja por isso que Jungkook o serviu muito bem, até que resolveu desvirtuar seu próprio caminho. Ele é o único que pode chamá-lo pelo seu nome de batismo — vindo do Cara-Lá-de-cima. Foi sempre o favorito de Lúcifer, e agora que o traiu, tem certeza de que ainda era.

Kim Taehyung era uma incógnita que ele jamais soube decifrar. Houveram momentos carnais entre os dois, e que acabaram como começaram; ligeiros e prazerosos.

Deitar-se com Lúcifer. Algo engraçado de se pensar, certo?

As almas que queimavam em seu reino lamentavam dia e noite — apesar de a noite perdurar para sempre naquele limbo. Os serventes se acostumaram com os lamentos e ignoram os puxões que as almas dão em seus pés, apenas chutando-os de volta à prisão das almas. Jungkook não foi tão paciente e digamos que ele deu descarga e fez as almas serem sugadas pelo furacão eterno do inferno — onde Lúcifer costuma fazer alguns jogos com os seus prisioneiros.

A bronca que recebeu valeu a pena, pois depois desfrutou do corpo de Taehyung como uma reconciliação muito mais quente que o próprio inferno.

Agora, Jungkook está liberto na Terra após traí-lo, sentenciado a vagar para fazer aquilo que lhe foi instruído, e da maneira mais satisfatória possível.

Ele não pode negar, ama matar. Ver o sangue esguichar, os olhos perdendo a cor e o rosado das faces sumindo. Porém, há uma regra. Jamais mataria uma criança, não importa se o próprio Lúcifer vier pedir, ele não o faria.

Jungkook curtiu a brisa da noite agitada, sentado no terraço de um hotel de mais ou menos uns trinta andares. Medo? A última coisa que ele tinha era medo. Depois de conviver com Taehyung, qualquer um perde o medo de qualquer outra coisa a não ser ele mesmo.

O vento balançou seus cabelos. Ele resolveu dar um trato na aparência e foi ao cabeleireiro. Cortou as madeixas em camadas escuras e raspou nas laterais. Sabe bem que está um tremendo gostoso, as mulheres o olham na rua e sorriem, às vezes se insinuam. Como se ele fosse foder uma humana. Nem em seus maiores delírios. O corpo fraco quebraria na primeira estocada. Seu tipo físico não foi feito para humanos experimentarem, por isso, as prostitutas do inferno eram sempre a melhor opção. Ah, Jungkook sabe bem como fazer uma mulher gozar, e isso o fazia ser tão adorado entre as moças.

Quando iria descer num pulo para o solo, já que ninguém o via, ouviu um barulho atrás de si. Alguém abriu a porta do terraço. Era um garoto franzino, de aparência cansada e roupas ridiculamente caras. Ele o olhou brevemente.

— Desculpe, não sabia que tinha alguém aqui — depois ele o deu as costas e sumiu.

— Garoto estranho — Jungkook resmungou. — Hora de caçar.

Num pulo, ele estava em solo, sem testemunhas. Andou calmamente enquanto carregava a esfera na mão direita, onde ela flutuava e reluzia, cheia de pecadores. Um sorriso adornou, um sorriso demoníaco.

Matar é tão divertido, pensou Jungkook.

Alguns gritos o fizeram desviar a atenção para o edifício vizinho. Um montinho de pessoas berrava para que alguém não pulasse. Por pura curiosidade, foi ver. Ao olhar para cima, encontrou o mesmo garoto de antes. Iria dar meia volta, mas a esfera acendeu. O diferencial era que não estava verde, e sim em azul.

Jungkook encarou a luz, depois o garoto prestes a pular.

— Porra, agora eu tenho que dar uma de herói.

Usou de suas fortes e ágeis pernas para subir as escadas do prédio o mais rápido possível para, então, alcançar o garoto. E o puxou para trás, assustando-o.

Sinner | YoonkookOnde histórias criam vida. Descubra agora