Três

62 9 2
                                    

Yoongi

— Tem certeza disso? — Baekhyun, um dos poucos amigos que tenho, questiona-se, vendo que eu completava um cadastro. — Pode ser furada.

— Quem sabe eu ache alguém interessante — dou de ombros, adicionando as poucas fotos que me eram de agrado (raras, devo dizer). — Só que…

— As fotos são de antes do acidente, Yoongi…

— É — suspiro e cancelo o cadastro. — Tem razão. Ninguém vai se interessar por mim com essa cara.

— Não fala assim! — Ele tenta me consolar. — Você já foi tão lindo.

Já foi. No passado. Eu estou disforme agora.

— Vou desinstalar — deleto o aplicativo de relacionamentos do celular e me encolho sobre o sofá da minha casa. — Quero fazer uma tatuagem.

— Que mudança de assunto, né? — Baekhyun ri nervosamente. — Certo, qual seria?

— Uma frase, mas não ainda. Não está na hora.

— Tá bom — ele se vira para a TV com o controle na mão. — Quer ver alguma coisa?

— IT.

— Não.

— Medroso — faço graça. — Certo, pode ser A pequena sereia.

— Agora estamos falando a minha língua!

A tarde se passou lentamente, me torturando com a presença incômoda do meu suposto amigo. Baekhyun sempre diz sobre minha beleza no passado, já que namoramos por uns seis meses — e que meses chatos. E depois, veio Doyoon… para acabar com tudo e tirar a única coisa que fazia as pessoas me amarem; minha beleza.

Sabe, eu já fui um cara muito bonito, do tipo que atraía olhares positivos e até mesmo mais simpatia no atendimento em estabelecimentos. Porém, isso foi arrancado de mim da forma mais brutal possível, destruindo minha autoestima.

Não quero me lamentar, então assim que Baekhyun vai embora, me escondo debaixo dos cobertores e enfio a cara no notebook. Amanhã, irei começar as primeiras artes do livro, pois já tenho alguns capítulos prontos que só precisam de sua ilustração colorida.

De repente, penso no pai de Mina, Taehyung. Ele é superprotetor e teme a separar-se da filha, amedrontado com as consequências desse “abandono”. Talvez algo do passado o atormenta a esse ponto.

Ele é bonito como eu era, jovial e atraente. Jamais olharia para mim. E mesmo que olhasse, apenas veria o que meu rosto mostra: feiura. Mas como eu disse, sem lamentação, odeio isso.

A amargura vem e eu desisto de escrever. Olhando para o meu teto colorido, noto um espaço em branco. Não demorei a correr para o baú e tirar tudo o que via pela frente. Peguei a escada, subi e pintei. Apenas pintei. Tudo o que vinha na mente, eu enchia de cores aquele espacinho em branco.

Caí de joelhos quando cheguei ao chão, sujo de tinta e com um sorriso no rosto. As cicatrizes repuxam, mas eu não consigo evitar, arte me dá vida.

— Ela o quê?

— Ela se coçou até arrancar a pele do braço e agora o pai está furioso comigo — Yena diz, exasperada. — O que eu faço?

Dou uma olhada no corredor e vejo Taehyung indo de um lado para o outro na sala de espera.

— Deixa que eu resolvo isso — respondo, apertando a alça da minha bolsa e apressando o passo para chegar à sala. — O que houve?

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 23 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Sorriso interestelar | TaegiOnde histórias criam vida. Descubra agora