8 de outubro de 1997
... tornei a recusar o pedido do meu amigo, mas ele insistiu tanto que...
Ah, droga. Sua tinta estava acabando. As letras arredondadas e bonitas estavam se tornando riscos finos e desfeitos. Jimin abriu sua gaveta da escrivaninha, mas não tinha tinta reserva. Seu selo derretia no fogo da vela, mas ele precisava terminar aquela carta para, então, selá-la. Ele procurou pelos estojos jogados na cama e não encontrou nenhum tubo de tinta extra. O que se podia fazer era roubar, brevemente, a caneta de sua irmã.
Jimin se levantou, empurrando sua cadeira para trás e enrolou-se em um cobertor fofo e gordo, que o engoliu por inteiro, mostrando somente suas mãos segurando-o com força. Jihyo saiu aquela manhã com seu noivo para viajar e comprar roupas novas para o bebê que virá em breve. A barriga da irmã não era brincadeira, sendo redonda e enorme, carregando o pingo de gente que seria seu sobrinho em cerca de uma semana ou duas. Jihyo o chamava de "pacotinho", e dizia que seu útero e a barriga eram um "forninho". No quarto dela, havia grudado uma cópia maior do que a janela com a foto do casamento de Jihyo e seu marido. Jimin nunca se deu muito bem com ele, mas não deixava de interagir com ambos quando era preciso, e estava super feliz com a notícia da gravidez. Seria a primeira vez que seguraria um bebê - um de verdade, pelo menos.
Jimin já tinha o hábito de brincar com as bonecas de sua irmã, o que a deixava furiosa e tudo acabava com ele de castigo. O pai deles não suportava a natureza delicada de Jimin, já quase xingou uma professora que disse que a letra dele era tão bonita como a de uma garota. Mas ele era assim, apenas. Por esse motivo e outros, não era tão próximo do pai. E há apenas dois anos que ele faleceu após um mal súbito. Jimin não sabe o que isso significa, mas espera que ele não tenha sofrido tanto assim.
As cartas eram seu único refúgio após uma discussão, afinal, Jihyo já era casada, formaria família, e ele era apenas um jovem-adulto que não tinha para onde ir além da casa em que cresceu. Ele amava deslizar pela página e enchê-la de palavras com sua melhor letra, adesivos coloridos e lacrá-las com um selo de rosa.
Jimin apanhou uma caneta guardada no meio de uma agenda. Parecia estar cheia. Não daria o mesmo efeito clássico de sua caneta tinteiro, mas funcionaria, e era necessário. Correndo com pressa, ele retornou ao seu quarto. Sentou-se novamente em sua escrivaninha, colocando o cobertor sobre o colo e segurou a caneta em seus dedos. Logo, as palavras juntavam-se em um verso romântico e poético, dedicado a Jeon Jungkook, talvez uma fantasia espetacular que sonhou em qualquer dia desses. Se bem que, já escrevia a essa fantasia há cerca de um ano, botando toda sua ilusão apaixonada em suas cartas.
Terminando seu primeiro relato, ele pulou para uma folha nova e ajeitou a postura para começar novamente.
Querido Sr. Dono dos Meus Sonhos,
Boas notícias: minha irmã trará roupas de bebê para casa e talvez o próprio bebê, já que está na reta final de sua gestação. Creio que já tenhamos compartilhado esta informação, mas, nos meus preciosos sonhos, estamos juntos, de mãos dadas, de frente para a praia no litoral, com as ondas acertando nossos pés molhados. Muita ilusão, mas realmente me trouxe um bom sentimento. Como quando recebemos o abraço caloroso de alguém que amamos. Ou como quando somos reconhecidos por algo que tivemos tanto esforço para realizar. Sinto todo o carinho de sua voz sussurrando em meu ouvido o quanto gosta de passar o tempo comigo. Seria amor? Minha nossa, estou lendo romances demais.
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Sem querer, cheguei a você | JJK +PJM
Fanfictionː͡➘₊̣̇ Jimin gosta de passar horas escrevendo cartas para ninguém em especial. Em algum momento, ele resolve enviar essas expressões românticas pelo correio, mandando-as para um homem. Jeon Jungkook, o seu amante silencioso, mas ele era apenas uma c...