Capítulo 2. - Inferno.

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Sexta-Feira, 26 de Fevereiro de 2016.

Já fazem duas semanas que eu entrei nessa escola, e de uma coisa eu tenho certeza: Eu ODEIO o Killer.

Desde o momento que me sentei na minha mesa na primeira fila, já senti que aquele garoto seria um problema. Não sei como, mas ele encontrou uma maneira de me irritar em absolutamente todas as aulas. E o pior? Ele nem parece estar se esforçando. Ele faz tudo isso com um sorriso orgulhoso no rosto, como se fosse a coisa mais natural ou normal do mundo.

Como, por exemplo, quando estávamos tentando estudar juntos. Digo, tentando, porque é impossível fazer qualquer coisa produtiva quando você tem Killer do seu lado. Ele passa a aula inteira jogando bolinhas de papel em mim. No começo, eu achei que era alguma brincadeira idiota. Mas depois de abrir uma dessas bolinhas, vi que ele tinha escrito "Presta atenção na aula". Como se eu, entre nós dois, fosse o distraído!

E isso não aconteceu só uma vez. Toda. Maldita. Aula. Ele manda outra bolinha com alguma frase estúpida como "Tá estudando direitinho?" ou "Cuidado pra não dormir". Eu juro, se tivesse uma câmera me filmando, seria o momento exato em que eu perdia a paciência e dava na cara dele.

Mas é claro que Killer não se contenta em me irritar só nas aulas. Não, ele precisa expandir o território dele de provocação. Como naquela vez na cantina. Eu estava na fila, como qualquer aluno civilizado, esperando pacientemente minha vez de pegar o almoço. O sistema é simples: alguns alunos se revezam para servir a comida. Até aí, tudo normal, né?

Até chegar a minha vez. Quem estava servindo a comida? Ele, claro.

- Ah, se não é o gênio da turma!- Killer sorriu daquele jeito que só ele consegue, um misto de tédio e provocação.

Eu só queria pegar minha comida e sair dali o mais rápido possível. Mas Killer não facilita as coisas. Ele olhou para a comida como se estivesse escolhendo um prato de restaurante cinco estrelas, e então pegou literalmente todas as opções mais nojentas do cardápio.

Primeiro, ele colocou no meu prato uma montanha de espinafre. Montanha. Não era uma porção normal, não, era tipo... metade do estoque de espinafre da escola. Depois, ele jogou uma quantidade absurda de purê de batata que parecia mais uma cola grudenta. Ah, e claro, não poderia faltar o toque final: uma generosa porção de vagem cozida. Eu nem sabia que eles serviam tanta vagem assim.

- Aí está, chefe!- Killer disse, com um sorriso de orelha a orelha, empurrando o prato para mim.- Bom apetite.

Olhei para o prato, depois olhei para Killer, e de volta para o prato. Eu ODEIO esse garoto.

Eu podia sentir o olhar dele sobre mim enquanto eu tentava equilibrar aquele prato grotesco até uma mesa. Ele provavelmente estava se divertindo horrores vendo minha reação. Eu pensei em voltar lá e jogar o espinafre na cara dele, mas me controlei. Sou melhor que isso, né? Ou pelo menos é o que eu tento me convencer.

E não é só nas aulas ou na cantina. Killer faz questão de tornar cada momento na escola um pequeno inferno. Outro dia, enquanto eu tentava estudar sozinho na biblioteca, adivinha quem apareceu do nada, sem ser convidado? Sim, ele mesmo. Ele passou por mim, parou, deu uma olhada nos meus livros e disse, como quem não quer nada:

- Nossa, Nightmare, você vive enterrado nesses livros. "Uma breve história do tempo", sério? Quando foi a última vez que você fez algo... divertido?

Eu o ignorei, obviamente. Mas ele não se deu por vencido. Sentou-se na mesa ao lado, começou a fingir que estava lendo, e cada vez que eu olhava para cima, ele estava lá, me encarando com um sorrisinho. Como se fosse algum tipo de joguinho. O que claramente era.

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⏰ Última atualização: Sep 24 ⏰

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🌊; Learning how to love. - Killermare/NightkillerOnde histórias criam vida. Descubra agora