Um Amante Marinheiro

A pior e mais bonita dor

Acredito que não há dor pior e mais bonita do que um homem apaixonado por uma mulher que ele não pode ter. Por que estou dizendo isso? Devo admitir que me encontro em tal situação. Complicado, não? Recentemente me apaixonei por uma moça, porém seu coração já tinha dono. Em outras tristes e amargas palavras, ela não poderia ser minha.

Eu a via com certa frequência, mas nunca havia realmente reparado nela, nunca tinha me chamado a atenção, apesar de sua impressionante beleza. Talvez por uma cruel decisão do destino, tivemos que realizar um trabalho em grupo, no qual nós dois estávamos. Tudo seguia normal, até que ela chamou para explicar-me algo. Lá estava eu, ouvindo-a e prestando atenção no que ela apontava no papel por sobre a mesa. De repente, nossos olhares se encontraram...

Naquele momento, algo em mim mudou, não sei exatamente o que. Mas é como se, naqueles poucos segundos que fiquei preso em seu olhar, ela tivesse me enfeitiçado ou me hipnotizado para nunca mais esquecê-la. A cada palavra que saia de sua boca, eu me apaixonava mais. A cada sorriso que se estampava em seu rosto, meu coração se inquietava e batia mais forte.

Sem esquecer do trabalho que deveríamos fazer, obviamente, nos dias que se seguiram, não pude pensar em outra coisa que não fosse ela. Eu não conseguia tirar meus olhos daquela tão linda e maravilhosa mulher, não queria perde-la de vista.

Com o passar dos dias, eu soube que seu coração já pertencia a outro homem. Mesmo desolado e sem conseguir apaga-la da memória, me recompus. Então guardei só para mim a pior e mais bonita dor que um homem pode sentir.

Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti as noites eu velei chorando,
Por ti nos sonhos morrerei sorrindo!

(Alvares de Azevedo)