Enfim chegou o dia 15 de Fevereiro, o dia marcado para o retorno das aulas, mas diferente de outros anos, eu não estava tão animado.
Acordei e respirei fundo. Parece que esse ano não vai ser tão bom assim. Depois do meu momento melancólico fui logo tomar um banho, ao sair do quarto minha mãe já estava preparando o café.
—Bença mãe – digo assim que a vejo. "Bença" é a forma como os mais novos pedem bênção no Nordeste. É um costume da região.
—Deus te abençoe meu amor – diz ela com um sorriso no rosto.
Não. Minha mãe ainda não sabe que eu sou gay, já tive muita vontade de contar isso a ela, mas não consegui. Não sei como ela vai reagir, ela demonstra apoiar pessoas LGBT's, mas acho que seria um choque pra ela ter outro filho gay.
Sim, meu irmão mais velho também é gay, mas não sei se ela sabe. Apesar de ser algo muito óbvio. É algo que nós dois não conseguimos esconder. Por mais que queiramos as vezes, é algo muito nítido no nosso jeito de andar, de falar ou até mesmo de agir.
Continuando minha rotina da manhã, tomei meu banho e vesti meu uniforme, em seguida fui tomar café. Depois, terminei de me arrumar e fui para a escola.
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Primeiro dia de aula, e a escola estava com o típico clima de primeiro dia no ar. O corpo docente fez um corredor na portaria para receber os alunos e entregar doces com mensagens, um professor estava tocando sax no primeiro pátio e os alunos com a mesma preocupação de sempre, querendo saber em que turma irão estudar durante o ano todo.
Fui logo para a primeira sala do segundo ano, onde tinha algumas na porta conferindo a lista que mostrava onde você iria estudar e com quais pessoas você iria passar o ano convivendo.
Conferi a lista e como sempre, eu fiquei na primeira turma. Geralmente é a turma que ficam os alunos menos problemáticos. Eu não costumo me gabar, mas em todos os anos eu tiro notas boas, geralmente entre 8 ou 10. Mas ano passado minhas notas caíram um pouco.
Raramente me envolvo em discussões na escola, então acho que os diretores não tem muita reclamação minha. A não ser pelo fato de eu usar fones de ouvido em quase todas as aulas. Mas eu gosto de usar fones porque tira minha atenção dos barulhos da sala.
Entrei na sala e a professora Juliane já estava lá. Quem diria, uma das minhas professoras do primeiro ano iria continuar dando aula pra minha turma no segundo, e é uma das minhas professoras favoritas.
—Com licença professora, posso entrar? – digo ao abrir a porta da sala.
—Bom dia Benjamin, pode sim. – disse a professora e eu entrei – eu estava fazendo uma revisão dos assuntos do ano passado e... – disse a professora continuando sua explicação.
Sento-me em uma cadeira próxima a lousa e coloco minha minha mochila no encosto da cadeira. Quando olhei para trás, vi um garoto negro, de cabelo curto e olhos castanhos claros, meio esverdeados. Acho que é notavo na escola, não lembro de ter o visto no ano passado. Ele olhou para mim e sorriu, um sorriso bem diferente, como se tivesse acabado de encontrar o amor da sua vida.
Caramba que sorriso lindo esse garoto tem. E esses olhos? Aliás, nossa, ele é muito lindo.
No que eu estou pensando? ele provavelmente é hetero e eu jurei pra mim mesmo que eu não iria me envolver com ninguém por um bom tempo.
O olho meio sério e a expressão dele logo muda, como se tivesse se constrangido. Logo voltei minha atenção para a professora que continuava sua explicação, recapitulando os assuntos do ano anterior. Fiquei um pouco receoso pela forma como agi com o menino novo, mas logo tirei isso da minha cabeça.
Na minha sala continuaram alguns amigos do ano passado. O que não é nada ruim, não ia gostar nada de ficar em uma sala onde só iriam ter novatos e pessoas que eu não tenho amizade.
As primeiras aulas até passaram rápido. Logo o sinal para o intervalo tocou e formou-se uma enorme fila próximo a cantina.
—Amigooo – disse Luara vindo até mim e me dando um abraço, toda euforica. Ela era do segundo ano, obviamente está no terceiro agora.
—Oi amiga – disse retribuindo o abraço, gosto muito da nossa amizade.
Fiquei quase todo o intervalo conversando com ela. Ela não é minha amiga mais próxima, mas gosto muito da nossa amizade.
Depois do intervalo, os diretores e o corpo docente fizeram uma apresentação, que já estava quase virando uma palestra de tão demorada. Só queria ir pra sala logo.
Após a demorada apresentação, os alunos retornaram para as salas. E minha turma teve mais uma aula de um professor do ano interior. Fiquei feliz, porque os professores que vão seguir dando aula não são ruins.
Ao final das aulas, fomos liberados e eu segui em direção a minha casa. Não fica muito longe da escola, tempo entre uns dez a quinze minutos caminhando.
Ao chegar em casa tomo um banho e vou almoçar. Depois faço minha higiene, e fico no quarto.
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Amor Confuso Amor (Romance Gay)
Ficção AdolescenteBenjamin é um garoto de 15 anos que vive uma vida tranquila em sua cidade natal no interior de Alagoas. Passou por alguns problemas que o fizeram repensar e mudar um pouco. Mas o que ele não sabe, é que pessoas novas surgirão em sua vida, trazendo c...