Último sorriso

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    Eu me vejo na floresta, uma escuridão profunda e opressiva me envolve. As árvores se erguem como sentinelas silenciosas, suas sombras formando uma tapeçaria medonha de mistério. Cada passo que dou ecoa com um som abafado, como se a própria floresta estivesse me engolindo. O ar é pesado, carregado com o cheiro de terra úmida e algo indefinido, um lamento antigo.

     Sozinho. Esse é o sentimento mais presente. A solidão é palpável, e eu me sinto como um náufrago perdido no meio do nada. Então, no meio dessa penumbra, eu o vejo. Meu irmão mais velho. Ele está parado ali, como se esperasse por mim. O coração dispara, um turbilhão de emoções confusas me invade. Corro em sua direção, tentando alcançá-lo, tentando entender por que ele está aqui e o que aconteceu. Mas, ao me aproximar, ele me interrompe com um gesto sutil, uma expressão calma no rosto.

“Está na hora de partir,” ele diz, e um sorriso sereno se forma em seus lábios. É um sorriso que eu conheço bem, um sorriso que sempre foi um sinal de tranquilidade e conforto. Mas algo está errado. Aquelas palavras, ditas com tanta calma, são um golpe direto no meu coração. Antes que eu possa reagir, ele está se despedindo, e a vida se esvai de seu corpo, como uma chama que se apaga.

    O silêncio que segue é ensurdecedor. A dor é uma ferida aberta, um corte profundo que parece não ter fim. A visão de seu sorriso, mesmo em seus últimos momentos, me assombra. É um tormento que nunca vai embora, uma lembrança que se perpetua como uma sombra constante. Eu me arrependo amargamente de não ter ficado calado quando devia, e de ter falado quando deveria ter permanecido em silêncio. A culpa é um peso esmagador, uma carga que me consome dia e noite.

     Dias, semanas, meses, anos passam, e o sofrimento não diminui. Cada momento de reflexão é uma lembrança do que foi perdido, uma reafirmação da dor que nunca cicatriza. Eu faria qualquer coisa para ter meu irmão de volta, para ver aqueles olhos negros brilhando novamente, para sentir a segurança de sua presença. A ideia de que tudo isso pode ter sido apenas um pesadelo, um sonho ruim, é quase um alívio. A sensação de acordar e ver o irmão na mesa do café da manhã, com seu sorriso alegre e a vida pulsando em seus olhos, seria um presente inestimável.

     Mas não é assim que a realidade funciona. Ele não está aqui. O vazio que deixou atrás de si é um buraco profundo e sem fim. Às 7 da manhã, quando a luz do dia começa a se infiltrar pelas janelas, a ausência dele é mais aguda do que nunca. Eu anseio por aqueles olhos negros, pelo conforto que ele me oferecia. E, no silêncio da manhã, a dor é uma constante lembrança de tudo que perdi, e de tudo que eu faria para tê-lo de volta.

    Mas não tenho poder para isso,eu sinto muito muito mesmo e faria tudo para abraça-lo e sentir seu calor me envolvendo em um abraço protetor mas não posso ter mais isso afinal você morreu, foi minha culpa eu sei e mesmo que tentem me dizer o contrário e impossível acreditar eu sinto a sua falta e daria tudo para velo vivo mais uma vez.

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⏰ Última atualização: Sep 19 ⏰

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