Capítulo 22 - Amar você me Destruiria

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Eu não sabia quanto tempo estava deitada na cama.

O sol estava nascendo, e eu ainda estava lá, mergulhada na escuridão do meu quarto, ouvindo o silêncio.

Me forcei a levantar, mas os músculos estavam pesados, como se o peso do mundo tivesse se acumulado em mim.

O brilho alaranjado da manhã entrava pelas frestas da janela, mas aquilo não trazia nenhum consolo.

Era apenas mais um dia.

Me levantei da cama, sentindo o chão frio sob meus pés descalços.

Cada passo parecia uma eternidade, como se o ar à minha volta estivesse denso demais.

A casa estava quieta, e o silêncio só me lembrava da confusão em minha mente. A clareza que eu tanto buscava continuava fora de alcance, me deixando sozinha com o caos.

Caminhei até a janela, observando o sol romper o horizonte, tingindo o céu com tons suaves de laranja e rosa.

Era uma visão bonita, eu supunha. Mas não havia beleza suficiente no mundo para tirar o vazio que crescia dentro de mim.

Eu estava afundando cada vez mais, presa em uma tempestade emocional da qual não sabia como escapar.

Eu me sentei no peitoril da janela, abraçando meus joelhos, tentando conter a sensação de desespero que me envolvia.

A cada nova revelação, eu perdia um pedaço de mim mesma.

E agora, não sabia mais se eu era quem eu costumava ser... ou se eu me tornaria aquilo que mais temia.

E Levi...

Tudo o que meu pai disse ecoava na minha mente como uma sentença final: Levi era um demônio. E todos os demônios são cruéis, sem exceção.

Eu sabia disso, sempre soube.

Mas como o coração pode ser tão teimoso? Como ele pode ignorar o que é óbvio e continuar batendo desesperado por alguém que só traz destruição?

Mesmo agora, sabendo o que ele era, o que havia feito, meu peito ainda doía de saudade, como se amar Levi fosse a única coisa que me mantinha de pé.

Não era certo.

Não podia ser.

Ele era uma força que destruía tudo ao seu redor, e eu... eu era só mais uma entre tantas vítimas. Mais uma alma enganada, arrastada para a escuridão.

Mas amar Levi... era como tentar segurar o vento.

Por mais que me machucasse, por mais que me sufocasse, eu não conseguia soltá-lo.

Ele tinha me envolvido de um jeito que nada mais importava.

Toda lógica, toda razão, desmoronava diante daquele sorriso, daquele olhar azul penetrante.

Eu amava um demônio.

E que Deus me perdoe.

Mas eu o amava demais...

Entretanto, eu não estava fazendo isso apenas por mim.

Levi era uma ameaça a todos naquela ilha, como minha tia, meus vizinhos, amigos e até mesmo meu pai.

Aquela luta não era apenas sobre mim, era por todos eles, e por mais que o amor por Levi fosse uma força avassaladora dentro de mim, eu sabia que não podia me deixar ser engolida por ele.

O que eu sentia era real, mas também era destrutivo.

Então, com uma respiração profunda, me forcei a levantar da cama.

O Demônio do FarolOnde histórias criam vida. Descubra agora