1. It'll Heal. But It Won't Forget.

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Notas inicias: Alerta de gatilho: Kelvin é violentado na primeira parte desse capítulo, logo no início. A gravidez dele é resultado disso. Ele é levado à força do local onde está e é drogado. Também há menção de comportamento abusivo e, lá embaixo, menção da possibilidade de um aborto legal. A violência não é gráfica, mas caso queira pular, procure pelos emojis 🏡❤️‍🩹🌼. Eles marcam a separação para o início de fato da história, com Kelvin já no Rio, vivendo contente, bem longe de seu agressor. Não tenho intenção de fingir que ele não passou por isso, então é algo que será mencionado outras vezes na história (até pq ele faz terapia) mas a violência que ele sofreu não será o meu foco nem o dele. Como diz o título da história, o objetivo é construir um lar.

🏡❤️‍🩹🌼

— Pronto, meu amor! Você não me quis por bem, pois me teve por mal! E agora que você tem a marca dos meus dentes no seu pescoço, eu quero ver quem vai te querer. Ninguém vai querer um ômega já amarrado a outro alfa! Você agora é meu pra sempre! Se acostume! — ele disse ao seu ouvido, empurrando a cabeça dele contra o travesseiro antes de puxar a calça para cima, fechá-la e sair do quarto, batendo a porta. 

Kelvin não conseguia se mexer. Apenas se enterrou nos cobertores, agarrou com mais força o travesseiro e chorou. Nunca imaginou passar por tamanha violência. Nem mesmo nos piores momentos daquele relacionamento. 

Sua história com Frank tinha começado como muitas outras: se conheceram numa festa e começaram a conversar. Logo estavam indo em encontros e anunciando o namoro. Ansioso por sair da casa dos pais conservadores e controladores, Kelvin logo aceitou o convite de Frank para morarem juntos. Foi aí que seu calvário começou. 

De início, Frank se mostrou tão ansioso quanto Kelvin por seu primeiro cio juntos. Mas quanto mais o corpo do ômega demorava a dar sinais de que queria aquela união, mas impaciente ele ficava. Não tardou para que ele começasse a acusar Kelvin veladamente de infidelidade e insinuar que a faculdade era onde as supostas traições ocorriam. Ele nunca chegou a pedir abertamente para que Kelvin largasse o curso de arquitetura, mas a maneira que ele falava era calculada e manipuladora. Kelvin percebeu que se trouxesse o assunto à tona, ia parecer que era ele quem pensava em deixar o curso por vontade própria. 

O próximo sinal de alerta foi o ciúme desmedido e as tentativas de isolá-lo: Kelvin não deveria estar saindo com amigos, eles não eram confiáveis, não eram bons o bastante, estavam interessados nele, estavam interessados em Frank, davam em cima dele pelas suas costas. 

Kelvin percebeu os sinais. E achou que não faria parte das piores estatísticas quando denunciou o namorado após uma briga feia, onde foi agredido fisicamente. Frank foi preso e Kelvin saiu da casa dele e foi morar num quartinho alugado em cima de um bar, onde começou a trabalhar de garçom. Viveu em paz ali até depois que terminou a faculdade, até que Frank apareceu de surpresa e o atacou quando estava levando o lixo do bar para fora. Ele cobriu sua boca e nariz, pressionando um lenço que tinha um cheiro forte de alguma substância química e o arrastou para um carro. Dirigiu para um lugar afastado e levou Kelvin, aos tropeços, para dentro de uma casa que parecia abandonada. 

O ômega estava tonto e não conseguia se apoiar totalmente nas próprias pernas. Frank o largou sobre o colchão e puxou uma cadeira que estava no canto para a frente da cama, onde sentou para observá-lo. Kelvin tentou levantar, mas estava muito grogue e os braços e pernas não o obedeciam. Tentou falar, perguntar o que estava acontecendo, mas a voz estava embolada. Com certeza, o lenço que Frank usara tinha algum tipo de droga. 

Olhou na direção dele e sentiu os olhos se encherem de lágrimas. Soube o que aconteceria, o que ele iria fazer. E para piorar, ele não parecia ter pressa, pois ficou sentado, por vezes mexendo no celular, às vezes olhando Kelvin. Parecia esperar alguma coisa. E cerca de uma hora depois, ele entendeu o quê. 

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