Nós?
Era o primeiro dia do ultimo ano do colegial, Pablo estava empolgado para conhecer sua nova escola, se arrumou de forma metódica como fazia todas as manhãs. Saiu de casa pontualmente ás 7h15min e contou 565 passos até a escola.
Sua primeira aula era de história, o professor passou um trabalho e definiu as duplas, foi quando Pablo viu João pela primeira vez. Seus olhos se encontraram e Pablo sentiu como se fogos de artifícios explodissem dentro de si, ele nunca havia sentido isso antes mas soube que era amor a primeira vista, sabia que João era sua alma gêmea e faria de tudo para poder viver esse romance ao lado de seu amado.
– Eai, cara. Você é novo? Nunca te vi por aqui. - João deu um sorriso de canto. Pablo ficou encantado com voz de João, soava como um anjo. - Vamos fazer isso logo.
– Sim, eu sou novo aqui. Me chamo Pablo.
— João. - Repousou na cadeira ao meu lado, apoiando os braços na lateral e esticando as as pernas e jogou o caderno em cima da mesa. - Já vou logo avisando que eu não prestei atenção em nada. - Pablo despertou de um transe que nem sabia que estava.
– E-eu posso te explii-explicar o tema do nosso trabalho, é sobre golpes militares no Brasil e na américa latina, não é difícil. Mas eu posso fazer tudo, não é incômodo. Não estou querendo dizer que você é burro só–
– Calma ae, vai devagar. - Ele sorriu. E que sorriso, iluminava seu rosto como o sol e nada em volta parecia ter importância. - Eu não sou nenhum folgado, vou te ajudar fica tranquilo. Você parece meio doidinho mas é legal.
O sinal tocou e a turma saiu apressada para o lanche.
– Vamos, vou te apresentar pra galera.
João, Rafaela, Tiago, Rebeca e Lucas eram amigos inseparáveis desde a infância e João era bem popular o que fez Pablo se sentir meio acuado no começo mas com Rafaela por perto era impossível não conversar, ela falava pelos cotovelos e nunca ficava sem assunto.
O dia passou voando para Pablo e João, eles criaram uma conexão incrível, foi como se já se conhecessem a anos. Plabo torcia para que aquele sentimento fosse recíproco, para ele não era possível que ele sentisse algo tão intenso sozinho e ele tinha certeza de que João olhava para ele de um jeito diferente enquanto conversavam, como se quisesse algo a mais que uma amizade.
Ao fim do dia todos se despediram e seguiram seus caminhos para casa. Pablo começou seu caminho pensativo sobre tudo o que tinha acontecido, nunca tinha feito tantos amigos como hoje e nunca experimentou esse sentimento que o consumia por inteiro toda vez que olhava para João.
– 56, 57, 54, 60... Mas que merda! - Esbravejou irritado por ter se perdido sua contagem de passos que fazia sistematicamente todos os dias para qualquer lugar que fosse.
Ele não conseguia se concentrar e isso estava lhe tirando do sério, chegou até a chutar uma lata de lixo pelo caminho. Foi então que decidiu ir atrás do que o desconcentrava, ele pensou que devia ficar perto de João o máximo que conseguisse pois sua distração era por não estar com ele. Pablo mudou sua rota e foi atrás de João o encontrou perto de onde estava mas não foi falar com ele. Ficou seguindo ele de longe até sua casa, foi quando notou que eram vizinhos, João morava na casa ao lado mas como ele nunca havia notado? "Ele deve ter se mudado recentemente" pensou.
No dia seguinte, Pablo ficou esperando João sair de sua casa e fingiu surpresa ao vê-lo sair pela porta, eles caminharam até a escola conversando. Pablo pensou ter rolado uns flertes entre eles e ficava cada vez mais ansioso com a hipótese de ser recíproco.
Meses se passaram e eles se aproximaram cada dia mais, eram inseparáveis como unha e carne. Eles viviam trocando carinhos e as coisas começaram a ficar mais intensas entre eles. Pablo continuou perseguindo João por todos os lugares sem que ele soubesse para mantê-lo seguro. Adorava espiar pela janela de seu quarto e vê como ele ficava lindo com os cabelos úmidos depois do banho. João era tudo para Pablo, depois de conhecê-lo sabia que nunca mais conseguiria se separar.
