Liam
Estava na casa da Margot ajudando o pai e o tio dela com o bendito churrasco, mas todos ali, inclusive eu, conversavam mais do que realmente faziam algo.
Todos haviam me recepcionado muito bem. O Sr. Hill me perguntou sobre minha família e, claro, sobre quais eram minhas intenções com a filha dele — aquela conversa padrão de sogro com genro.
Mas uma coisa tinha me incomodado desde o momento em que cheguei: o primo da Margot.
O tal do Elliott não tinha dado uma palavra desde que nos apresentamos. Ele apenas fazia o que os mais velhos mandavam, sem expressar nenhum tipo de emoção — o que me parecia muito estranho, já que, pelo que o pai dele tinha dito, ele estava no Japão havia anos e não via a família há tempos. Por que não parecia animado em estar aqui?
Margot e as outras mulheres da família estavam dentro de casa, fazendo alguma coisa que eu não sabia o que era, então eu tentava me enturmar com todo mundo ali fora. Não queria que nada atrapalhasse a gente, agora que estamos finalmente bem.
— Ei. — olho para o lado e vejo que Elliott me chamava. — Podemos conversar? — ele fala, e eu assinto.
Ele vai até uma parte do extenso quintal da casa de Margot que ficava mais afastada de onde o pai e o tio dele estavam.
Enquanto caminhávamos, ele apenas olhava para o chão, sem dizer nada — e aquilo estava me soando muito estranho.
— Quer me falar alguma coisa? — falo direto. Então ele para e se vira pra mim.
— Há quanto tempo vocês estão juntos? — pergunta, e eu franzo a testa.
— Não faz muito tempo. — tento parecer natural. Ele não precisava saber que começamos a namorar ontem.
— E é sério? Ou você só quer curtir com ela? — ele fala, e eu já sabia onde ele queria chegar.
— Eu tô apaixonado por ela. — digo certeiro, e ele fica me olhando como se não acreditasse. — Não pretendo largá-la tão cedo. — uso um tom de brincadeira, mas ele continua sério.
— Só estou te perguntando isso porque me preocupo com ela — explica. — Sabe, ela nunca esteve com ninguém antes, e não quero que ela se machuque. — enquanto falava, sua expressão não era de preocupação. Parecia que constantemente estava tentando me avisar ou ameaçar de alguma forma.
— Eu sei. — confirmo. — Não tenho intenção de machucar a Margot. Se estou com ela, é porque eu e ela queremos. — chego mais perto dele e ponho a mão em seu ombro esquerdo. — Eu vou cuidar dela, então relaxa. — lanço uma piscada pra ele e saio.
Aquela conversa já estava ficando estranha. Esse cara me soa estranho. Não tive uma boa impressão dele, e acho que ele não gostou nada de me ver namorando a Margot. Esse primo se preocupa demais. Pode ser só o meu lado desconfiado agindo, mas alguma coisa nele me fazia ficar em estado de alerta.
— Liam? — olho para cima e vejo Margot à minha frente. — Está tudo bem? Parece distraído. — ela chega mais perto, e eu fico reparando nela.
Era impossível estar perto dela sem analisá-la por completo. Não sei se é paixão ou o quê, mas nunca tinha visto alguém como ela em toda a minha vida. Aqueles olhos tão sinceros e inocentes, junto de um corpo cheio de curvas que me deixava louco... Só Deus sabe tudo que eu sentia por ela.
— Estou bem. Sua família é muito gente boa. — falo, e ela sorri satisfeita.
— Que bom, então. — ela vem até mim e me dá um selinho, e eu me controlo ao máximo para não pôr as mãos em seu corpo, já que o pai dela estava ali perto.
Ficamos até o fim da tarde naquele churrasco. Tirando o tratamento estranho do primo dela, tudo estava bom até demais, pra ser sincero. Eles me tratavam como se eu estivesse na família há anos.
— Como se sente conhecendo os sogros, Liam? — o tio da Margot fala e dá um gole em sua cerveja.
— Estava nervoso, mas agora já me sinto mais à vontade. — respondo sincero.
— E não é a primeira vez que vemos ele — diz o Sr. Hill.
— Verdade. Ele já até carregou a Margot bêbada até em casa uma vez — comenta a mãe dela, e todos riem, menos o primo.
— Você bebe? — Elliott pergunta para Margot, franzindo a testa.
— Socialmente, sim — ela responde meio sem jeito, e eu solto uma risada genuína. Em seguida, recebo uma cotovelada dela.
— Vocês já namoravam quando isso aconteceu? — Elliott faz outra pergunta, dessa vez me olhando.
— É, dá pra dizer que sim — respondo, já que na época fingíamos um namoro.
— Então ela começou a beber depois do namoro de vocês?
Aquelas perguntas sugestivas do primo dela já estavam me irritando. Eu estava pronto para descer a lenha e mandar ele pro inferno, mas então a mãe de Margot se adiantou.
— A Margot passou por uma fase muito difícil depois que você foi para o Japão — a Sra. Hill começa a explicar, e todos a olham. — E, sinceramente, depois da primeira vez que o Liam veio aqui buscá-la para uma festa, ela se tornou outra pessoa. Parecia mais confiante, mais animada. — ela olha para mim. — E ele cuida bem dela, disso eu sei. — A Sra. Hill pisca para mim, e eu assinto com a cabeça.
Aquele comentário dela tinha feito meu domingo. Se eu conquistei os sogros, pra mim já é uma vitória. Como eu sabia que a Margot havia contado sobre a merda toda com o Zach apenas para sua mãe, imagino que ela soubesse que fui eu quem a ajudou. Com certeza era a isso que ela estava se referindo. Ou a todas as vezes que cuidei da filha dela bêbada.
— Bom, já estamos aqui há muito tempo, e temos uma pilha de malas para arrumar — a tia de Margot fala. — Vamos, meninos? — ela se levanta, e em seguida todos começam a se despedir deles.
— Venho durante a semana te ver — Elliott fala para Margot, que sorri pra ele.
— Tá bom — eles se abraçam e, quando se soltam, ele se vira pra mim.
— Tchau, priminho — fala debochado de longe, e depois sai com os pais.
Sorrio irritado, e Margot nota.
— O que aconteceu? — pergunta, confusa.
— Acho que ele não gostou de mim — suponho, e a mãe dela me olha.
— Não liga, o Elliott é como um irmão para a Margot. Só é cuidadoso mesmo — explica, e eu assinto, mesmo não acreditando. — Vai ficar para o jantar, Liam? — pergunta, e eu olho para a Margot, que balança a cabeça em sinal para que eu ficasse.
— Na verdade, eu gostaria de levar a Margot para comer fora, se não for problema — sugiro.
— Ah, claro, só não voltem tarde. Amanhã vocês têm aula — fala, e nós dois assentimos.

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Apaixonada por um Babaca - Nicole dos Santos
RomanceDepois de ser alvo de piadas e bullying durante anos, Margot cria técnicas para se tornar "invisível" no colégio e não ter mais que lidar com piadinhas ao seu respeito. Mas no primeiro dia de aula do último ano, Margot falha em não chamar a atençã...