Capítulo 4

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Quando Lucas e Gabriel voltaram da viagem à praia, ambos estavam cheios de memórias felizes e esperanças de um futuro juntos. Os dias à beira-mar haviam sido perfeitos, e a conexão deles parecia mais forte do que nunca. Mas, ao chegar em casa, as coisas mudaram de repente.

O pai de Gabriel, que havia passado semanas viajando a trabalho, finalmente retornou. Ele era um homem rígido, com opiniões fortes sobre como as coisas deviam ser. Gabriel sempre sentiu um certo receio em contar ao pai sobre seu namoro com Lucas, sabendo que ele provavelmente não reagiria bem. Mas, enquanto o pai estava fora, ele encontrou um espaço para viver seu relacionamento com mais liberdade.

Naquela noite, logo após Gabriel chegar em casa, o pai chamou-o para uma conversa séria. "Senta aqui, Gabriel", disse ele com um tom severo, cruzando os braços e olhando diretamente para o filho. Gabriel, nervoso, sentou-se na ponta do sofá, já sentindo o peso do momento.

"Eu fiquei sabendo... que você e aquele garoto Lucas estão namorando." A voz dele era fria, cada palavra cortante. Gabriel ficou em silêncio, mas seu coração começou a bater mais rápido. Ele sabia que o pior estava por vir.

"O que é isso?!" o pai de Gabriel explodiu, a voz cheia de raiva. "Eu não criei filho pra ser um... viradinho de merda! Que vergonha você tá trazendo pra nossa família! Que tipo de homem faz isso?" Ele gesticulava com as mãos, frustrado, os olhos faiscando com desprezo.

Gabriel sentiu seu corpo congelar. Nunca tinha ouvido palavras tão duras do próprio pai. Ele tentou falar, mas as palavras ficaram presas na garganta. Tudo o que ele queria era explicar, mostrar que o que ele e Lucas sentiam era verdadeiro, mas sabia que o pai não queria ouvir nada disso.

"Você vai terminar com esse garoto agora!" o pai exigiu, apontando o dedo. "Eu não vou aceitar essa vergonha dentro da minha casa. Eu não tive filho pra ser essa... aberração!"

As palavras perfuraram Gabriel como uma faca. Ele sentiu as lágrimas começarem a se formar, mas segurou-se. Naquele momento, ele só queria fugir, correr para longe e encontrar Lucas, mas sabia que o pai não deixaria. Ele sempre imaginou que seria difícil, mas nunca pensou que seria tão cruel.

"Eu... eu não posso fazer isso, pai", respondeu Gabriel com a voz trêmula. "Eu amo o Lucas. Ele me faz feliz."

A reação do pai foi instantânea. Ele levantou-se de repente, batendo com o punho na mesa ao lado. "Você vai fazer o que eu mando, Gabriel! Isso que você está chamando de amor é uma fase, uma confusão! Eu não quero mais ouvir falar desse garoto. Se você não terminar com ele, eu juro que te coloco pra fora de casa!"

Gabriel, com o peito apertado e o coração despedaçado, sabia que naquele momento estava encurralado. Ele amava Lucas profundamente, mas o medo de perder o pai, de ser expulso de casa, pesava demais. Ele queria ser forte, lutar contra aquilo, mas o pânico o dominou. Ele sabia que, se continuasse com Lucas, sua vida em casa se tornaria insuportável.

Com lágrimas nos olhos, Gabriel murmurou um "tá bom", quase inaudível. Ele não olhou para o pai, apenas se levantou e foi para o quarto. Assim que fechou a porta, ele desabou em lágrimas. A dor de ser forçado a escolher entre o amor e sua família o esmagava. Ele sabia que precisava contar a Lucas, mas não sabia como. O simples pensamento de magoá-lo, depois de tudo que haviam passado, fazia seu coração doer ainda mais.

No dia seguinte, com o peso da decisão nas costas, Gabriel foi encontrar Lucas. Eles marcaram de se ver no lago, o lugar onde tudo havia começado. Quando Lucas chegou, sorridente como sempre, ele percebeu de imediato que algo estava errado. Gabriel mal conseguia olhar para ele.

"O que aconteceu?" perguntou Lucas, preocupado.

Gabriel respirou fundo, tentando conter as lágrimas que estavam à beira de cair. "Meu pai... ele descobriu sobre a gente. E... ele me obrigou a terminar."

Lucas ficou em silêncio, atordoado. O choque e a dor estavam estampados no rosto dele. "Mas... por quê? A gente não fez nada de errado..."

"Ele disse que não vai aceitar. Que se eu não terminar com você, ele vai me colocar pra fora de casa. Eu... eu não sei o que fazer, Lucas. Eu não quero te perder, mas eu não posso ficar sem minha família."

Lucas sentiu seu mundo desmoronar naquele instante. O amor que compartilhavam, as promessas, tudo parecia desmoronar em segundos. Ele queria gritar, argumentar, fazer qualquer coisa para manter Gabriel ao seu lado, mas ao ver a dor nos olhos dele, Lucas entendeu a gravidade da situação. Ele sabia que Gabriel estava sendo forçado, e aquilo partia seu coração.

Com lágrimas escorrendo dos olhos, Lucas segurou as mãos de Gabriel pela última vez. "Eu não quero que você sofra mais, Gabriel. Se isso é o que você precisa fazer... eu vou respeitar. Mas saiba que eu sempre vou te amar, e que isso nunca foi errado."

Eles se abraçaram ali, com o som do lago ao fundo, ambos chorando pelo amor que estavam sendo forçados a abandonar. Antes de se despedirem, eles se beijaram uma última vez, um beijo cheio de tristeza, amor e despedida. O toque suave de seus lábios foi carregado de tudo o que ainda não tinham vivido juntos, de todas as promessas e esperanças que foram arrancadas deles de forma tão cruel.

Após o beijo, ambos ficaram em silêncio, abraçados por mais alguns instantes, como se aquele momento pudesse, de alguma forma, congelar o tempo e impedir o inevitável. Mas sabiam que não havia como fugir da realidade.

Gabriel se afastou, com lágrimas escorrendo pelo rosto, e olhou para Lucas uma última vez. "Eu te amo", ele sussurrou, a voz embargada pela dor.

"Eu também te amo, Gabriel. Sempre", respondeu Lucas, com a mesma angústia no coração.

Então, Gabriel virou as costas e caminhou lentamente para longe, sentindo como se cada passo que dava o afastasse mais de quem ele realmente era. Lucas ficou ali, observando-o partir, até que a figura de Gabriel desapareceu entre as árvores.

Naquele momento, os dois sabiam que, embora separados pelas circunstâncias, o amor entre eles continuaria vivo em seus corações, mesmo que o mundo ao redor os forçasse a seguir caminhos diferentes.

Sem padrões para o amor Where stories live. Discover now