Capítulo Único.

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Enquanto caminha pelo corredor até o altar, Aemond sente como se fosse vomitar. Ele nunca pensou que caminhar para os braços de seu noivo iria o fazer sentir como se ele estivesse caminhando para sua morte, mas quando seu noivo é o Lorde Borros Baratheon, Aemond imagina que os dois são bastante equivalentes.

Aemond sempre soube que seu casamento seria por política e não por amor. Ele não é bobo, sabe que é para isso que servem ômegas na realeza. Mas Aemond sempre pensou que ao menos se casaria com um lorde próximo de sua idade, não com um próximo da idade de seu avô.

Que, aliás, foi a pessoa que arranjou para esse casamento acontecer. Aemond sabe que a intenção de Otto não é apenas fortalecer o apoio de Lorde Borros para a coroa, mas sim se certificar que ele estará ao lado de Aegon quando Viserys falecer e Otto tentar usurpar a linha de sucessão. Isso era bastante claro para todos, menos para quem se fazia de cego ou era um imbecil inocente como o rei Viserys.

A festa após o casamento dura pouco tempo, Lorde Borros alegando que mal pode esperar para provar da pureza de um ômega valiriano. Lorde Borros logo aprende que um ômega valiriano é bastante perigoso, ainda mais alguém como Aemond que cresceu apaixonado por espadas e adagas. Quando a porta do quarto se fecha e Lorde Borros vem se deitar em cima de Aemond, Aemond tira uma adaga da manga e a coloca contra o pescoço de Lorde Borros.

— Abaixa essa arma, ômega, eu sou seu senhor marido e você deve me obedecer. — Lorde Borros diz, sua voz soando mais insegura enquanto Aemond não só não abaixa a adaga quanto ainda a aperta mais em seu pescoço.

— Meu senhor marido, sinto lhe informar que esse título não vale de nada para mim. Seremos casados aos olhos de todos, mas nunca irei compartilhar sua cama. Eu teria de estar morto para deixar um homem nojento como você encostar em mim. — Aemond diz dividindo seu olhar do rosto de Lorde Borros para a adaga, que causou um leve corte no pescoço de Lorde Borros, por onde sai uma gota de sangue.

— Você tem de carregar minha mordida. — Lorde Borros diz nervoso, sua tentativa de soar como um alfa forte não mais existente.

— É simples, diremos que somos um casal que não precisa dessa conveniência. As pessoas vão até achar romântico. — Aemond sorri com doçura, devagar ele afasta a adaga do pescoço de Lorde Borros. — Agora saia daqui, antes que eu corte uma parte de você que imagino que valorize mais que seu pescoço. — Aemond dispensa o alfa com um aceno indiferente.

Lorde Borros sai dos aposentos do ômega com as pernas ainda tremendo de medo, o que logo é substituído por raiva quando está em seus aposentos xingando o ômega que lhe deram e ele nem pode usar, se por sua própria culpa já que tem medo de tentar e virar um eunuco, isso Lorde Borros não diz. Para o azar de Lorde Borros, essa lua de mel ou falta dela é uma prévia de como será seu casamento.

*

Os dias se tornaram semanas e as semanas se tornaram meses, logo fazia um ano que Aemond estava casado com Lorde Borros Baratheon. Com tanto tempo de casamento, era esperado que Aemond já tivesse trazido ao mundo um herdeiro para Lorde Borros, mas isso não parecia estar nem perto de acontecer. Aemond apenas fazia seu papel de ômega doce e abaixava a cabeça entristecido quando perguntavam quando eles teriam filhos, já Lorde Borros apenas sorria de forma bem falsa e dizia que seria logo. Ninguém via o sorriso de divertimento que surgia no rosto de Aemond.

Quando o casamento de Jacaerys Velaryon, filho primogênito da herdeira do trono, é anunciado com a Lady Baela Targaryen, Aemond e Lorde Borros viajam para presenciar a união dos dois. É uma união claramente forjada do amor, os dois noivos felizes por se unirem após serem prometidos desde os dez anos.

Durante o casamento, Aemond tem a oportunidade de se reencontrar com sua família, mas principalmente com seu sobrinho Lucerys, que agora não é mais o garoto baixinho que Aemond se lembrava. Lucerys cresceu e se tornou um alfa forte e que está bastante interessado em seu tio, já que faz questão de seguir Aemond para todos os lados, o perguntando sobre sua vida, seus gostos, fazendo questão de ter o olhar de Aemond em si e o afastando de seu marido. Não que isso seja um problema para Aemond, ele prefere até bordar, algo que odeia, ao invés de estar com o marido.

Sem arrependimentos. (Lucemond)Onde histórias criam vida. Descubra agora