𝐔𝐥𝐭𝐫𝐚𝐯𝐢𝐨𝐥𝐞𝐧𝐜𝐞 - 𝐓𝐡𝐞𝐨𝐝𝐨𝐫𝐞 𝐍𝐨𝐭𝐭

𝐒𝐈𝐗

"Eu olho no espelho e vejo uma sombra de quem eu costumava ser, presa entre a esperança de que ele mude e a realidade da dor que não me deixa escapar."

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PASSAR O TEMPO com Nott estava se tornando rotina. Eu acordava e sabia que iria ter um garoto incrível me esperando do lado de fora da porta do meu dormitório, pronto para me buscar. Era um dia especial, os alunos podiam ir até Hogsmeade e, só de pensar em Theo me convidar para ir com ele, meu estômago revirava de ansiedade. É claro, eu estava apenas deduzindo.

— Mellyne — Theodore cumprimentou, beijando as costas da minha mão. Sorri pelo seu gesto e meu coração se derreteu dentro da caixa.

— Theo — Minha voz saiu tão baixa que pode ser confundida com um ronrono.

— Sabe, estive pensando. Você gostaria de ir até Hogsmeade comigo hoje? — A forma desinteressada que ele pergunta é engraçada, porque sei que ele está tímido.

— Eu iria adorar — Sorrio, e me abaixo para enxergar seus olhos verdes brilhantes, com um leve tom vermelho.

Ele nota meu olhar curioso, e estreita as orbes em tom esmeralda.

— Não vamos falar disso, Melly. Já conversamos antes e, eu quero que você me aceite assim.

Sem eu nem precisar dizer, ele descobriu o que se passava pela minha cabeça. Suspirei fundo, abri a boca e não saiu som algum. Respirei novamente e então assenti. Não queria que ele ficasse bravo comigo, mas poxa, eu só estava me preocupando.

— Se é o que você quer.

— Sim, é o que eu quero. — Sua voz saiu firme e fria, e eu encolhi os ombros e ele notou. Se virou, ficando por trás de mim e enrolou seus braços em minha cintura, enroscando o rosto no meu pescoço, consequentemente bagunçando meus fios dourados. — Não fique brava, querida. Eu sei me cuidar — Ele sussurrou, sua voz rouca no meu ouvido me fazendo derreter em seus braços. Theo rio e eu sorri, me sentindo completa.

— Não estou brava, apenas preocupada. — Disse, me virando de frente para ele, enlaçando seu pescoço com as mãos. — Não quero te ver mal, zelo pelo seu bem.

— Eu sei — Suspirou. — Eu vou parar, prometo. — E então, segurou meu forte em minhas mãos me passando total confiança em seu olhar.

Eu confiei. Depositei toda minha confiança em Theo. Não apenas sobre ele se drogar, mas sobre tudo. Me entreguei a ele, mesmo sem ele saber.

— Eu acredito em você, sempre acreditarei. — Digo firme, contornando seu rosto bonito com os dedos, guardando cada detalhe na minha cabeça.

— Obrigado por entender. — Vê-lo tão vulnerável, com um rostinho tristonho, escondendo o rosto em meus cabelos me deixou devastada. Faria de tudo para ver ele sorrir.

— Ei, se anima. Vamos a Hogsmeade hoje! — Sorri calorosamente na esperança de que ele se sinta melhor consigo mesmo. Acho que consegui.

⊶⊰❣⊱⊷⋇ ⋇⊶⊰❣⊱⊷⋇

Aquela tarde que passamos juntos em Hogsmeade é uma das coisas que me fazem pensar se realmente era tudo falso. Se ele nunca me amou de verdade. Se ele me amava, por que fez aquilo? Amar alguém não é desejar o bem para a pessoa amada? Afinal, a dor fazia parte do amor?

A forma que ele sorria para mim, as palavras de carinho e os gestos de conforto eram meu ponto de paz, meu equilíbrio. Quando foi que tudo desandou? Quando foi que seu amor virou tão dolorido? Quando foi que ama-lo apenas me trazia dor e cansaço, algo que antes me deixava radiante? Quando foi que seu amor violento se apossou de mim? Se o amor era aquilo, eu não queria mais amar.