Prólogo

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31 de outubro

Observo as pessoas varias garotas vestidas na versão mais vulgar de anjos, demônios, vampiras e enfermeiras tentando encontrar Mag, mas não consigo distinguila entre o mar de pessoas fantasiadas na festa de halloween a céu aberto no campus com fumaça artificial e várias luzes em tons de vermelho e flash brancos que dificultam minha visão. A ensurdecedora música em loop que sai das enormes caixas de som espalhadas pelo espaço engole meu grito quando chamo por ela e me arrependo amargamente de quando concordei com essa loucura. Não devia ter saído de casa. Eu...

Não. Ele está aqui. Sinto as lágrimas se acumulando nos meus olhos, meu coração martelando no meu peito e minha respiração se acelerando e ficando rasa, como se não conseguisse levar ar o suficiente para os meus pulmões. Vasculho o espaço a minha volta mais uma vez em busca de um sinal de quem ele possa ser, mas as fantasias só acrescentam mais um tom de macabro a situação.

Sinto o suor se acumulando nas minhas mão, testa e nuca, um arrepio sobe pela minha coluna... E lá está ele. Sei que é ele!

— Fran! — Mag grita e me abraça, isso me desperta do medo e tira minha atenção do homem parado a distancia com o rosto pintado como uma caveira e sem camisa — Eu te trouxe uma bebida!

Pego o copo de sua mão, desesperada para mascarar meu nervosismo, e bebo aquase todo conteudo de uma vez.

— Nossa! Você estava com sede mesmo! - Ela ri e acena para alguém, um cara vestido de zumbi — Fran, eu vou dar um oi aos meninos do time de Hoquei, tá?

Quero dizer para ela não me deixar sozinha, mas não posso fazer isso. Ela faria um alarde e isso chamaria muita atenção. Iria parecer que eu surtei de novo. Não quero passar por isso outra vez, então forço um sorriso e assinto para que ela vá.

Vai ficar tudo bem. Tudo que preciso fazer é ficar de olho Nele. Se eu não o perder de vista. Isso mesmo! Vai dar tudo certo!

Volto a olhar para onde ele estava, mas... Ele sumiu! Volto a procurá-lo ficando mais ansiosa a cada batida do meu coração, mas não o encontro.

— Oi, bruxinha! — Um loiro vestido de mumia me cumprimenta aos gritos chegando perto demais do meu rosto. Seus olhos viajam até meus seis apertados dentro dessa fantasia ridícula de bruxa que eu julguei ser a menos vulgar entre as opções que Mag me deu— Você está muito gostosa nessa fantasia!

Sinto o alcool em seu halito. Claro, ele só podia estar bêbado para se aproximar de mim, ainda mais assim! Me afasto sem dizer nada, mas ele segura meu braço com força. Volto a encara-lo consternada, mas ele apenas ri da minha reação.

— Me larga! — grito tentando me fazer ouvir e puxo meu braço de seu aperto que fica cada vez mais forte. Isso vai deixar marca.
Quando estou a ponto de gritar de dor seu pescoço é pego por uma mão forte que vem de trás de mim. Sinto sua presença. E ele.

— Não toque nela! — Sua voz é baixa mas a mensagem é clara. E tanto o cara a minha frente quanto eu começamos a tremer. O loiro assente como pode sob seu aperto e ele o deixa ir.

Suas mãos pousam em meus ombros e deslizam até minhas mãos num toque gentil, quase em veneração.

— Por favor, não me machuque — peço e minha voz não é mais do que um sussurro.

Ele se aproxima mais um passo, seu corpo colado as minhas costas de forma que o sinto  toda parte e então seus lábios estão na minha orelha.

— Amor, de todas as coisas que já passaram na minha mente pra fazer com você, te machucar nunca foi uma delas — sussurra me arrancando arrepios por todos corpo.

A música muda para algo mais hipnótico e ele começa a mover nossos corpos no ritmo, mas eu não estou bem.

Minha respiração está descontrolada eeu coração está batendo a mil. Preciso sair daqui! Eu tenho que fugir! Penso em dar um passo prae afastar dele, mas parece que ele lê minha mente e agarra pelo quadril com uma das mãos enquanto a outra me segura pelo pescoço me obrigando a permanecer no lugar.

— Por que está tão nervosa, amor? — pergunta com voz sedutora — Só estamos dançando. Não precisa ter medo de mim.

Minha ObsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora