•Annie On•
Me levanto, olhando o nascer do sol. Suspiro de forma pesada, olhando o meu relógio, vejo que o despertador nem havia tocado ainda. Me levanto, indo me banhar para começar o dia logo. Coloco uma roupa confortável, deixando a água do chá esquentar, esticando meu colchãozinho de yoga para começar a manhã bem. Faço meus alongamentos e logo me direciono para a cozinha, indo fazer meu café da manhã. Os dias estavam cada vez mais sós, depois que me mudei de volta, perdi o contato de todo mundo... quem sabe seja melhor assim. Minha cabeça não estava nada boa, ninguém aguenta viver sozinho por muito tempo, eu precisava de amigos, de afeto, de convivência. Tomo meus remédios, me olhando no espelho e logo vou me trocar, o dia já estava começando. Visto meu uniforme, coloco minha máscara, pego meus equipamentos e me dirijo para a minha garagem. Saio de casa, pegando minha moto para ir direto para o meu trabalho. Sim, voltei para o ramo ilegal. Admito que sentia falta de toda a adrenalina que a polícia trazia, mas não podia continuar lá... não com aquelas pessoas. Chego na mansão e logo me direciono a sala de produção, montando umas armas, já que aquilo tinha se tornado minha especialidade. O tempo vai passando e minha cabeça continuava vazia, sem companhia, sem pensamentos, sem propósitos, só conseguia pensar o quão cansativo era sentir falta daquela sensação de ser adorada por todos. Monto várias armas e decido ir buscar mais para o estoque do baú, pegando endereços de rotas para buscar as peças.
No caminho, percebo que já estava anoitecendo, então decido ir para algum local seguro para aguardar o tempo passar. Acelero a moto enquanto pensava em alguns afazeres, não me tocando no veículo que vinha no cruzamento. Ele passa pelo farol vermelho, me fazendo freiar bruscamente para tentar não bater. Não adiantou de nada, sinto meu corpo descolar na moto na direção do vidro, tendo meus braços cortados pelos cacos quebrados e meu corpo arremessado ao solo. Solto um gemido de dor, apoiando minhas mãos no chão enquanto sinto uma enorme dor na região da costela. Os dois rapazes que estavam dentro do carro descem, olhando o estrago. Um dos dois, mais moreno, se aproxima de mim enquanto pega uma arma que estava presa em sua cintura, apontando em minha direção.???- Olha o que você fez! Precisa ficar mais atento seu idiota! Agora vamos ter que lidar com isso!
Minha visão estava meio escura ainda, sentindo minha cabeça balançar e meu corpo lutando contra um desmaio. Tento apoiar meus braços para me levantar mas o rapaz dispara do meu lado, me fazendo ficar imóvel. Meus olhos tremiam enquanto respirava com dificuldade, uma poça de sangue surgia ao lado do meu enquanto ouço os passos se aproximarem.
-C-Calma...
Mal sentia meu peito se enchendo e esvaziando com o ar, fraquejando meus braços.
???- Mano, não é melhor deixar ela aí? Olha a situação, ela não deve ter nada pra levar...
???- Para de ser besta, olha a moto dela, tem cara de riquinha. Além do mais, tem símbolo da facção rival, melhor sequestramos. Pega ela e coloca no carro.
O rapaz me olha meio sem jeito, se aproximando de mim. Ele segura em meu braço e tenta me levantar. Um grito de dor soa como um pedido para parar, apoiando uma das mãos na perna dele, indicando para não me mover mais um centímetro.
???- Cuzão, se pá ela tá ferida, melhor deixar aqui...
???- Vou acabar com tudo logo então! Já que você não sabe fazer nada direito...
Olho para ele, me virando com dificuldade para deitar de barriga para cima. Levo minha destra até o ferimento, sentindo uma dor enorme. Ao apontar a arma para mim, ouve-se um barulho de disparo.
Meus olhos se fecham e meu corpo estremece por inteiro, como se minha alma saísse e voltasse por alguns segundos.
A única coisa que vejo ao abrir os olhos é o homem armado caindo no chão. Seu colega o puxa rápido para dentro do carro e foge, sendo alvejado por um fuzil. Nessa hora meus olhos se selam, permitindo meu corpo se deixar levar pelo desmaio.
Acordo por um pequeno instante, enxergando tudo embaçado, aparentava estar em movimento. A única coisa que vejo é um broche escrito "POLICE" preso em um colete preto a prova de balas. Estava sendo carregada dentro do hospital, desmaiando de novo por conta da forte iluminação que tinha naquele local.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Crime à flor da pele
RomanceApós uma breve mudança de cidade, por conta de afastamentos e toxidades do passado. A protagonista decide retornar a sua cidade natal, revivendo todo aquele sentimento, amor e calor que sentia antigamente, de um jeito novo e diferente, trazendo os t...