Acordo às 6h30 da manhã, como de costume, mas hoje seria um dia diferente, um dia que mudaria minha vida para sempre: meu primeiro dia na faculdade, que desejei a vida inteira. Fico meia hora pensando em tudo, em todas as possibilidades, e a ansiedade já começa a aparecer com pensamentos como: "E se eu chegar atrasada e entrar na sala com todos os olhares voltados para mim?" E hoje nem era o primeiro dia de aula!
Levanto da cama e logo ligo minha caixinha de som para ouvir "Swim". Isso me dá ainda mais vontade de chegar logo na minha nova "casa". Enquanto escovo os dentes, vejo minha mãe entrando no quarto e organizando as caixas.
- Vou dirigir, certo? - falo com tom de brincadeira.
- Claro, Luna, assim que você pagar o conserto da sua última "saídinha". Não quero nem pensar no que mais você fez com esse carro. - minha mãe fala brincando, mas sei que errei. Saí com as meninas na semana passada para uma despedida da faculdade e acabei batendo o carro atrás de um Jaguar. Não entendo muito de carros, mas sabia que aquele eu não poderia pagar tão cedo.
Termino tudo e logo entro no carro. São duas horas de pura ansiedade até a universidade. Pego meus fones e o Kindle; amo ler com música. No caminho, minha mãe me dá algumas cartas de amigos, familiares, doces e lembranças, uma tradição da nossa família para recordação. Além disso, assim que eu chegar, preciso tirar uma foto em frente à estátua do Viking no campus da Universidade de Cleveland, que fica aqui em Ohio, onde moro com minha mãe, meu pai, um irmão mais novo e três gatos. Meu pai foi acampar com meu irmão, Theodor, uma semana antes da minha vinda para cá, eles voltam só amanhã, no meu primeiro dia de aula.
Bom, faltam apenas 30 minutos para chegarmos à universidade e decidimos parar em uma cafeteria muito bonita, cheia de flores e livros. Assim que entramos, vejo que precisam de estagiários, me animo e vou conversar com minha mãe.
Enquanto caminhava em direção à ela, ouvi uma voz feminina chamando um nome: "Gabriel". Olhei para o lado e, como em câmera lenta, nossos olhares se cruzaram até ele chegar ao balcão para pegar seu pedido. Aqueles olhos verdes tinham algo que eu não conseguia explicar. Entreguei o panfleto de emprego à minha mãe, mas não conseguia tirar aquele olhar da cabeça enquanto explicava a ela sobre o café e como muitos estudantes frequentavam o lugar para relaxar e trabalhar.
- Isso mesmo, Luna. Você precisa de um emprego para arrumar seu carro e ir pagando suas coisinhas aos poucos - disse minha mãe com um leve sorriso.
- Pode deixar, mãe, eu dou conta!
- E vê se aproveita para se divertir, arruma uns rapazes para sair e...
- Que isso, mãe! Eu estou aqui para estudar, não para fazer filhos - respondi rindo.
- Que horror, Lulu! Mas tem que aproveitar sua juventude! Me lembro de quando conheci seu pai aqui. Em todo lugar, já queríamos tirar a roupa! - ela caiu na risada, enquanto eu sentia meu rosto corar.
- Ok, mamãe, chega de detalhes por hoje! Vamos pegar o café, entregar meu currículo e ir. Preciso encontrar meu quarto e explorar toda a universidade.
Caminhamos até a saída e vejo o mesmo garoto de antes, agora do lado de fora, cercado por amigos. Ele vestia uma camiseta branca, calça preta e tinha o cabelo escuro, com a nuca quase toda raspada. Percebi que ele não parou de me olhar até o momento em que meu carro sumiu de vista. Não vou me envolver com ninguém. Odeio que mandem em mim, e um relacionamento demanda muito tempo, algo que me falta nesse início de semestre! Por que estou pensando em namorar um garoto que nem conheço? Só sei o nome e que ele gosta de café puro. Ri sozinha com meus pensamentos, até que minha mãe me interrompeu.
- Já está com as doideiras, Luna? - ela me olhou sorrindo e voltou a prestar atenção na estrada.
30 minutos depois chegamos e tiramos tudo do carro para colocar em um carrinho de bagagem que a universidade disponibiliza para alunos.
- Bom, vamos tirar a foto. Seu pai deveria estar aqui, mas aquele homem não obedece e ainda leva seu irmão de 8 anos nessa bagunça - disse ela, suspirando com saudade e chateada por ele não estar conosco naquele momento importante. Ela e meu pai se conheceram nesta mesma universidade e estão juntos há mais de 20 anos, desejo estudar aqui pois quero viver um pouco do que minha mãe contava para mim quando era menor.
Entro na faculdade e olho ao meu redor.
- Vou me perder nesse lugar sem um mapa - digo em voz alta.
- Eu te ajudo - ouço uma voz masculina atrás de mim.
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O toque do cisne
Romance[AVISO: APENAS PARA +18] Luna sempre foi independente, decidida e com uma personalidade ardente. Recém-chegada à universidade, ela está determinada a focar em seus estudos e deixar qualquer distração para trás. Mas seu mundo vira de cabeça para b...