"Is it enough?
....
I'd give you my sunshine, give you my best
But the rain is always gonna come if you're standing with me"Travis sentia o peso daquela temporada de um jeito diferente. Sabia que estava perto do fim de sua carreira como titular e, embora tentasse não pensar muito nisso, os últimos jogos estavam sendo uma constante lembrança. Naquela partida, mais uma vez, a bola não chegou até ele com a frequência que costumava. Ele estava lá, pronto para fazer o que sempre fez de melhor, mas parecia que o time estava mudando de direção, deixando-o para trás.
Cada lance que passava sem sua participação pesava mais do que o anterior. Não era só o físico que estava cansado; era a mente, os sentimentos, tudo. E Taylor, ela sempre estava lá nos camarotes quando podia, ou em casa torcendo por ele, sempre presente de alguma forma. Mas naquele dia, ela não foi ao jogo, e isso o deixou mais triste que o esperado. Ele sabia que ela tinha compromissos, sabia que não podia estar em todos os momentos, mas sua ausência parecia amplificar o vazio que já estava sentindo. A frustração da partida se misturava com a saudade, criando um nó apertado em seu peito.
Após o apito final, Travis mal conseguiu se concentrar no vestiário. O clima entre os companheiros de equipe era de vitória para alguns, de frustração para outros, mas ele estava apenas apático. Sentou-se no banco, com o corpo curvado, as mãos nos joelhos, sentindo o suor escorrer enquanto a euforia do jogo se dissipava. O barulho ao redor parecia distante, como se ele estivesse preso em uma bolha.
Puxou o celular do bolso da mochila. Pensou em mandar uma mensagem rápida para Taylor, mas a necessidade de ouvir sua voz era mais forte. Sem pensar muito, apenas deslizou o dedo sobre o nome dela na lista de contatos e levou o telefone ao ouvido. A espera para ela atender parecia interminável, e, naquele breve silêncio, ele percebeu o quanto precisava dela naquele momento — não para resolver nada, mas simplesmente para estar lá, como sempre esteve.
O telefone tocou algumas vezes antes de Taylor atender, sua voz doce, mas com um toque de cansaço.
"Oi, amor. Como foi o jogo?" perguntou, mesmo tendo uma ideia do que aconteceu. Ela acompanhou tudo pela tv e alguns comentários nas redes sociais.
Travis suspirou, passando a mão pelo rosto, como se estivesse tentando livrar-se do peso daquele momento. "Poderia ter sido melhor. Eles praticamente não passaram a bola pra mim."
A preocupação de Taylor era palpável no silêncio que seguiu. Ela sabia o quanto ele se importava com cada jogada, especialmente agora, com a pressão da idade e de estar perto do fim da carreira como titular. "Sinto muito, Trav. Eu queria ter estado lá hoje. Eu sei o quanto isso é importante pra você."
Ele balançou a cabeça, mesmo sabendo que ela não podia ver. "Não, não é isso. Quer dizer, claro que sinto falta de te ver na suite, mas... não é só sobre o jogo. É sobre tudo. Eu tô começando a sentir que não sou mais necessário. Como se o time estivesse seguindo em frente, sem mim."
Taylor fez uma pausa, escolhendo cuidadosamente as palavras. "Você sabe que isso não é verdade. O que você fez pelo time, o que você significa pra eles... isso não some de uma hora pra outra."
"Mas às vezes parece que sim," ele confessou, a voz mais baixa. "Hoje, foi um desses dias. E, sem você lá... só piorou. Quando não estou jogando direito, é como se eu perdesse a única coisa que ainda me faz sentir importante."
Taylor respirou fundo do outro lado da linha, sentindo o peso do que ele dizia. "Travis, você não é importante só por causa do futebol. Pra mim, você é muito mais que isso. Eu sei que parece que o tempo está correndo, que as coisas estão mudando, mas você tem muito valor além do campo."
"Eu sei, Tay," ele murmurou. "Mas é difícil. Parece que tudo tá escapando das minhas mãos, e eu não sei como lidar com isso."
Ela ficou em silêncio por um momento, sabendo que ele precisava desabafar. "Ei, eu tô aqui, tá? Sempre vou estar. E, honestamente, você ainda tem muito o que fazer, no futebol e fora dele. E se um dia isso mudar, a gente vai descobrir juntos o que vem depois." disse tentando consolar o jogador. "Eu vou tentar te encontrar essa semana ainda, antes que você vá para a Califórnia," a contora falou, com sua voz mais suave agora, mas com uma determinação que Travis sempre admirava nela.
Ele ficou em silêncio por um momento, processando o que ela disse, mas logo a preocupação tomou conta novamente. "Eu não quero que você se estresse, Tay. Estão falando tanto... sobre o nosso relacionamento ser o motivo de eu estar jogando mal. E, honestamente, às vezes me pega de surpresa. Não quero que isso te machuque."
Ela soltou uma risada curta, como se estivesse absorvendo o que ele disse, mas sem se deixar abalar. "Travis, você mesmo me disse, lembra? Pra gente não se importar com os barulhos externos. Isso não é diferente. As pessoas vão sempre falar alguma coisa, especialmente quando não entendem. A culpa não é nossa e, sinceramente, nem sua. Faz parte do jogo."
Ele ouviu o tom confiante em sua voz e sentiu uma leve onda de alívio. Ela sempre sabia o que dizer para acalmá-lo, para lembrá-lo do que realmente importava. "É, eu disse isso, não foi?" Ele sorriu, meio envergonhado por precisar de suas próprias palavras de volta.
"Sim, você disse," Taylor afirmou, com um toque de carinho. "Então, deixa que falem. Nós sabemos a verdade. E, quando eu te ver essa semana, vamos focar no que realmente importa: a gente."
Travis respirou fundo, sentindo o peso da preocupação diminuir um pouco mais. "Você tem razão. A gente não pode deixar isso atrapalhar... Eu só não quero que seja difícil pra você."
"Eu sei," ela respondeu com firmeza. "Mas estou bem. E nós vamos passar por isso juntos."
"Obrigado por sempre estar por mim, por me lembrar do que realmente importa," ele disse suavemente. "Mal posso esperar pra te ver."
"E eu mal posso esperar para estar em seus braços," ela respondeu, o carinho evidente em sua voz. "Vai ficar tudo bem, Trav. Eu prometo."
"Eu acredito em você," ele disse, finalmente sentindo a tensão sair de seus ombros.
Travis respirou fundo, sentindo-se um pouco mais leve só por ouvir a voz dela. "Obrigado por isso... Sinto sua falta."
"Sinto sua falta também," Taylor respondeu suavemente. "Logo estaremos juntos, e até lá, se precisar ligar, mesmo que seja só pra escutar a respiração um do outro ou jogar conversa fora, eu tô aqui."
"Isso ajuda mais do que você imagina." Ele sorriu, mesmo que fosse um sorriso cansado, a voz carregada de gratidão. "Te amo, Tay."
"Também te amo, Trav. E não esquece: você ainda é o melhor em tudo isso, mesmo que os passes não venham com tanta frequência."
Travis soltou uma risada suave. "Vou tentar lembrar disso."
Travis desligou o telefone, sentindo uma onda de paz lavar sua mente. Taylor sempre soube como falar com ele, como trazer a perspectiva que ele precisava. A pressão, a frustração — ainda estavam lá, mas, de alguma forma, mais leves. Talvez fosse a promessa de vê-la em breve ou as palavras de conforto que o fizeram perceber que, não importando o que acontecesse no campo, ele sempre teria algo mais importante fora dele: Taylor e o que construíam juntos.
Ele olhou ao redor do vestiário, os sons da comemoração e das conversas ecoando, mas sua mente estava em outro lugar. O que realmente importava não era se o time estava mudando, se ele estava recebendo menos passes. O que importava era que ele tinha alguém que estava com ele, independentemente das vitórias ou derrotas.
Com um último suspiro, ele sorriu. O jogo da vida, afinal, era muito mais do que futebol.
Notas:
Essa história foi postada originalmente em inglês na minha conta na plataforma AO3 (Archive of Our Own).
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peace • tayvis
RomanceTravis se sente perdido após um jogo ruim e liga para Taylor, buscando conforto. * Essa história foi postada originalmente em inglês na minha conta na plataforma AO3 (Archive of Our Own).