Capítulo Dezoito

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Reese

Há uma batida na porta do meu escritório, e olho para cima da minha mesa para ver um homem que não reconheço.

"Posso ajudar?"

Às vezes os pais dos alunos querem falar comigo, mas normalmente é feito por e-mail. Quando o homem entra em meu escritório, há um indício de reconhecimento, mas não consigo identificá-lo.

"Você é Reese Davis?" Pergunta, e aceno, levantando da minha mesa.

"Eu sou, e você é?"

"Walter Miller."

Levo um segundo para perceber que é por isso que ele parecia tão familiar. Heidi tem seus olhos. Ela não falou muito sobre sua família, mas sei que ela é filha única, e quando completou dezoito anos sua mãe a mandou embora. Não sei nada sobre o pai dela, mas vendo esse homem diante de mim, sei que é ele.

"Moramos no mesmo bairro. Sou do número dezenove." Ele ajusta os punhos da camisa enquanto olha ao redor do meu escritório.

"Mas não é por isso que você está aqui, é?"

Não há razão para este homem que afirma viver no meu bairro, mas está claramente relacionado com Heidi, estar no meu escritório.

"O que posso fazer por você?"

"Estou aqui para oferecer um aviso." Ele parece irritado. "Um que eu gostaria de ter recebido."

"Vamos ouvir então, para que você possa seguir seu caminho."

Posso não saber muito sobre o pai da Heidi, mas ela foi expulsa e morava sozinha naquele motel de ratos.
Qualquer um que a colocaria nessa posição é um pedaço de merda.Especialmente se ele puder se dar ao luxo de morar no meu bairro.

"Ela vai te prender." Ele aperta os lábios com força quando eu não respondo. "A mãe dela fez isso comigo, e ela vai fazer com você."

A raiva queima dentro de mim como um inferno, e tenho o desejo repentino de dar uma surra nesse idiota.

"Você terminou?"

É preciso tudo dentro de mim para fingir ser ambivalente com ele e não atacar seu rosto.

"Eu tenho uma família... E uma reputação para manter. Ela foi um erro e, quando completou dezoito anos, deveria desaparecer."

"Vou te dar a chance de sair do meu escritório neste exato segundo.Porque se você disser mais uma palavra sobre Heidi, vou garantir que você tenha
que rastejar por aquela porta."

Agora é ele quem tem raiva nos olhos. Bom.

"Passei minha vida tentando manter esse erro..."

"Chame-a de erro mais uma vez, porra!" Grito, e ecoa pelo corredor. "Atreva-se."

Minha mandíbula aperta enquanto fico enraizado
no local.Se chegar perto, vou rasgar sua garganta.

Ele empalidece e engole em seco.

"Claramente você não está ciente de toda a história."

"Não preciso de toda a história. Sei que você não foi o pai que deveria ter sido porque nenhum pai, não importa o que sua filha fizesse,iria tratar ela como você. Sei que nenhum pai decente permitiria que
alguém tão doce e gentil como Heidi acabasse em um motel decadente sem um centavo em seu nome, tendo que recorrer a medidas desesperadas para que pudesse comer."

Ele pisca, e então a cor sobe para suas bochechas.

"Ela foi provida."Diz ele, mas enquanto fala as palavras, posso ver a dúvida nublar seu rosto.

"Você não sabe merda nenhuma sobre ela ou sua situação."

Dou um passo em direção a ele, e o covarde recua. Ele bate contra a minha estante quando me aproximo.

"Ela é tudo o que qualquer um gostaria que
sua filha fosse. Ela é honesta, corajosa e gentil, obviamente não graças a você. Ela é tudo o que desejei se tornando realidade, e tenho sorte o suficiente por ela me deixar estar em sua vida.
Eu a amo e farei tudo na minha vida para reparar o dano que você e a mãe fizeram ao coração dela."

Há um suspiro na porta do meu escritório, e
nós dois nos viramos para ver Heidi parada nos observando. Sua boca está aberta, mas seus olhos estão vermelhos como se ela estivesse chorando. Esquecendo o pai encolhido no canto, vou até ela e a puxo em meus braços.

"Ei, o que há de errado?" Olho em seus olhos, mas ela engole e balança a cabeça.

"Vou te dizer em um segundo." Ela se move para o lado, tentando passar por mim até seu pai, e deixo. Não ficarei entre eles, mesmo que desejasse poder. "Não quero isso."

Ela estende um pedaço de papel dobrado, e ele aperta os lábios em uma linha fina enquanto o pega dela.

"Não sabia que ela não te deu nenhum dinheiro que mandei. Eu..." Ele para de falar e engole em seco como se não tivesse ideia do que dizer.

"Só queria proteger minha família."

Heidi acena com a cabeça e dá um passo para trás enquanto eu a puxo contra o meu lado.

"Não quero seu dinheiro ou qualquer coisa com sua família. Só quero viver minha vida em paz." Ela envolve o braço em volta da minha cintura, e me sinto completo em seu calor. "Não quero nada com você ou minha mãe, nunca mais."

"Se você olhar na direção dela novamente, farei com que não tenha mais a capacidade de ver. Será que estamos entendidos?"

Levanto uma sobrancelha, e ele acena com a cabeça, mas espero até que ele concorde em voz alta.

"Sim." Ele mantém os olhos em mim enquanto se endireita e depois ajusta a gravata. "Nós estávamos querendo sair do bairro de qualquer maneira."

"Espero ver a placa em seu quintal até o final da semana."

Ele balança a cabeça bruscamente e então sai do meu escritório sem olhar para trás. Espero até ouvir seus passos desaparecerem para me virar e encarar Heidi.

"Por que você está chorando?" Seguro seu rosto
em minhas mãos enquanto ela me dá um sorriso aguado.

"Você quis dizer o que você disse?" Funga.

"Claro que sim." Pisco em estado de choque. "Eu te amo, e farei qualquer coisa para te proteger. Não é óbvio?"

"Oh meu Deus, Reese." Ela joga os braços em volta de mim, e eu beijo suas bochechas. "Eu também te amo."

"Eu sei, baby." Meus lábios se movem em sua mandíbula até encontrarem o dela, e o beijo é lento
e doce.

É um longo momento antes de eu me afastar e olhar para ela mais uma vez.

"Diga-me por que você estava chorando quando chegou aqui."

"Fui suspensa." Quando diz isso, ela dobra o queixo para que não possa ver seu rosto. "Uma das dançarinas do clube nos denunciou por estarmos
lá juntos, e eles me suspenderam da faculdade enquanto investigavam. Provavelmente vão te demitir. Sinto muito, Reese. Sinto muito mesmo."

Tudo sai com pressa, e sorrio suavemente.

"Foda-se eles," digo, e então seus olhos se voltam para os meus. "Vou me demitir. Só aceitei este trabalho como um favor. Não preciso do dinheiro nem do trabalho.Se for você ou eles, escolho você." A beijo suavemente e depois sorrio mais uma vez. "Sempre escolherei você."

"Como tive tanta sorte de encontrar alguém como você em um clube de strip?"

Não posso deixar de rir enquanto balanço a cabeça.

"Vamos para casa." Puxando-a em meus braços, inalo seu cheiro, e um peso que não sabia que estava lá é tirado de mim.

Ela me ama, eu a amo, e estamos nisso juntos.

Agora só tenho que descobrir como colocar o anel no meu bolso em seu dedo antes que a noite acabe.

Ensina-me (1 livro da série Universidade de Kingston )Onde histórias criam vida. Descubra agora