Capítulo 3

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A sensação familiar de acordar com o vento batendo fracamente na janela me faz querer continuar deitada por mais tempo

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A sensação familiar de acordar com o vento batendo fracamente na janela me faz querer continuar deitada por mais tempo. Não que hoje houvesse algo especial, nada disso, mas estar de volta em casa trazia um conforto que eu não sabia que precisava. Senti uma paz estranha, quase como se este fosse o lugar certo para eu estar.

Joguei as cobertas para o lado e me levantei rápido demais. A tontura foi imediata. Com a cabeça girando por um segundo, respirei fundo antes de colocar os chinelos e seguir direto para o banheiro. Sabia que aqui teríamos que dividir um único banheiro, mas não me importava. Era uma rotina que eu estava disposta a encarar, desde que isso significasse algum tempo com Charlie.

Após tirar o gosto horrível de manhã da boca, olhei meu reflexo no espelho. O frio não era uma novidade, claro, mas ele parecia penetrar mais profundamente aqui em Forks. Puxei o moletom surrado e combinei com uma calça legging velha. Perfeito para um dia em casa. Não fazia questão de parecer arrumada, afinal, ninguém além de Bella estava por perto, e ela era a última pessoa que eu precisava impressionar.

Descendo as escadas, o cheiro de panquecas começou a invadir o ar. O som suave de panelas batendo vinha da cozinha. Lá estava Bella, me perguntei como esse momento seria. Fazia anos desde que havíamos trocado mais do que algumas palavras educadas por telefone. Senti um aperto no estômago – e não era fome.

Ao entrar na cozinha, fui recebida pela visão da cabeleira castanha de Bella, agora mais longa e levemente mais desgrenhada do que na última vez em que a vi. Ela se movia de forma quase automática, concentrada no fogão, e parecia nem notar minha presença. Fiquei parada por um instante, observando-a, e me perguntei o quanto nós duas havíamos mudado. Ela era magra, com o mesmo olhar intenso de antes, mas algo nela parecia diferente, quase... mais reservado. Me perguntei o que acontecera nesse tempo. Ela me pareceu uma estranha, o que me incomodava mais do que eu gostaria de admitir.

Quando Bella finalmente se virou e me viu, seus olhos se arregalaram levemente, e eu senti um desconforto familiar. Ela não sabia como agir perto de mim, e, sinceramente, eu também não sabia como agir perto dela.

— Olá, Bella! — Minha voz saiu mais alta do que eu pretendia, talvez tentando disfarçar minha própria tensão.

— É... oi, Jordina. É muito bom te ver, quer dizer, rever — ela respondeu, balançando a cabeça, como se tentasse se convencer do que dizia. Bella parecia mais tensa que eu, o que era um alívio, de certa forma. Eu não era a única desconfortável aqui.

Dei um sorriso leve, tentando parecer mais à vontade do que realmente me sentia, e me sentei em uma das cadeiras ao redor da mesa. Uma torre de panquecas me esperava, e o cheiro era bom. Mesmo assim, tudo naquela situação parecia estranho. Como se estivéssemos desempenhando papéis que não sabíamos mais interpretar.

— Você é quem fez? — Apontei para as panquecas, tentando quebrar o gelo.

— Sim, bem, achei que gostaria de ter um café da manhã no seu primeiro dia aqui — Bella disse, sentando-se na minha frente e deslizando uma pequena xícara de café na minha direção. Ela ainda não parecia relaxada, e a tensão entre nós era palpável. De perto, eu notava o quanto éramos diferentes. Não compartilhávamos nenhum traço físico, e essa constatação era quase desconcertante.

𝐒𝐨𝐦𝐛𝐫𝐚𝐬 𝐐𝐮𝐞 𝐃𝐚𝐧𝐜̧𝐚𝐦- 𝓙𝓪𝓼𝓹𝓮𝓻 𝓗𝓪𝓵𝓮Onde histórias criam vida. Descubra agora