JIMIN
Ting! — Em que as portas do elevador do hotel foram abertas, meus sentidos são imediatamente engolidos pelas luzes brilhantes dos candelabros e pela melodia sofisticada daqueles que sabiam como rir. A reunião social do Cho Kyuhyun é exatamente aquilo que eu poderia esperar de uma pessoa como ele: um espetáculo de opulência e bom gosto, com toques da pretensa intelectualidade que cultivava. Meu primeiro foco foi a coluna grega com capitel do tipo coríntio. Uma ostentação da alta sociedade, uma manifestação de seu poder.
Virei-me para dar uma última encarada pela parede espelhada. Vi a mim mesma e Minjeong, minha esposa. Aquele era para ser o nosso último baile de gala do ano, e, com a véspera do Ano-novo se aproximando, havíamos decidido ir. Nossos longos vestidos contrastavam - em tons azuis para Minjeong e tons avermelhados para mim. Avançávamos em passos sem pressa, nossos braços entrelaçados.
— Como estou? — perguntou Minjeong, se encarando no espelho e moldando o cabelo com uma das mãos.
— Você está ótima — respondi. Meus olhos estavam hipnotizados pelos detalhes daqueles coríntios.
— Meu cabelo está bom?
— Está bom.
— Apenas bom? — Puxou e apalpou seus fios.
— Está muito bom.
— Você nem está olhando! — choramingou como um filhotinho de cão.
— Você está perfeita, meu amor. — Virei-me finalmente e lhe respondi com um sorriso conveniente. — Você sempre consegue estar perfeita de um jeito ou de outro. — Beijei-lhe o meio da testa, onde havia um espaço no meio dos fios de seu cabelo.
— Ah... para com isso, vai! — Escondeu sua risada e deu um tapa brando em meu braço. — Acho que tudo parece certo. Nós podemos ir agora.
Assim que entramos no salão, fomos recebidas como amigas esperadas pelo anfitrião, o Cho Kyuhyun em pessoa. O senhor é alto, usa óculos e foi galã em seus bons anos. Ao lado do mesmo, estava a sua esposa, uma beleza estrangeira, húngara, e relativamente distante da sua idade.
Trocamos cumprimentos, apertos de mão e alguns beijos nos dois lados da bochecha.
— Dra. Karina! Minjeong! É muito bom ver vocês duas! — disse Kyuhyun. Havia uma breve lembrança do cheiro de álcool em seu hálito. — Olha só para você, Minjeong! Perdoe-me pela inconveniência, mas já te disseram que está estonteante hoje?
Kyuhyun e Minjeong trocam sorrisos suficientes para o tempo e espaço que tínhamos.
— Doutora, aquele osteopata o qual me recomendou para o braço é maravilhoso — continuou o mais velho. — Precisa ver como estou jogando tênis agora. Meu lances nunca estiveram tão bons!
— É, ele é o melhor osteopata de Seul — respondi com um sorriso confiante.
O mais velho me abraçou pela lateral do corpo, chacoalhando meu ombro.
— Percebi isso pelo tamanho da conta! — Deu uma risada social, esticando os olhos até sumirem em seus pés de galinha. — Entrem, aproveitem o baile. Encontro vocês daqui a pouco. Muito obrigado por virem. — Acenou com a cabeça, se afastando com sua esposa ao lado.
— Obrigada, senhor! — respondi.
— Até! — respondeu Minjeong.
Luzes suaves refletidas em chamas douradas pelas paredes espelhadas, dando a impressão de que estávamos em um sonho, um palácio irreal de senhores. O cabelo loiro de Minjeong parecia especialmente deslumbrante sob a luz tênue. Seu perfume doce, porém, parecia fundido com o cheiro de ostras e aromas de champanhes disponíveis no bufê, que beliscavam o profundo do olfato, no fundinho de meu nariz.
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Traumnovelle (Romance Onírico) | Winrina
FanfictionEm meio a uma acalorada discussão de casal, Kim Minjeong admite ter tido uma fantasia sexual com um homem que conheceu ao acaso. Sua esposa, a médica Yu Jimin, fica obcecada com a ideia. Um chamado de seu cliente à beira da morte põe início a um jog...