Fernando sai da empresa, sentindo o ar fresco da manhã ensolarada. As ruas da avenida estão movimentadas por pedestres e carros. Enquanto caminha, os pensamentos vagam naquele homem conversando com Jessie, como aquilo lhe deixara um tanto perturbado. Porém, o CEO sabe que a vida dela não é de sua conta e não pode ficar indagando-a como se tivesse o direito. Ao chegar na cafeteria, ele empurra a porta de vidro com sutileza e o tilintar do sino chama a atenção dos clientes. O cheiro do café e dos doces faz seu estômago roncar, embora já tenha tomado o café com biscoitos que a secretária comprara.
Ele dá uma olhada ao redor e logo avista Glenda sentada na mesa do canto, os cabelos pretos com grisalhos da mulher preta de pele média-escura estão presos num afro puff e o laptop aberto à sua frente. Ela está tão concentrada que mal percebe a chegada dele, que se aproxima. O sorriso dela surge quando finalmente levanta a cabeça, vendo-o em sua frente. Fernando puxa a cadeira e se senta, Glenda fecha o laptop.
A cafeteria é elegante, muito usada para trabalhar ou passar um tempo. As paredes são pintadas de verde-claro com detalhes alinhados de preto. Há uma variedade de obras de arte nas paredes, o teto é escuro com luminárias penduradas. O piso é de madeira bege, o espaço inclui bancos de couro verde-escuro ao longo de uma parede, tem mesas e cadeiras amadeiradas brilhantes. Há também um balcão perto da janela, onde os clientes podem sentar e desfrutar de bebidas com vista para uma praça local do outro lado da rua, e o balcão dos atendentes onde há uma vitrine com doces e salgados.
— Cadê o café, coroa? — Fernando cruza os braços e dá risada.
— Tá passando fome? — Glenda levanta uma sobrancelha, rindo.
— Faço questão de pedir as coisas mais caras só porque é você que vai pagar — ele dá de ombros.
— Aí que tu se engana, viu? — Ela se recosta na cadeira e acena para a atendente atrás do balcão. A jovem se aproxima com a agenda, pronta para anotar os pedidos.
— Bom dia, o que vão pedir? — Ela pergunta com um sorriso simpático.
— Vou querer um croissant sem recheio e café amargo — Glenda responde: a moça anota e vira para Fernando, esperando sua vez.
— Bolo de milho cremoso com cappuccino quente. Obrigado!
— Com licença — ela volta para o balcão onde deixa o pedido deles.
— Que cara de cu é essa? — Glenda franze a testa, observando ele.
— Porra, assim na lata? — Fernando ri pela sinceridade dela.
— Se eu não te conhecesse, me chamaria Heloísa Cavalcante! — ela balança os ombros, desdenhosa.
— Tô pensando em largar a empresa esse ano…
— Conversa velha, Fernando! — Glenda diz impaciente, enquanto pousa as mãos adornadas com anéis caríssimos em cima da mesa.
— Sabe que ainda não saí porque não tive a chance…
— De promover a Jessie — ela completa antes que ele consiga terminar — conversa velha também.
— Pô, cadê a credibilidade? — Fernando une as sobrancelhas.
— O que você tá esperando? Não entendo por que a demora. Ela já se mostrou uma pessoa competente, então tá esperando o quê?
— Não consigo imaginar minha rotina sem a Jessie, ela é minhas pernas ali. — Ele dá de ombros.
— E o que isso vai importar quando você vazar dessa merda? — Glenda se inclina para frente, esperando uma resposta convincente.
— Tô aproveitando o máximo que posso.

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Proposta Perfeita
RomanceFernando considera o aniversário de casamento dos avós um evento indesejado, e as razões para isso são óbvias. No entanto, à medida que a data se aproxima, ele decide que é necessário mudar essa situação naquele ano. Para isso, é fundamental deixar...