Chapter 3

34 5 4
                                    


Cate estava em sua poltrona favorita, o ambiente iluminado pela luz suave da lâmpada ao lado, criando uma atmosfera aconchegante. A taça de vinho em suas mãos parecia um pequeno refúgio, um momento para si mesma em meio à rotina agitada da escola e das responsabilidades diárias. Enquanto o líquido rubro dançava suavemente na taça, seus pensamentos começaram a vagar.

Helena. O nome ressoava em sua mente como uma melodia familiar, mas com um toque de algo inesperado. "Essa menina tem algo diferente..." Cate suspirou, seu olhar perdido na janela enquanto as lembranças da última aula surgiam. Helena tinha uma maneira peculiar de ver o mundo, como se cada detalhe fosse uma obra de arte esperando para ser apreciada. Isso a intrigava e a deixava inquieta ao mesmo tempo.

Ela tentou afastar esses pensamentos, focando no sabor do vinho e na tranquilidade momentânea que a envolvia. Mas não conseguia escapar da imagem de Helena, com seus olhos brilhantes e curiosidade insaciável. O que havia naquela garota que a cativava tanto?

Nesse momento de introspecção, seu telefone tocou, interrompendo sua reflexão profunda. Era seu marido, avisando que ia atrasar no trabalho. Cate pegou o celular com um leve sorriso, mas a mente ainda estava longe, mergulhada nas complexidades do que sentia por Helena.

“Tudo bem, amor”, respondeu ela, tentando esconder a confusão que permeava seus pensamentos. “Apenas tome cuidado no caminho.” Após desligar, Cate olhou pela janela mais uma vez e observou as folhas das árvores se movendo suavemente ao vento, como se dançassem uma coreografia silenciosa. Esse movimento a fez refletir sobre como a vida poderia ser fluida e cheia de surpresas.

Enquanto tomava mais um gole do vinho, Cate começou a considerar a possibilidade de conversar com Helena sobre suas aspirações e sonhos. Quem sabe isso poderia ajudá-la a entender melhor essa conexão? Ela sorriu ao imaginar como seria essa conversa;

talvez fosse o primeiro passo para se aproximar de Helena.

Cate deixou a taça de vinho de lado, sentindo-se um pouco mais leve, como se aquele pequeno ritual tivesse despejado parte das tensões acumuladas ao longo do dia. A casa estava silenciosa, exceto pelo suave som da brisa passando pelas janelas. Ela decidiu que era hora de se cuidar e relaxar um pouco mais. Com passos leves, subiu os andares, cada passo ecoando em sua mente como uma batida de tambor, um lembrete de que estava se movendo em direção ao conforto.

Ao chegar ao banheiro, ela acendeu algumas velas aromáticas, o cheiro de lavanda preenchendo o ambiente e criando uma atmosfera tranquila. Cate ligou a água quente da banheira e observou enquanto ela começava a encher. O vapor subia, envolvendo o espaço com um calor acolhedor. Enquanto aguardava, começou a imaginar como seria a conversa com Helena—o que ela diria? Como poderia expressar a curiosidade e a admiração que sentia?

Com o som da água correndo, Cate decidiu que merecia esse momento de indulgência. Assim que a banheira estava cheia, ela retirou o vestido que estava usando, deixando à mostra suas curvas definidas. Olhando-se no espelho por um instante, fez uma leve pose, admirando-se antes de entrar na água quente e relaxante. Quando seus pés tocaram a superfície da água espumante, um suspiro escapou de seus lábios. Era como se todas as preocupações do dia fossem dissolvidas naquele instante.

Cate se acomodou na banheira, deixando-se afundar lentamente até que apenas seu rosto estivesse acima da espuma. O calor da água envolvia seu corpo como um abraço carinhoso, e ela pegou seu celular para passar o tempo enquanto relaxava. Começou a rolar pelas redes sociais, mas sua mente ainda estava inquieta. Um pensamento surgiu: "E se eu procurar o Instagram da Helena?"

Com as mãos úmidas e um pouco hesitantes, Cate começou a digitar o nome de Helena na barra de pesquisa. Ela tentou várias combinações—"Helena", "Helena Silva", "Helena123"—mas nada parecia se encaixar. A frustração começou a tomar conta dela até que finalmente digitou "Helena Ferreira" e… bingo! O perfil apareceu na tela. Com um misto de ansiedade e excitação, Cate clicou no nome.

Por sorte, o perfil era público. As fotos começaram a carregar uma a uma; cada imagem era uma janela para a vida vibrante de Helena: sorrisos largos em meio a amigos, momentos capturados em festas e viagens, algumas selfies onde seus olhos brilhavam com uma energia contagiante. Cate não conseguia desviar o olhar; cada foto parecia contar uma história diferente e intrigante.

Enquanto navegava pelas imagens, sentiu uma conexão crescente com Helena—como se estivesse conhecendo uma amiga antiga através das memórias digitais. Mas então, enquanto seu dedo deslizava involuntariamente sobre a tela, aconteceu: ela curtiu uma foto sem querer! A imagem mostrava Helena em uma pose descontraída na praia com os amigos; o sol brilhava sobre seu cabelo castanho claro.

"Aí meu Deus!!" Cate exclamou em voz alta, os olhos arregalados enquanto tentava rapidamente voltar atrás para desfazer sua ação. Mas seu celular travou justo naquele momento—"Droga!" Cate disse frustrada ao ver que não conseguia apagar a curtida.

Num impulso impensado de desespero e vergonha, ela lançou o celular para longe; ele aterrissou suavemente em uma toalha próxima à pia do banheiro. O som do impacto foi abafado pela água borbulhante ao seu redor. Cate afundou na espuma da banheira por alguns segundos como se quisesse escapar do mundo real.

A situação era tão embaraçosa que ela não sabia se ria ou chorava. Como poderia ter sido tão descuidada? Agora Helena saberia que ela estava observando sua vida online! Um turbilhão de pensamentos invadiu sua mente—e se Helena achasse estranho? E se essa curtida fosse interpretada como algo mais? Uma onda de ansiedade tomou conta dela enquanto tentava processar tudo isso.

Cate respirou fundo e tentou se acalmar. Lembrou-se das conversas que tinha tido com suas amigas sobre as redes sociais; muitas vezes eram apenas isso—momentos efêmeros que não significavam nada além do que eram na superfície. Mas essa ideia parecia distante quando pensava em Helena.

Ela olhou novamente para o celular jogado na toalha e decidiu pegar novamente; talvez fosse melhor enfrentar isso agora do que ficar presa nesse ciclo de preocupação. Com um toque hesitante na tela, desbloqueou o celular e voltou para o Instagram.

Helena havia postado novas fotos desde a última vez que olhou; talvez ali estivesse uma resposta ou até mesmo uma forma de iniciar uma conversa! A curiosidade venceu o medo por um momento.

Cate começou a visualizar as fotos novamente; havia uma onde Helena estava com um grupo de amigos no parque durante um piquenique—todos rindo e compartilhando momentos simples mas cheios de alegria. Havia algo tão autêntico naquela imagem que fez Cate sentir-se atraída por aquela energia vibrante.

Ela percebeu então que talvez houvesse mais ali do que apenas admiração platônica; talvez houvesse também um desejo genuíno de conexão humana—algo tão raro nos dias atuais quando tudo parecia ser superficial nas redes sociais.

Decidida a não deixar aquela curtida estragar suas chances de conhecer melhor Helena, Cate decidiu enviar uma mensagem direta para ela ali mesmo da banheira. "Oi Helena! Vi suas fotos incríveis no Instagram! Você parece ser alguém muito divertido!" O coração dela acelerou enquanto digitava aquelas palavras simples mas carregadas de significado.

Talvez Cate tivesse enviado essa mensagem por estar levemente bêbada da taça de vinho, suas palavras dançando na tela como se estivessem acompanhando a música suave que tocava ao fundo. A sensação de liberdade que o álcool proporcionava a fazia esquecer, mesmo que por um momento, das inseguranças que a assombravam. Ela sorriu ao pensar que, talvez, esse fosse o melhor jeito de se abrir: com um toque de coragem líquida e um coração leve.

___________________________________________

The TeacherOnde histórias criam vida. Descubra agora