Delegacia.

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HORAS DEPOIS

Yoongi massageou o pulso que estava levemente avermelhado pelo aperto brusco de um dos policiais. Ele não se importava, mesmo sabendo que isso renderia um belo processo contra o desgraçado. O fato é que ele já tinha feito a sua parte ali: tinha conseguido atrair a atenção de toda a cidade para o crime ambiental que a prefeitura pretendia realizar. Aquela notícia sem sombra de dúvida repercutiria em todas as mídias, especialmente na televisão e na internet. Era isso o que ele queria.

Entre um suspiro e outro, ele abaixou a manga do agasalho de moletom preto que usava. Namjoon estava discutindo fervorosamente com os pais, que obviamente odiaram ver o rosto dele estampado em todos os canais de televisão e quanto a Ju Kyung, ela discutia com os irmãos e com a mãe. Estavam todos revoltados com o envolvimento dela naquele "ato típico de rebelde sem causa".

Ah, naquele momento, Yoongi desejou ter um maço de cigarro esquecido dentro do bolso da calça para fumar. Mas não tinha. E seu pai estava muito puto, e se sentisse cheiro de cigarro, provavelmente não iria poupá-lo de uma noite de sermão bíblico daquelas. Obrigado, ele preferia pular tal evento.

—Foi muito foda o que você fez hoje, Yoon.

O estudante ergueu a cabeça a tempo de cruzar seu olhar com o do gostoso do Jeon. Ele tinha os olhos brilhantes cravados em sua direção e um sorriso orgulhoso estampado nos lábios.

Estava tão absorto em seus pensamentos e receoso da briga – que com certeza teria – com seu pai, que ele simplesmente não percebeu os três garotos o seguindo. Se não fosse pela voz melodiosa e charmosa de Jungkook, Yoongi nunca teria se atido a ele ou a Hoseok e Taerhyung que, estranhamente, seguiam atrás dele, resultando em uma cena bastante curiosa e intrigante. Eles pareciam os seus seguranças particulares.

Ele coçou a nuca, um tanto desconfortável e ao mesmo tempo repleto de questionamentos que não teria chance de fazer, já que seu pai gritava a pleno pulmões para ele adentrar a minivan da família ou teria de caminhar até a residência. Ele ainda não sabia como não tinha sido expulso da família e se perguntava qual seria o "limite" para que isso acontecesse.

—Ah, não. Eu fiz o que qualquer pessoa decente deveria fazer. — Disse humildemente, dando de ombros. Ele realmente não via nenhuma grandeza em suas ações. Ele fazia porque sentia-se no dever cívico de preservar o meio ambiente.

—Eu concordo com o projetinho de emo. — Dessa vez foi Hoseok quem se pronunciou, Yoongi o fitou inexpressivamente. O Jung tinha o boné virado para trás, como de costume, e aquela cara de idiota completamente socável. Ele também vestia a sua inseparável camiseta de flanela, branca e preta totalmente surrada. — Foi muito foda. Se vale de alguma coisa, você ganhou o meu respeito.

—Hum. Valeu, eu acho. — Yoongi pigarreou, olhando de um para o outro, finalizando seu olhar em Taehyung.

—Yoongi, Taehyung! — O senhor Min os chamou.

—Eu tenho que ir. Obrigado pelos elogios. — Yoongi sorriu falsamente na direção dos dois e acenou para eles, apressando-se em direção ao automóvel do pai.

O meio-irmão o seguiu em silêncio, com ambas as mãos atrás da sua cabeça. Ele não fazia ideia de que buraco, ou melhor dizendo, de que esgoto aquela dupla de idiotas J havia surgido, mas definitivamente não havia gostado nada da maneira que ficaram rodeando a sua chaminé ambulante preferida.

Ele sequer sabia, até aquele momento, de que o Min fazia sucesso entre os garotos. Sabia que ele era um dos caras mais bonitos do colégio – isso era indiscutível, mas... Nunca viu ninguém chegar nele.

Mas no que é que estava pensando afinal? Ele era seu irmão postiço, de consideração. Taehyung meneou a cabeça e respirou pesadamente. Todas as suas chances de ficar com ele, já foram esmagadas no momento em que sua mãe teve a brilhante ideia de se apaixonar pelo senhor Min.

(...)

Ele rolou de um lado para o outro na cama, sem conseguir pegar no sono. E, percebendo a inquietude dele, Taehyung começou a chutar seu colchão.

—Você quer parar? — Vociferou o mais velho, embora por poucos meses.

—Então para de ficar se mexendo! — Devolveu o Kim, irritado. — Depois de passar o dia inteiro na delegacia, com a ameaça de ficar preso por tempo indeterminado, você ainda tem energia para ficar me tirando do sério. Puta merda, isso deve ser um dom.

Revirando os olhos, Yoongi respirou fundo e então se inclinou na beirada da cama, encarando o moreno da cama debaixo que o encarava de volta, um tanto confuso com a atitude dele.

—O que você acha dos J terem ido me ver lá na delegacia?

Surpreso com a pergunta, o outro fez uma careta.

—Eu deveria achar alguma coisa? — Seu tom era ríspido e frio. Mas por dentro, ele achava muitas coisas sobre aqueles dois. Nada que pudesse dizer para o outro, evidentemente.

—Eu to tentando ter uma conversa civilizada com você, praga — Yoongi respirou fundo, cansado. — Eu nem sabia que o Jungkook sabia que eu existia até outro dia, e agora... Ele fica aparecendo do nada, sendo simpático... Isso é um pouco confuso. E eu não esperava que aquele duende maligno do Hoseok soubesse ser legal com outra pessoa. Será que é viagem minha achar que ele está interessado? Ou melhor, que os dois podem estar interessados?

Taehyung o encarou por três minutos inteiros sem conseguir verbalizar uma resposta. Toda aquela situação era tão irritante quanto curiosa mesmo.

—O que você quer que eu responda, Min? Que eles estão doidos para comer o seu tofu? Isso ia te deixar feliz?

Irritado, Yoongi soltou alguns palavrões antes de voltar a se jogar no colchão, ignorando-o. Não podia ser coisa da sua cabeça, principalmente pelo fato de os dois terem o esperado na saída da delegacia!

As vezes ele se arrependia amargamente de dirigir a palavra para o Kim. Ele era cognitivamente incapaz de responder algo sem ser grosseiro e deplorável. Yoongi esfregou os olhos entre as mãos. Iria conversar com a irmã postiça, Joo Kyung provavelmente acharia o mesmo. Ou até mesmo Namjoon...

Não. Namjoon não sabia que Seokjin era apaixonado por ele há anos. Ele não era muito perspicaz ou inteligente nesse aspecto. Yoongi suspirou fundo, aconchegando-se ainda mais ao travesseiro.

—Não pode ser viagem minha. Os dois apareceram tipo, do nada, no meio da manifestação e esperaram eu sair da delegacia só para me verem...

Taehyung rolou os olhos e reprimiu a vontade de chutar o colchão dele novamente, bufando e se virando para o lado da parede.

—Eu vou perguntar para a Joo Kyung. — Decidiu Yoongi, sentando-se na cama e se preparando para descer do beliche.

—Se eu fosse você eu não faria isso. Seu pai ainda ta puto por causa da manifestação e já são quase uma hora da manhã. — O tom de voz dele era morno, cansado, e Taehyung fingia bocejar, encarando a parede a sua frente. Ele também queria saber a razão para o Debi e Loide terem esperado Yoongi.

—É, você tem razão. — Yoongi mordeu a boca, claramente ansioso e então bocejou. Mesmo que não tivessem conseguido impedir a demolição da árvore, aquele protesto serviu para adiá-la pelos próximos seis ou sete meses; e quando eles batessem o martelo, tentando derrubá-la novamente, ele estaria lá outra vez. Ele tinha muito tempo e muitas ideias para tentar impedir aquela desgraça.

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⏰ Última atualização: Sep 28, 2024 ⏰

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