I : o primeiro contato.

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“Meus olhos se apaixonaram pelo seu sorriso. Meus ouvidos se encantaram pelo som da sua voz. Espero um dia permitir que meus lábios caiam de amores pelo doce toque dos seus.                                                                                                       — com amor, seu gatinho.”

Jisung sorriu ao ler o bilhete deixado em seu armário. Era o terceiro da semana.

ele tá trabalhando duro para me deixar apaixonado”, pensou, com um sorriso bobo nos lábios.

Jisung enfiou a mão no bolso de trás dos jeans escuros e alcançou o celular com desenhos de corações na parte traseira, começando a digitar:

"Achei que já tínhamos passado da fase dos bilhetes românticos"— Han.

E uma resposta não demorou a chegar:

"Adoro trocar mensagens com você, mas nada se compara ao seu sorriso quando lê um bilhete que te escrevi" — Gatinho.

Jisung ergueu a cabeça no mesmo segundo e examinou todo corredor, procurando por qualquer um que pudesse ser o seu gatinho, mas não havia ninguém ali além dele.

Decepcionado, ele voltou a encarar seu aparelho celular.

"Estou sorrindo agora, não quer aparecer para ver?" — Han.

"Proposta interessante, mas não vou cair no seu jogo" — Gatinho.

Jisung não conseguiu controlar um riso bobo.

Naquele dia completava um mês desde que o jovem garoto de cabelos pretos como a noite começara a trocar mensagens com o gatinho, um completo desconhecido de palavras doces que faziam o coração de Jisung sambar mais do que escola de samba no carnaval. E o mais estranho é que esse gatinho — como o próprio se nomeava — podia fazer Jisung sentir tudo aquilo mesmo sem nunca ter revelado seu rosto ou voz.

O Han se lembrava perfeitamente da tarde em que recebeu o primeiro bilhete do gatinho deixado em seu armário. Era uma sexta-feira e tudo que Jisung queria para aquele dia era que ele acabasse logo para poder passar o sábado e o domingo inteiros maratonando Stranger Things com Hyunjin enquanto se entupiam de salgadinhos e refrigerantes. No entanto, sua vida amorosa deveras patética resolveu se tornar um pouco menos patética quando Jisung abriu seu armário durante o último período e um bilhete cor de rosa caiu em seu pé.

“Todos os dias espero ansiosamente para te ver. Quando você cruza o corredor, todo o resto desaparece e tudo que consigo ver é você. Eu serei o garoto mais feliz do mundo quando você finalmente for meu. — com amor, seu futuro gatinho.”

E para a felicidade de Jisung, os bilhetes românticos não pararam por aí. Quase todos os dias eles apareciam em seu armário, em papéis diferentes e com mensagens diferentes, às vezes bem melosas e outras vezes safadinhas o suficiente para fazer suas bochechas gorduchas virem tomates de tão vermelhas. Jisung queria responder a cada uma delas, sanar todos os pontos de interrogação que se acumulavam em seu cérebro, mas não tinha como entrar em contato com o desconhecido.

Até que duas semanas depois, o tal gatinho pareceu adivinhar o quanto Jisung desejava conversar com ele que deixou o seu número junto ao bilhete de quarta-feira. E sem esperar mais um único segundo, Jisung o chamou naquele mesmo momento. A mensagem demorou a ser respondida — poucos minutos apenas —, mas que para o coração acelerado de Jisung pareceram uma eternidade.

Assim que o contato do tal gatinho — que tinha literalmente um gato malhado como foto de perfil — mudou de online para escrevendo e uma resposta chegou, eles dispararam a conversar. Nem as aulas daquele dia foram capazes de deter o Han que não desgrudou os olhos da tela do celular nem por um segundo, completamente entusiasmado em conversar com o desconhecido, que parecia tão empenhado quanto o próprio Jisung, já que respondia dentro de segundos. E emocionado como era, Jisung não demorou a pensar que o encontro dos dois era como o encontro de almas gêmeas. Ele sentia que poderia confiar o mundo ao seu gatinho, mesmo sem ao menos saber quem ele era.

Love, Han.Onde histórias criam vida. Descubra agora