capítulo único

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Dean estava sentado na cozinha do bunker, uma garrafa de cerveja pela metade à sua frente, mas a bebida não estava ajudando. Seu celular repousava em cima da mesa, a tela apagada, mas a última ligação ainda pesava em sua mente.

Ele havia ligado para Castiel mais cedo, sem motivo específico, talvez apenas para ouvir sua voz. Mas o que ele ouviu... fez seu sangue ferver.

Ao fundo da ligação, ele escutou risadas, murmúrios, e, por mais que quisesse se enganar, os sons eram claros demais: Castiel estava com alguém. Não era uma suposição - era um diagnóstico cruel e definitivo de uma situação que Dean não queria encarar.

"Ele está com alguém", Dean pensou, a mão apertando a garrafa com tanta força que parecia prestes a estourar.

O que ele ouviu não era apenas dois amigos conversando. Era íntimo demais, envolvente demais. E Castiel, ao ser confrontado, não negou.

- Estou com um amigo - Cas dissera, a voz um tanto distante, quase como se estivesse tentando esconder o que realmente estava acontecendo.

"Amigo".

A palavra girava na mente de Dean, ecoando com uma intensidade que ele odiava.

Não era um amigo.

Ele sabia disso no fundo.

Ele podia sentir.

Castiel estava em uma relação física com essa pessoa - e o pensamento de alguém tocando Cas de uma forma que deveria ser reservada apenas para ele, fazia Dean perder o controle de si.

O silêncio no bunker era denso, quase opressor, enquanto ele tentava processar o que havia acontecido.

O que ele ouviu no telefone deixou claro: Cas estava com outra pessoa, provavelmente nos braços de alguém.

E Dean... Dean estava sentado sozinho, ouvindo cada som, sentindo cada punhalada.

Finalmente, ele ouviu a porta do bunker se abrir.

Castiel estava de volta.

Dean respirou fundo, tentando manter a calma, mas a raiva e o ciúme borbulhavam perigosamente sob sua pele.

Ele sabia que, se não confrontasse Cas agora, aquilo o consumiria por completo.

Quando Castiel entrou no corredor, Dean já estava lá, de pé, esperando.

Seus olhos estavam fixos em Cas, e o silêncio entre eles era palpável, quase como uma tempestade prestes a explodir.

- Você se divertiu? - Dean perguntou, a voz carregada de sarcasmo e raiva.

- Com seu "amigo"? - Ele deu um passo à frente, os olhos queimando de ciúmes.

Castiel parou no meio do corredor, a expressão inicialmente confusa, mas logo mudando para algo mais sério.

Ele percebeu o que estava acontecendo, e seu rosto endureceu.

- Dean... - Castiel começou, mas Dean o interrompeu.

- Não. Não vem com essa, cara. - Dean deu mais um passo à frente, sua respiração pesada.

- Eu liguei pra você, Cas. Eu ouvi. Você estava com ele, não estava? Com seu "amigo". Eu ouvi vocês dois... juntos. - Dean quase pôde ver a luta interna no rosto do anjo.

Castiel ficou em silêncio por um momento, como se estivesse pesando as palavras.

- Dean, eu... - Cas começou, sua voz baixa, quase cautelosa. - Sim, eu estava com ele, mas não é o que você está pensando.

- Não é o que eu estou pensando? - Dean riu, mas era uma risada amarga, cheia de dor.

- Eu ouvi as risadas, ouvi você sussurrando. Parecia o que eu estou pensando. Então, por que você não me diz? Vocês dois estão juntos? Vocês... - Dean hesitou, as palavras ficando presas em sua garganta. - Vocês estão transando? -

Castiel pareceu ser atingido por um golpe invisível, mas ele não desviou o olhar. Ele sabia que a verdade não podia ser mais evitada.

- Não estamos em um relacionamento. Não... de verdade. - Castiel disse, a voz pesada com um tom de arrependimento. - Mas sim, houve um momento entre nós. -

Dean sentiu como se o chão estivesse se abrindo sob seus pés. A confirmação o atingiu como um soco no estômago. Sua respiração ficou irregular, o coração batendo tão rápido que parecia que ele não conseguiria aguentar.

Ele se afastou um pouco, passando as mãos pelo cabelo enquanto tentava processar.

- Então é isso? - Dean murmurou, a voz cheia de amargura.

- Você está com ele... enquanto eu fico aqui, esperando como um idiota. -

Castiel deu um passo em sua direção, seu rosto mostrando arrependimento, mas Dean se afastou, levantando a mão.

- Não! Não se aproxime agora, Cas. - Dean praticamente rosnou.

- Eu... eu não sou estúpido. Eu sei que nunca fui bom com palavras, sei que nunca deixei claro o suficiente, mas porra... eu pensei que você soubesse. Pensei que você soubesse que... você significa tudo pra mim. -

Castiel pareceu paralisado por um momento, seus olhos tristes e culpados.

- Dean, eu nunca soube que isso te afetava assim... Eu... achei que nunca se importaria se eu... -

Dean se aproximou novamente, a raiva ainda pulsando, mas agora misturada com algo mais vulnerável.

- Como você pode pensar isso? - Ele sussurrou, a voz falhando.

- Você e Sam são tudo pra mim, Cas. E a ideia de você estar com outra pessoa... me destrói. -

Castiel ficou em silêncio, absorvendo as palavras de Dean. Ele deu mais um passo à frente, sua mão tocando levemente o braço de Dean, um toque suave, mas cheio de significado.

- Eu sinto muito, Dean. Eu... nunca quis te machucar. Nunca quis te fazer sentir assim.

Dean olhou para Cas, seu peito subindo e descendo enquanto tentava recuperar o fôlego, ainda lutando contra as emoções que o consumiam. E então, antes que pudesse pensar, ele o puxou para perto, suas bocas se encontrando em um beijo feroz, desesperado, carregado de toda a dor e desejo acumulados durante anos.

O beijo foi intenso, duro, como se Dean estivesse tentando reivindicar o que sempre foi dele, como se estivesse marcando o território que, em sua mente, nunca deveria ter sido tocado por outro.

Quando eles se separaram, ambos respirando com dificuldade, Dean encostou sua testa na de Cas, os olhos ainda fechados.

- Nunca mais, Cas - ele sussurrou, a voz rouca. - Nunca mais me faça passar por isso. - A voz de Dean saiu baixa, quase um pedido.

Castiel assentiu, sua respiração também pesada, seus dedos ainda tocando levemente o braço de Dean.

— Nunca mais, Dean. Eu prometo.

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Entre Atração e Distorção [ Destiel ]Onde histórias criam vida. Descubra agora