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Terça / 3:20 da manhã…

Crystal
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O quarto estava escuro e frio, o cheiro de mofo impregnava o ar. Não ouvia mais as vozes dos homens que me prenderam aqui há um tempo.

Será que me deixaram aqui?

Me levantei, ficando nas pontas dos pés para tentar ver alguma coisa pelas frestas do basculante, mas mal conseguia alcançar. Se eu tivesse alguma coisa que me ajudasse… mas não tinha, o quarto estava completamente vazio. As paredes ásperas e frias contra minhas mãos trêmulas aumentavam minha sensação de desespero.

Um estrondo da porta sendo aberta violentamente me assusta. O homem mais alto aparece na entrada, seus olhos brilhavam no meio da escuridão daquele lugar.

— Eu disse que ia pôr um ponto final nisso tudo, caso não falassem o que fazer com você.

Um arrepio percorreu meu corpo enquanto sinto meu braço sendo puxado com força.

— Onde estamos indo? O que vai fazer?! – tento não ser levada por ele, mas minhas tentativas eram falhas, parecia que eu não tinha um pingo de força para ir contra ele.

— Vamos passear na mata, a vadia vai gostar do passeio – sou praticamente arrastada pelos braços até adentrarmos a mata fechada que cercava a casa onde estávamos. Meu coração batia tão descontrolado que comecei a acreditar que ele podia pular para fora do peito.

Algo dentro de mim clamava para que eu corresse, para dar um jeito de sair de perto daquele homem, mas ao mesmo tempo não via como, não conseguia pensar. Era como se todos os meus neurônios tivessem me abandonado. Minhas pernas me abandonaram, me fazendo cair em meio às folhas caídas no chão úmido.

— Prometo que você nem vai sentir!

Encaro minhas mãos ainda no chão, as lágrimas caíam sobre elas sem que eu conseguisse controlar.

— Por favor, não faça isso! – peço em um choro descontrolado.

— Quanto mais você implora – sinto seus dedos em meu queixo, me forçando a olhar naqueles olhos escuros como a noite — mais divertido fica, sabia? É uma pena que não tenho tempo para brincadeiras – ele se afastou.

Vejo quando ele pega a arma que até agora estava escondida em sua cintura. O metal refletia a pouca luz da lua cheia que entrava pelas copas das árvores. Posso escutar perfeitamente o som que ela faz ao ser destravada, quebrando o silêncio. Apertei os olhos com força, me apegando à única coisa que me veio em mente: a primeira vez que vi aqueles olhos tão verdes quanto esmeraldas em minha frente. Então, o som do disparo ensurdecedor…

Me sento na cama sobressaltada com a mão sobre o peito, minha respiração estava pesada enquanto ainda tentava assimilar o que estava acontecendo, olhando em volta, consegui perceber que estava no quarto apesar da pouca luz que entrava pela janela, estava no colégio.

— Coelhinha o que foi? – a voz sonolenta e preocupada de Kyra, me fez notar sua presença ali — Teve outro pesadelo?

Apenas assenti em resposta, não tinha muito o que dizer, desde o sequestro não tive uma noite de sono, que não fosse interrompida pelo mesmo pesadelo. A cama se mexe um pouco do meu lado e sinto um carinho em meu braço, logo sou envolvida por seus braços que me levam em encontro do seu corpo, respirei fundo, tendo meus sentidos invadidos pelo seu perfume, me acalmando aos poucos.

(Nem) Todos os Clichês São Iguais - (+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora