Death Behind: A Praga

Capítulo 4: Delírio.

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23 de Agosto

Oh, bela garota, você é um colírio para os meus olhos. Não consigo descrever o que senti ao te ver pela primeira vez. Seus cabelos pretos, seus olhos azuis, tudo em você é uma perfeição que nunca imaginei existir. Sim, uma verdadeira perfeição.

Te vi hoje naquela cafeteria que você frequenta toda segunda à tarde. Eu sempre te observo de longe, vejo seus passos calmos enquanto passa em frente à floricultura, admirando aquelas rosas. Pensei em te comprar algumas, mas... faltou coragem.

As roupas que você usa, o perfume doce que você exala, tudo em você parece... certo. Eu nunca me senti assim antes. Será que algum dia você me notaria?

30 de Agosto

Hoje escrevo com uma felicidade imensa. Finalmente descobri onde você mora. Agora poderei ficar mais perto, te ver com mais frequência. Sei que é questão de tempo até você perceber que somos perfeitos juntos.

2 de Setembro

Algo estranho está acontecendo... Sinto que estou diferente. Como se estivesse sendo observado. Não sei, parece bobagem. Mas, por vezes, minha cabeça parece nublada, confusa. Às vezes, perco o controle dos meus pensamentos. Talvez eu esteja apenas cansado...

5 de Setembro

Bom dia! Faz alguns dias que não escrevo, me meti em uma briga feia e acabei batendo a cabeça. A pancada foi forte. Me disseram que tive alguns lapsos de memória, mas acho que já estou bem. Voltei a ser eu mesmo, de novo. Estou curado!

7 de Setembro

Eu te vi de novo hoje, minha musa. Ela que um dia será minha. Decidi que vou falar com você amanhã. Sei tanto sobre você... sobre suas manias, suas preferências. Tenho certeza de que ficará impressionada.

8 de Setembro

Hoje foi um desastre. Eu... não entendo o que aconteceu. Fui falar com ela e ela me olhou como se eu fosse um monstro. Ela me disse coisas horríveis, algo que eu nunca imaginei ouvir da boca dela. Como ela pôde? Não sou nada daquilo... sou?

15 de Setembro

Ela me viu de novo hoje, e... o olhar que me deu... foi como se eu fosse invisível, menos do que uma pessoa. Menos que nada. Mas ela é tão perfeita, mesmo me odiando. Talvez eu tenha feito algo errado. Talvez se eu mudar...

18 de Setembro

Não estou me sentindo bem. Minha cabeça dói, meu estômago está revirado... e meus olhos... estão diferentes. Não sei o que está acontecendo comigo. Parece que estou desmoronando, perdendo controle de quem sou.

20 de Setembro

Desculpa pelo outro dia, acabei molhando suas páginas com minhas lágrimas... e com meu vômito. Não queria fazer isso, mas não consegui evitar.

21 de Setembro

Acho que ela me odeia de verdade. Me pergunto... será que ela seria mais feliz se eu... sumisse?

22 de Setembro

Eu tive uma ideia, diário. Uma ideia que pode finalmente fazer ela me notar. Vou entregar a minha vida para ela. Ela precisa entender o quanto eu a amo... e esse é o único jeito de provar isso.

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Notícias Locais

Hoje, uma jovem da cidade de — recebeu um presente de um admirador secreto. O bilhete indicava um encontro em uma cabana abandonada próxima à periferia da cidade. Ao chegar, a jovem encontrou uma caixa maior do que o esperado. Dentro, o corpo de um jovem, perfurado em várias partes, claramente fruto de uma tentativa desesperada de tirar a própria vida. Segundo as investigações, ele parecia acreditar que essa entrega macabra seria a prova de seu amor. Aparentemente ele queria que fosse rápido, mas errou e teve que tentar várias vezes.

O diário encontrado ao lado do corpo revelava uma obsessão crescente pela jovem, e uma confusão mental que culminou nesse trágico desfecho. A jovem, que prefere não ser identificada, declarou: "Eu não me responsabilizo por nada disso."

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O delírio é uma prisão autoinfligida, onde a mente, em sua arrogância, reescreve a realidade ao bel-prazer. Para ele, cada olhar de indiferença era um convite disfarçado, cada palavra cruel era uma mensagem secreta de amor. Que patético. Ele acreditava piamente que seu amor não correspondido era apenas uma questão de tempo, como se o universo tivesse alguma dívida a saldar com seu ego frágil. E enquanto sua sanidade se esfarelava, ele ria da própria desgraça, na ilusão de que seu sacrifício grotesco a impressionaria. Triste é que, no fim, nem a morte lhe garantiu a atenção que tanto desejava, pobre coitado.

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