Cᥲρίtᥙᥣ᥆ 2

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Seus olhos arregalados e aterrorizados olham incrédulos para Nerfeli que se erguia lentamente, seu olhar não se desviou em nenhum segundo dos deles, aqueles olhos sem brilho e sem alma, aquela doce e inocente criança agora se tornará um monstro.
— Nerfeli?! O que, como?! — confuso, Aeddan correu até a garota que apenas o encarou em silêncio. Os olhos verdes daquele homem se desviaram da esmaiada para o enorme cadáver atrás dela, o dragão não está respirando, e sua barriga está faltando um pedaço pequeno. A carne estando completamente exposta. — você... — seu olhar voltou para ela com mais terror e confusão.
Nerfeli com seu sorriso inocente e delicado que aos poucos desaparece e sua feição se torna agora fria e melancólica.
— estava com fome. — finalmente ela falou, essa afirmação fez os nervos de Aeddan se tornarem rígidos, ele não acredita que a sua sobrinha neta matou e comeu aquela fera selvagem, era impossível isso acontecer.
— Aeddan. — Alice o chamou, ela não aguenta mais aquele cheiro e queria ir embora o mais rápido possível, não ligando se acabaras de ver uma visão tão marcante em seus 43 anos de vida.
Aeddan finalmente a encarou e depois olhou para a criança, agarrou o braço de nerfeli e a empurrou para Alice, nerfeli apenas seguiu seu rumo andando até a mulher, a morena se recusando a ficar perto e se sujar de sangue, se afastou da esmaiada e rapidamente foi para a saída daquele fosso. Nerfeli olhou para Aeddan que apenas saia andando, desacreditado e torcendo que isso seja apenas uma ilusão ou coisa da sua cabeça, algo que infelizmente para ele, não é.
Seus passos que ecoam como eco naquela caverna aos poucos se abafa quando mais se aproxima da saída, Alice ao sair e sentir o ar leve e refrescante daquela floresta, puxou o ar pelo nariz e soltou tudo pela boca, muito aliviada por finalmente sair daquele lugar sufocante e fedorento.
Nerfeli finalmente depois de tempos sem ver a luz do sol, olhou fascinada para aquela vista bela do céu ensolarado e os pássaros voando, mesmo que os seus olhos delicados doessem com aquela luz excessiva, ela não parou de admirar aquela paisagem.
A sensação de estar livre é tão reconfortante...
Aeddan atrás da criança, agarrou o ombro dela e a empurrou até o encontro do dragão, thundertail, Filho do fogo, suas escamas amarelas como raio do sol e espinhos laranjas como as chamas. O enorme lagarto olhou fixamente para a platinada que se encontra parada olhando fixamente para ele, o dragão recuou com três passos e abaixou sua cabeça como uma referência.
A confusão está nítida e destacada nos olhos de Aeddan, ele não esperava por essa atitude do seu companheiro de asas para uma mera bastarda, já Alice ao seu lado, está pasma e surpreendida por ver um dragão se “curvando” para alguém que não possui um sangue puro, os dragões tem uma natureza selvagem, não aceitam nem sangue puro direito, isso de fato é surpreendente para os mais velhos.
— thundertail... você está bem? — seu questionamento fez o dragão olhar para Aeddan com uma expressão não muito agradável — vamos embora.
Ordenou ele caminhando até o dragão para subir na cela, Alice se aproximou deles sem tirar os olhos em Nerfeli
— o que vamos fazer com ela? — cochichou no ouvido do rapaz
— vamos resolver isso no conselho
...
O julgamento foi dito e feito, Nerfeli Wolker Ash, a bastarda, praga do império Wolker e aberração impura, terá o seu julgamento final queimada pelo dragão mais temível, zephyrion, o grito da morte, seu rugido é tão poderoso que pode romper os tímpanos e estourar um crânio humano. Os seus incríveis 67 metros de envergadura, suas escamas azuis tão escuras que se confundiria com a cor preta facilmente, os seus espinhos que decoram as costas daquela fera são das cores azuis claras assim como seus olhos e asas, sua cabeça diferente do restante de seu corpo, se assemelha a um crânio exposto, isso graças a sua coloração esbranquiçada.
Aquele enorme lagarto observou a jovem garota que está em sua frente, observando ele com um certo medo no olhar, aquele dragão tem a fama de odiar tudo e todos, sua personalidade agressiva e agitada mostra o quão difícil é para domar e ter um ciclo amigável, apenas o donomie é um dos poucos que conseguiu montar neste animal e ter um ciclo aceitável com ele.
Donomie, o tomável, o conquistador dos mares e terras, ele não tem a mesma linhagem de noreen, mas sua reputação é de fato marcante para muitos, ele é o primo distante de Nerfeli, sendo originalmente do império nagaryen.
O ambiente em que se encontram é a entrada do grande palácio de rochas, este palácio tem uma cor avermelhada e cinza, o vermelho é graças aos sangues dos antigos escravos que reformaram o palácio e foram mortos por serem esmagados pelas rochas extensas e pesadas, o céu se encontra nublado e com uma cor amarelada esbranquiçada, o clima não é nada agradável, a temperatura está a nove graus e o ar está úmido graças a neblina que dá uma pitada de melancolia.
Nerfeli está a frente de zephyrion, o enorme dragão está apenas a observando, sua feição parecia que ele está sorrindo de forma maligna para a jovem platinada, esperando apenas o comando para mata-la, bom, é isso que todos pensam que ele deseja, pois este dragão é maníaco e tem cede por sangue.
— labareda! — donomie ordenou em um único grito para zephyrion, aquele dragão aproximou sua cabeça no corpo da garota. Sua respiração saia junto com a fumaça preta e seus olhos se encontraram com os olhos castanho e roxo da jovem — o que está esperando, zephyrion?! Eu falei labareda! Anda! Labareda! — Seu tom de voz aumentou a cada palavra e se tornou mais rude e rígida, claramente mostrando a sua frustração pela desobediência e demora do seu companheiro.
O grito da morte se recusa a queimar nerfeli, o cheiro do sangue dela se destaca mais que naquela multidão da família Wolker e Nagaryen, para ele, Nerfeli é a sua rainha, a única e verdadeira rainha.
Nerfeli ao notar a excitação do zephyrion, abria um pequeno sorriso tosco e sádico, seu olhar se tornou frio e sereno, algo passou em sua cabeça, e ela sabe exatamente o que é, seu sangue, ele não é mais o mesmo, e o dragão sabe disso.
— muyrata — sua pronúncia no “muyrata” focou muito no R depois do T, formando um som de “tra”, que se tornou mais impactante e potente em juntamente com a sua voz que foi firme e baixa.
O dragão assim olhou para donomie que deu três passos até o animal, suas asas azuladas se ergueram e sua mandíbula se abria, uma luz azul surgia aos poucos em sua garganta.
Ao reparar, donomie arregalou seus olhos caramelizados e se afastou aos poucos de seu companheiro que agora pretende matá-lo queimado, zephyrion sem demora, cospia suas chamas azuis naquele homem que demorou cerca de três minutos para morrer carbonizado, pois quem possui os 10% de sangue dourado, é resistente até certo ponto as chamas.
Zephyrion interrompeu as chamas ao fechar a mandíbula, sua cabeça se moveu a direção de Nerfeli. Todos à sua volta olharam pasmos e em choque, como aquele animal obedeceu ela sem pensar duas vezes? Isso é algo que era tecnicamente impossível de acontecer, pois ela é bastarda.
— pelo sete inferno — Aeddan murmurou com aquela cena gratificante, seus passos foram rápidos e pesados até o encontro da nerfeli — como isso pode acontecer? — questionou se virando para a jovem garota que o encara com desdém.
A sua irá aumentou quando viu aquele sorriso provocativo sem dente da platinada e o seu único pensamento naquele momento é espancar ela até a morte, mas ele conhece a fúria de zephyrion e o quão protetor esse dragão pode ser em relação aos seus escolhidos, e então, a sua escolha foi outra, um pensamento que para ele, é uma excelente escolha.
— você...me dê seu braço — ordenou puxando a sua faca que estava guardada na bainha de couro castanho como carvalho e ergueu sua destra para que ela lhe desse seu braço.
A demora da garota o irritou mais ainda, Nerfeli não pretende obedecer ele, nem que tentam matar ela pela terceira vez.
— me dá logo essa merda! — puxou brutalmente o braço da mais nova e em consequência disso o zephyrion rosna para ele. Aeddan sem escolhas, soltou a garota para não morrer queimado ou devorado pelo dragão, a mesma mão que segurou Nerfeli apontou para a esquerda que é onde fica a entrada do palácio — entre. — comandou com apenas uma única palavra, a mais nova se divertindo com aquela situação, caminhou até a entrada do palácio enquanto seus parentes e familiares abrem o espaço para ela passar sem problemas nenhum.
...
Uma lâmina rasga a pele macia e delicada e aos poucos um líquido dourado e brilhante como fogo surge naquele pequeno corte, este sangue fez os olhos verdes como esmeralda se iluminam em ganância e poder ao ver aquele sangue tão puro e tão brilhante naquela pele branca e cortada.
O grande salão e a sua única fonte de luz é as velas espalhadas pelos cômodos ao redor deles. Os seus familiares estão ao redor daquela garota sentada na cadeira com o braço erguido para receber aquele corte que para ela foi desnecessário.
— ...você comeu aquele dragão...matou ele, como? — sua pergunta não obtive resposta dela — tudo bem, não irá falar? Okay...
Seu afastamento deixou Nerfeli aliviada, mas esse alívio não durou muito ao sentir algo quente e úmido em seu pulso, um homem está com a boca no pulso dela chupando o seu sangue, ele fez isso pois anteriormente, Aeddan falou a teoria dele de que se beberem o sangue dela, terão o sangue dourado.
Mas essa teoria foi respondida com os gritos do homem que se afastou dela e colocou suas mãos na barriga, aquele sangue está derretendo ele de dentro para fora, seu ácido estomacal se aquecia cada vez mais, chegando no ponto de romper seu estômago e vazar.
Seus órgãos foram queimados aos poucos pelo ácido e sangue, ele deve uma morte lenta e dolorosa por causa de um único sangue.
Nerfeli olhou aquilo incrédula e admirada, o contrário de sua família que olharam horrorizados e pasmos, vendo que não seria uma boa ideia beber aquele sangue.
...
— impossível isso acontecer! Um sangue derreter ele daquele jeito! — os passos da Alice incomoda Aeddan que está sentado no enorme trono de crânio do dragão, este crânio está com a mandíbula aberta, tendo a possibilidade dele ficar sentado dentro dela — como um sangue pode brilhar daquele jeito?! E o pior... queimar?! — sua frustração é demonstrada no seu tom de voz acelerada e alta, ela parou bruscamente e se virou para o homem que a encara com um olhar entediante e de desprezo.
— é um sangue puro, sangue do dragão. — ele resumiu a explicação com apenas essas sete palavras.
— mas ela não é um dragão! Era para ela ter morrido, Aeddan!
— pois é, ela não morreu — o foco principal do homem é “ela não morreu”, ele não parece preocupado com aquele fato do sangue, sua cabeça está focada em apenas uma coisa.
“Como ela conseguiu matar aquele dragão?”

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