cereja ✧ wonki.

prólogo. despedida.

Os olhos curiosos daquele pré-adolescente varriam o pátio atrás de uma única pessoa. Niki havia dito que sairia apenas para pegar o lanche de ambos mas não teria retornado. Jungwon estava ficando preocupado, por isso, saiu do "esconderijo secreto" na tentativa de encontrar o japonês.

Ao que já estava quase desistindo daquela ideia e voltando para o lugar que estava anteriormente, Niki chegou com um sorriso muito mais murcho do que antes.

─── Aconteceu alguma coisa? ─ ele cerrou os olhos na direção do amigo.

─── Nadinha. Vem, vamos voltar. ─ com a sua mão livre, o mais baixo puxou o coreano pela mão e o guiou de volta para a salinha debaixo da escada que nomearam de esconderijo.

Sentados frente a frente, Niki sorria sereno enquanto Jungwon o olhava confuso.

─── Peguei o seu favorito. Cheetos de requeijão e suco de morango. ─ entregou o lanche para o mais velho que sorriu minimamente, demonstrando gratidão.

─── Muito obrigado. ─ assim que abriu e levou um salgadinho no formato de ondas à boca, ele suspirou satisfeito, ainda assim com uma pulga atrás da orelha. ─── Eu te conheço, você sabe. O que aconteceu? ─ questionou começando a ficar inquieto.

Riki respirou fundo quando percebeu que não tinha para onde fugir. Seus olhos se encheram de lágrimas, fazendo o moreno ficar preocupado e lagar o saco de salgadinho instantaneamente para se aproximar mais do amigo.

─── Meu avô está muito doente hyung. ─ confessou segurando o choro.

─── Oh.. ─ puxou o mais jovem para um abraço acolhedor, o que serviu de gatilho para que ele começasse a chorar. ─── Por que está chorando? Seu avô vai ficar bem, dongsaeng.

Depois de alguns segundos ─ que pareciam longas horas ─ de silêncio e recebendo carícias na nuca, Niki se afastou apenas o suficiente para fitar os olhos grandes do coreano. Sorrindo, mas ainda assim com lágrimas nos olhos, Niki deu um beijo na bochecha do amigo.

─── Isso não é a única coisa hyung.. ─ olhou para o chão, se encorajando a falar olhando nos olhos do outro. ─── Mamãe disse que iremos voltar para o Japão.

Aquelas palavras soaram como uma tempestade para aquele que ouvia. Sem reação, ele apenas seguiu encarando o amigo que não teve coragem de olhar em seus olhos.

─── O que? ─ foi tudo o que conseguiu dizer. Era como se as palavras se recusassem a sair.

─── Eu sinto muito..

Niki puxou o maior para outro abraço, desta vez, ambos estavam chorando e arranjando uma maneira de confortar um ao outro.

─── Você vai voltar algum dia?

─── Eu não sei. ─ respondeu com sinceridade, tais palavras que fizeram o coração do maior despedaçar. ─── Mas se eu voltar eu te procuro, nem que eu tenha que dar a volta na Coreia inteira, mas eu te acho.

Yang riu soprado, tal sorriso que doeu mais do que uma flechada disparada direto em seu peito.

─── Eu vou sentir tanta a sua falta. ─ novamente eles se afastaram apenas o suficiente para encararem as íris um do outro. ─── Eu te amo.

─── Jungwon... ─ o loirinho sussurrou, envergonhado demais para dizer o que vinha a seguir em bom som. ─── Eu te amo também, mas nunca foi só como amigo.. ─ segredou com as bochechas coradas.

O mais velho arregalou os olhos sem disfarçar, aquilo realmente havia o pegado de surpresa. Não que não sentisse o mesmo, é só que nunca imaginou que Niki corresponderia seus sentimentos.

─── Oh.. ─ ele secou as lágrimas que escorriam pelas bochechas cheinhas. ─── Eu.. Eu também.

Enquanto Niki colocou uma mão na nuca do outro, a mão livre foi sorrateiramente até a coxa do Yang, que se assustou levemente. Ao que se encaravam timidamente, ficavam cada vez mais vulneráveis. Sem ao menos perceberem, estavam se aproximando feito dois ímãs, o que tornou um beijo inevitável.

─── Me desculpe por ter que partir.. ─ sussurrou ao que acariciava os fios da nuca alheia. ─── Mas eu prometo que volto, nem que seja na próxima vida.

Trocando olhares de culpa por terem decidido amarem-se abertamente apenas após o fim, Niki e Jungwon se abraçavam em silêncio, numa despedida mais dolorosa do que o esperado.