Meu Chocolateiro Favorito

O Convite Dourado

Vivia um dia como qualquer outro, nada de diferente em minha rotina. Estava encostada no balcão da loja, observava alguns clientes que estavam escolhendo algumas coisas, meu amigo e colega de trabalho, Kaio, estava os orientando e contando um pouco sobre cada um dos doces que a lojinha tinha a oferecer. Ela não é mundialmente conhecida como a fábrica de chocolate de Willy Wonka, mas é aconchegante e modesta, com uma grande variedade de marcas de doce.

—"Hoje foi um dia agitado..."—Kaio falou após fechar a porta.

Me espreguicei, cheguei meu relógio de bolso, já estava meio tarde.

—"Vou andando, Kaio!"—Acenei para ele, que retribuiu o gesto.

Voltei para a casa e entrei e logo me deparei com a seguinte cena: Charlie se encontrava lendo junto de papai no jornal da manhã, todos pareciam bastante interessados no mesmo.

—"Miranda querida... Estava sabendo que Willy Wonka produziu cinco barras de chocolate com um convite dourado?"—Mamãe me perguntou, neguei com cabeça.—"Seu pai acaba de ler no jornal sobre isso!"

Olhei para o papel, realmente, estava na primeira capa.

—"Já pensou em comprar uma barra de chocolate Wonka, abrir ela e se deparar com um convite dourado, Charlie?"—Vovô Joe perguntou com um sorriso alegre e suave em seus lábios murchos.

—"Seria incrível! Mas... Eu só ganho uma barra de chocolate por ano..."—Os olhos contentes do menor logo foram ficando mais tristes.

—"No seu aniversário, que já é semana que vêm!"—Eu disse animada colocando as mãos sobre o ombro da criança, ele sorri cabisbaixo para mim.

Logo mais nós jantamos e fomos todos dormir, na manhã seguinte, deixei Charlie na escola e voltei para casa, era meu dia de folga e combinei de ajudar mamãe com algumas tarefas de casa. Comecei arrumando algumas prateleiras, como somos bem pobres, não havia muito o que arrumar, fui para o lado de fora. Cuidei da horta de repolhos e fiquei lá fora por uns instantes.

—"Querida..."—Escutei minha mãe me chamar.—"Precisamos conversar, seu pai ele foi despedido... Precisa de manter firme em seu emprego, por favor..."

Franzi a testa, as coisas ficariam um pouco mais difíceis agora, nem o meu salário e nem o de meu pai era tão bom para vivermos uma vida que fosse ao menos digna... Dei um sorriso gentil.

—"Não se preocupe, mãe, irei continuar nesse emprego de maneira mais firme ainda! Quem sabe trabalhando duro eu não consiga um aumento?"

Nos abraçamos, ela saiu junto de meu pai, foram comprar uma barra de chocolate Wonka para Charlie, queriam dar uma alegria ao pequeno rapaz.

No final daquele dia, voltava com Charlie da escola, havia ido buscá-lo, minutos depois nossos pais entraram, entregaram-lhe a barra.

—"Vou guardar para amanhã..."

Disse o rapaz, franzi a testa.

—"Que nada, Charlie! Você tem que abrir agora, ou está querendo me matar de ansiedade?!"

Falei brincando, rimos e ele abriu. Infelizmente, não havia nenhum convite dourado junto da barra, mas, Charlie fez questão de dividir igual o chocolate. No dia seguinte me arrumei e fui para a doceria, estava tudo muito agitado, principalmente por ser sábado, como Charlie não teria aula, ele decidiu que ajudaria em casa com muito prazer.

Eu e Kaio brincamos algumas vezes para divertir a clientela, ao final do dia nos encontrávamos exaustos.

—"Pois é, Mih... Hoje foi realmente um dia agitado!"

Disse ele enquanto caia em risadas. Arrumei meu rabo de cavalo em um coque alto.

—"Pois é, Kaio, Oshi foi um dia bem agitado."

Kaio entrou para dentro do balcão e foi até o estoque, comecei a arrumar as placas deixando o lado "Fechado" a mostra para quem olhasse de fora, não demorando muito, Kaio voltou, me estendeu uma barra de chocolate de amendoim.

—"Sei que você gosta desse, pode levar, por minha conta!"

Ele piscou para mim e me ofereceu um sorriso tímido, sorri gentilmente para ele e peguei a barra Wonka.

—"Obrigada, Kaio... Você sempre se lembra das coisas que eu gosto, acho isso incrível."

Falei e rimos, logo terminamos de fechar a loja e fui para casa. Entrei e cumprimentei a todos. Assim que abri a barra para dividir, fiquei em choque, totalmente paralisada olhando para o que via.

—"Querida o quê foi?"

Minha mãe se aproximou e então olhou para as minhas mãos.

—"Senhor Bucket... Charlie... Venham aqui!"

Disse ela, os mesmos vieram.

—"O convite dourado..."

Charlie sussurrou. Entreguei a ele o convite e dividi o chocolate para todos, assim que vovô Joe viu o papel dourado ele se levantou, dançou e saltitou alegremente pedindo para que papai o lesse. Assim o fez, quando meu pai terminou de ler nós todos sorrimos.

—"Mas está faltando algo, quem vai com Charlie até a fábrica?"

Perguntou mamãe levemente preocupada.

—"Vovô Joe deve ir, ele conhece melhor a fábrica do que todos nós."

Falei sinalizando para o mais velho que ainda se encontrava de pé.

—"Não! Você e Charlie são irmãos, e também tem uma conexão surreal, vocês devem ir!"

Disse vovô Joe com um sorriso de orelha a orelha. Demos um sorriso para ele, então finalmente estava decidido, eu e Charlie íamos a fábrica no dia primeiro, no caso, daqui a três dias, numa terça feira.