Narrador POV:
O silêncio na casa de S/n era ensurdecedor. Não havia música tocando, não havia mais os risos ecoando pelos cômodos, nem o som familiar dos dedos de Adele brincando no piano no fim de um dia cansativo. Agora, era só ela, o vazio e a realidade cruel de que Adele não voltaria mais.
O divórcio havia sido assinado naquela manhã. Não houve discussões, apenas uma aceitação mútua que deixou um gosto amargo em suas bocas. As lágrimas vieram e se foram, mas o vazio persistia. **O amor ainda existia**, disso S/n sabia, mas não era o suficiente para manter as duas juntas. Nem sempre é.
S/n andava pela casa com passos lentos, tocando os objetos que ainda carregavam o peso de memórias antigas. Uma foto das duas rindo no sofá, uma garrafa de vinho meio cheia esquecida na cozinha, os vinis espalhados pelo chão que Adele ouvia repetidamente enquanto compunha suas músicas. Cada detalhe parecia gritar a ausência de Adele, mas também trazia à tona a presença dela em cada canto, em cada resquício de vida deixado para trás.
Sentada à mesa da sala de jantar, S/n segurou o anel de casamento entre os dedos. Brilhava sutilmente, uma lembrança constante do que foi, do que poderia ter sido. Um suspiro escapou de seus lábios enquanto olhava pela janela, observando a chuva que começava a cair do lado de fora, tão suave e lenta quanto suas lágrimas.
Foi naquele mesmo lugar, na pequena mesa da cozinha, que Adele havia lhe pedido em casamento. A memória se desenrolava como um filme em sua mente, fazendo o coração de S/n bater mais forte.
Era uma tarde chuvosa de outono, como tantas outras que elas adoravam passar juntas. S/n estava distraída, folheando um livro, enquanto Adele, sempre inquieta, preparava algo na cozinha. Elas conversavam sobre nada e tudo ao mesmo tempo, rindo das pequenas piadas internas que só quem viveu anos juntos poderia entender.
De repente, Adele parou no meio da sala, com o olhar fixo em S/n, e então, sem aviso prévio, ajoelhou-se no chão, o sorriso tímido que a cantora raramente mostrava para o mundo adornando seu rosto.
— Eu nunca fui muito boa com essas coisas... — Adele disse, nervosa, as mãos trêmulas. — Mas, S/n, você me fez acreditar no amor de um jeito que eu nunca achei que fosse possível. Eu quero passar o resto da minha vida com você, se você me deixar.
S/n chocada e incrédula, sentiu o ar sair de seus pulmões. Ela nunca havia imaginado que Adele faria o pedido assim, sem grande espetáculo, sem a grandiosidade que a fama poderia proporcionar. Era apenas ela, ajoelhada no chão da cozinha, olhando para S/n como se fosse a única pessoa no mundo que importava.
— Sim. — Foi a única resposta que S/n conseguiu dar, antes que lágrimas de alegria escapassem de seus olhos e ela se jogasse nos braços de Adele.
Agora, aquela lembrança parecia pertencer a outra vida, uma vida onde as duas eram inseparáveis, onde o amor era fácil, leve e sem as complicações que o tempo inevitavelmente trouxe.
O telefone de S/n vibrou, interrompendo suas lembranças. Olhou para a tela e viu o nome de uma amiga piscando. Clara sempre preocupada, provavelmente queria saber como ela estava. Hesitando por um momento, S/n finalmente atendeu.
— Ei... — Sua voz saiu fraca, ainda carregada pela melancolia que dominava seus pensamentos.
— S/n? Como você está? — Clara perguntou, a voz gentil do outro lado da linha. Ela sabia do divórcio, claro, todos sabiam. Não era fácil esconder o fim de um relacionamento quando se estava com alguém tão famosa quanto Adele.
— Eu... não sei. — S/n respondeu honestamente. — Não estou bem, mas também não sei o que fazer para ficar melhor.
— Quer que eu vá até aí? Posso levar vinho. Ou podemos só... conversar.
S/n hesitou. Parte dela queria se isolar, se fechar no próprio luto por um amor que ainda existia, mas que não podia mais ser. Outra parte, no entanto, sentia a necessidade de não estar sozinha, de ter alguém ao seu lado que a ajudasse a passar por esse vazio. Talvez Clara pudesse ser essa companhia, mesmo que por algumas horas.
— Vem. — S/n disse suavemente. — Não traga vinho. Acho que só preciso de alguém para conversar.
— Estou a caminho.
Desligando o telefone, S/n se levantou da mesa, os olhos fixos no anel que ainda segurava. Sabia que precisaria tirá-lo em algum momento, mas ainda não estava pronta. Não hoje.
Enquanto a chuva continuava a cair lá fora, S/n se perguntava como seria sua vida daqui para frente, sem Adele ao seu lado. Mesmo com Clara chegando para lhe fazer companhia, o vazio ainda estava lá, pesado e difícil de ignorar. S/n sabia que o amor delas havia sido real, mas agora precisava aprender a viver sem ele, sem a presença constante de quem um dia foi seu porto seguro.
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Desculpem qualquer erro ortográfico acima ⤴
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Love is not enough (Adele/You)
FanfictionApós anos de altos e baixos, Adele e S/n se veem à beira do divórcio, tentando lidar com a dolorosa realidade de que, às vezes, o amor, por si só, não consegue superar todas as barreiras. Entre turnês globais, fama, e a distância emocional crescente...