Minha garota 🥳

28 10 20
                                    

Leiam as notas finais ⚠️

Narrador: So Moon

Durante anos vivi sozinho. Mesmo cercado pelo amor dos meus avós, a dor do luto permanece em mim, dia após dia. Meus dois amigos lutam para me ver feliz, e eu não os culparia se um dia desistissem de mim.

Sinto-me imerso na escuridão. Agora, diante do túmulo dos meus pais, com o vento soprando uivos nos meus ouvidos e as folhas secas do outono dançando ao redor, deixo as lágrimas caírem. Permito que meu coração ceda à tristeza e à culpa. Mas, então, ouço um choro agudo, angustiante... diferente do meu, que só deixava as lágrimas escorrerem.

Com as mãos nos bolsos da minha calça preta e o terno balançando ao vento, olho ao redor em busca de onde vem esse som carregado de terror.

Olhando para a esquerda, meus olhos pousam em uma garota de vestido preto. Vejo sua pele arrepiada pelo frio e me pergunto por que ela estaria usando um vestido de alça nesse tempo.

Então, ela se ajoelha. Ainda não posso ver seu rosto, mas imagino que seus olhos estejam inchados, pois mal chegou e já está em prantos. Eu a entendo. Afinal, a dor do luto é como se você morresse em vida. Está morto por dentro, mas ainda vive...

Mesmo assim, sinto vontade de ver seu rosto, de me aproximar dela... de consolar essa desconhecida, que exala uma beleza melancólica só de costas.

Observo enquanto ela para de chorar e abre uma garrafa de soju. Vejo de relance o lado esquerdo de seu rosto. Ela tem um olhar lindo.

Ela derrama a bebida no chão, faz algumas reverências e, com um sorriso entrecortado pelas lágrimas, diz:

—Eu consegui, papai, mamãe... irmãzinha... coloquei o culpado atrás das grades. Mas sinto muito... sou a única viva — ela respira fundo e limpa o rosto pela milésima vez em menos de meia hora. — Me perdoem, demorei muito... sinto falta de todos vocês... sinto tanto, mãe... — sua voz sai como um chamado — pai... — ela sussurra.

Não sei o que aconteceu, mas a dor dela é profunda, tão profunda que posso sentir sua angústia.

Ela finalmente se levanta e pega o que restou da garrafa de soju. Ao olhar ao redor, nota outras pessoas que também vieram visitar seus entes falecidos. Quando se vira para trás, vejo seu rosto por completo.

Seus olhos estão inchados, mas são lindos. Sua boca, levemente vermelha, também é linda. Suas bochechas, rosadas, e o cabelo cacheado, esvoaçando sobre seu rosto... ela é simplesmente linda. Seu olhar para mim agora é tão penetrante que parece querer me matar por a observar.

Mas não me importo. Nem um pouco.

Na verdade, não é justo. Ela me faz querer chorar só de olhar em seus olhos.

Eu me aproximo lentamente. Tiro meu terno e coloco sobre seus ombros, mas não toco em sua pele. Ler suas memórias seria uma ofensa.

Não dizemos nada. Eu me viro e caminho em direção à saída do cemitério. Só quando estou quase na saída percebo que, em nenhum momento, também parei de chorar. Minhas lágrimas caíram o tempo todo, de forma lenta.

Perto do meu carro, uma voz doce e feminina me interrompe:

— Quer tomar uma bebida?

Eu sorrio... viro-me para ela. Assinto, mesmo estranhando que ela queira beber com um completo estranho. Me aproximo, e ela toca no meu braço. Então, entendo o que ela queria.

— Você é um caçador — ela diz, me soltando.

— Pelo visto, você também — respondo.

Ela tira o terno e me devolve com uma força incomum. Insisto, colocando-o à sua frente:

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: 19 hours ago ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Contos (Munhana)Onde histórias criam vida. Descubra agora