Light and Darkness

𝑫𝒆 𝒖𝒎 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝒐𝒖𝒕𝒓𝒐

⚝୨ 𝔏𝔦𝔤𝔥𝔱 𝔞𝔫𝔡 𝔇𝔞𝔯𝔨𝔫𝔢𝔰𝔰 ୧⚝
꒰ P R Ó L O G O ꒱
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Indo de planeta a planeta, eu não poderia voltar ao meu lar sem antes levar a ela o que ela queria, a maldita luz celestial, eu nem sequer sei o'que é isso. Estou tão cansado que eu poderia desmaiar agora mesmo, nunca me senti assim antes, tenho que parar.
Vagando por tanto tempo finalmente acho um planeta, se parece um pouco com um planeta que visitei a muito tempo atrás, a "Terra" mas há algo nesse aqui...não sei exatamente o quê mas é algo forte. Piso meus pés na areia e sinto a frieza percorrer todo meu corpo, uma energia que nunca havia sentido antes se instalando em meu corpo, é aqui que vou ficar por um tempo até me recompor, e nesse tempo vou mostrar do que sou capaz, esse planeta agora é meu.

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Tudo de bonito que tinha nesse planeta se foi, os animais, os belos campos de flores, as boas comidas e frutas que a natureza nos dava, agora tudo parece mais sombrio...tudo isso depois da chegada daquele homem, não sei se posso chamá-lo apenas disso, ele é muito mais que um simples homem. O pouco que sei dele é que ele é um dos muitos deuses que existem por aí, mas esse em específico é um mais importante, assim dizendo, o deus do tempo, não sabemos seu nome real então o chamamos de Tempus...ele é terrível, em tão pouco tempo aqui conseguiu destruir tanto, matou muitos aqui, talvez seja uma punição por todos os anos que fizemos mal a este planeta, não sei se quero pensar nisso agora.

Eu estava sentado na beira de um lago, olhando para o céu nublado, a essas horas eu estaria voando, batendo minhas asas e sumindo com as nuvens escuras...mas não posso, minhas costas que antes tinham um belo par de asas brancas coça. Solto um suspiro frustrado e jogo uma pequena pedra na água do lago, fazendo-a pular três vezes antes de afundar.
"Noah! Aí está você"
Ouço uma voz feminina me chamar, olho por cima do meu ombro apenas para ver minha irmã mais nova, Astrid, me encarando com os braços cruzados abaixo do peito, suas asas fechadas se movimentam levemente mostrando sua impaciência.
"Que foi? Teve outra queda do céu? Sua cara está péssima."
Digo em um tom irônico voltando a olhar para frente, encarando o lago que agora estava calmo depois da pequena pedra ter feito algumas ondas sobre a água.
"Você tem que voltar agora, mamãe está maluca atrás de você...ele fez outra vez, dessa vez foi com a família Dhélio."
Ela diz em um tom firme, mas consigo sentir o medo em sua voz..."ele fez outra vez" sei que ela está se referindo ao Tempus, qual membro da família Dhélio ele matou? Isso se não massacrou todos, e de de verdade eu não me importaria muito, a única que vale a pena daquela família de mesquinhos é a Kali.

Respiro fundo antes de me levantar e limpar minha calça para tirar os resquícios de terra e grama que ficaram, me viro para olhar minha irmã e ela me fuzila com o olhar, seus olhos violetas semicerrados, seu cabelo preto amarrado em duas tranças para trás, está um pouco bagunçado e com algumas mechas caídas sobre seu rosto provavelmente por ela já estar com o mesmo penteado a dois dias.
"Quem foi o sortudo dessa vez, e qual o motivo?"
Pergunto em um tom brincalhão, mas logo fecho minha expressão ao ver que minha irmã não abriu nem um pequeno sorriso no rosto, começo a caminhar floresta a dentro indo em direção as ruas enquanto minha irmã vem logo atrás de mim.
"não tem graça! Foi horrível, mamãe está preocupada com você seu idiota imundo, você sabe muito bem que ela odeia quando você sai sem avisar."
Mesmo sendo a mais nova, ela sempre foi um tiquinho mais responsável que eu, e isso às vezes me irritava. Coloco minhas mãos nos bolsos da minha calça e mordo a parte interna da minha bochecha. Minha mãe nunca foi protetora, não muito, mas depois da chegada de Tempus ela ficou super hiper protetora comigo e com a minha irmã, mas acredito eu que ela me deu uma atenção a mais depois do ocorrido com minhas asas...
[...]
Alguns minutos andando, finalmente chegamos na vila, meus olhos se arregalaram ao ver a rua coberta de sangue, dois panos brancos no chão cobrindo os corpos das vítimas.
"Quem foi?"
Pergunto a minha irmã e em seguida estalo minha língua mantendo meu olhar na cena sangrenta à minha frente.
"Os pais de Kali..."
Ela responde em um tom meio triste, não vou julgá-la, ela amava os pais da Kali pois eles sempre faziam tortas pra ela, apenas pra ela. De longe vejo alguns homens vindo para pegar os dois corpos, que descansem em paz.
"Oh meu deus, Noah!! Você está bem meu filho"
Escuto a voz da minha mãe e antes mesmo que eu consiga dizer algo ou agir ela me abraça, firme e forte como se não me visse a milhares de anos, retribuo seu abraço dando alguns leves tapinhas em suas costas, nunca fui bom em demonstrar e nem em receber afeto. Ela logo se afasta e me segura pelos ombros me sacudindo.
"Quantas vezes eu já lhe disse para não sair sem me avisar! Ou avisar sua irmã...não sei!!!"
Minha mãe grita estridente suas asas fazendo leves tremores por conta de sua raiva, viro um pouco meu rosto para o lado e cerro meus olhos com o volume alto de sua voz.
"Eu disse a ele, mas você sabe que ele não me dá ouvidos."
Astrid diz em um tom debochado e sarcástico passando a minha frente com os braços ainda cruzados abaixo do peito.
"Você deveria tomar um banho, passou do meu lado e daqui senti seu fedor."
Retruco a ela fazendo uma leve careta de desdém pra mesma, ela cerra o maxilar e estreita os olhos pra mim me dando as costas e saindo marchando com raiva para casa.
"Kali está lá em casa...você deveria ir fazer companhia a ela."
Minha mãe me diz, fazendo minha atenção se voltar brevemente para a rua ensanguentada, ela segura minha mão e me puxa para o caminho de casa, as penas de sua asa roçando suavemente meu braço, faz tanto tempo desde que perdi minhas asas que nem lembrava mais a textura das penas, não posso conter que meu olhar se abaixe um pouco triste.
[...]
Após chegarmos em casa, de fora já posso ver Kali sentada embaixo da árvore do nosso quintal, minha mãe me dá leves tapinhas no braço acenando para que eu vá falar com Kali, bufo pelo óbvio gesto e caminho lentamente até Kali.
"Como está?.."
Pergunto e logo em seguida me arrependo de ser tão burro, quem diabos pergunta "como está?" para alguém que acabou de perder os pais?! O olhar de Kali está distante enquanto ela encara um ponto fixo, não consigo deixar de notar que em seu rosto contém algumas gotas de sangue, me sento ao lado dela olhando para frente, fico arrancando um pouco da grama com as mãos e balançando suavemente um de meus pés enquanto mantenho o silêncio, esperando o tempo de Kali querer falar.