Capítulo 1: Ecos do passado

178 8 0
                                    

"Ainda me lembro do medo que eu sentia, das dores agudas, dos gritos pedindo por socorro, enquanto eu estava presa sobre um chão de um beco da cidade com um homem preso em cima de mim. Aquele foi o pior dia da minha vida, pois apartir dali minha vida foi completamente destruída.", S/n dizia a psicóloga à sua frente, que a ouvia com atenção.

  - Ainda continua tendo pesadelos constantes S/n sobre o acontecimento naquela noite?
A psicóloga pergunta, se referindo ao abuso sexual que S/n sofreu naquela noite.

  - Sim, os pesadelos ainda são constantes. Eu já não consigo mais dormir bem.
S/n responde a psicóloga, sem muita emoção em suas palavras.

  - Bom, já que ainda não consegue dormir bem, vou pedir para aumentarem a dose de remédio para que você consiga dormir pelo menos um pouco.
A psicóloga diz, encerrando a sessão de atendimento com S/n.

  A noite, S/n estava em seu quarto dormindo, as noites eram as mais difíceis para S/n. Enquanto a cidade dormia, ela lutava contra os pesadelos que a atormentavam. Eram ecos de um passado sombrio, flashes de momentos que nunca deveriam ter acontecido. O abuso sexual que havia sofrido se transformara em uma sombra constante, e cada vez que fechava os olhos, era como se estivesse revivendo sua dor.

  Ela acordava ofegante, o coração acelerado e a pele coberta de suor. A cama, que deveria ser um lugar de descanso, tornara-se um campo de batalha onde suas emoções colidiam. As lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto ela tentava se acalmar, desejando que os fantasmas do passado a deixassem em paz.

  Algumas semanas depois, S/n tentava manter uma aparência normal. Mas havia algo mais que a incomodava — uma sensação persistente de enjoo que a acompanhava. Ela acreditava que era apenas o estresse acumulado, mas sua amiga, Mia, insistia que algo estava errado.

  — S/n, você precisa se cuidar! — Mia disse com preocupação ao vê-la pálida e cansada. — Que tal fazer um teste de gravidez? Pode ser isso.

  - Para de pensar bobagens, Mia. Não há precisão de fazer um teste de gravidez. Isso deve ser por causa de eu não estar me alimentando direito.
S/n diz a Mia, evitando ter pensamentos que poderia estar grávida de uma gravidez indesejada.

  A ideia fez o coração de S/n disparar. A possibilidade era aterrorizante. Ela nunca havia imaginado estar nessa situação. Mas a inquietação em seu estômago não a deixava em paz. Depois de muita hesitação, decidiu comprar um teste de gravidez e tirar as dúvidas. Então, assim que comprou um teste de gravidez em uma farmácia local, S/n corre diretamente para casa.

  Naquela noite, enquanto se preparava para o exame, S/n olhou para o espelho e fez um pedido silencioso a Deus: “Por favor, deixe dar negativo.” Com as mãos tremendo, ela seguiu adiante.

  Os minutos pareceram horas enquanto esperava pelo resultado. Quando finalmente olhou para o teste, seu mundo desabou. A linha rosa apareceu firme e clara: positivo.

  As lágrimas começaram a escorregar pelo seu rosto novamente. O peso da realidade caiu sobre seus ombros como uma avalanche. O que isso significaria? Como ela poderia lidar com tudo isso? Como poderia estar grávida de abuso sexual que sofreu? O medo e a confusão tomaram conta dela enquanto ela se permitia chorar pela primeira vez em muito tempo.

  - Isso não pode está acontecendo, não comigo. Como posso me responsabilizar e cuidar de outra vida?
S/n diz a si mesma, enquanto o medo e a tristeza tomava conta dela, por descobrir que estava grávida de um abusador sexual, mas também estava sendo consumida pelo medo de contar aos seus pais sobre a gravidez.

  S/n sentou-se no chão frio do banheiro, rodeada pela escuridão e pela incerteza do futuro. A vida estava prestes a mudar novamente, mas desta vez era diferente; não era apenas sobre ela — agora havia uma nova vida em jogo.

Continua...

Uma Chance para Recomeçar Onde histórias criam vida. Descubra agora