Entre os céus da minha consciência sou o soberano do Olimpo, pai dos argumentos deuses e dos mortais questionamentos que absolutamente protegem o meu próprio EGO. Sou organizador do mundo exterior e administrador do interior. De mim dependem os homens, desde uma estrutura fundamental do raciocínio intelectual de suas leis: físicas, morais e sociais. Quando apareço lançando o relâmpago, o tempo discorre sobre as emoções das minhas ideias. Sou o trovão. Esta é a razão de uma vida inteira entre mim e eu mesmo. Hei de ser fiel às minhas promessas, que estão passando nas horas despercebidas das injustiças e omissões de um tempo pobre e sem honra. Sou a razão em verdade plena, porém sinto as mentiras sobre mim, um peso de gravidade. Sou deus, às vezes humano ou semisselvagem. Simbolizo a fonte da verdade, o juízo iluminado, a intuição divina de mim mesmo. Quando estou atirando os meus raios, manifesto a minha Ira arrogante de críticas, aponto o dedo indicador para o céu e mostro soberania e autoridade. Sou um deus de pedra, uma estátua, vivo constantemente às cinzas da imortalidade. Contudo, a consciência coletiva frisa o meu nome eternamente no estande das lembranças...
Este sou eu, uma estátua divina governando por dentro. Assim, todo poderoso. Pois, fico sentado num banco de supermercado petrificado, esperando minha mãe e minha namorada acabar de escolher os produtos que vão levar. Não é fácil para mim, mas é a única opção neste momento. Analisando melhor, elaborei uma conclusão desta simples situação. Sabemos que a paciência é uma virtude de gigantes, mas alguns pequenos oportunistas roubaram tal virtude para si. Sim, isso é estratégia de grandes ambiciosos e estão os nossos políticos incluídos no exemplo, que com paciência obtiveram o cenário mundial ao longo dos anos.
Nós abrimos as portas de nossa casa para a perseverança. Com ela, a prática das nossas escolhas toma forma e vida dentro de nós. Existe uma paciência que nos faz acreditar no sentido exato das coisas, já que com ela selecionamos o melhor para a nossa vida. Mas podemos fazer parte deste conflito natural, sendo aqueles que foram escolhidos (ou não) por outros que hão de buscar algo em nós. Ainda bem que elas escolheram tudo rapidinho e foram até a atendente do caixa pagar as compras. Entretanto, o cartão de crédito estava sem limite e minha mãe, sempre tranquila e ao lado do meu amor, não havia suspeitado de nada até o momento em que a atendente confirmou o problema.
– Meu filho!– Exclamou minha mãe, chamando-me com os olhos fixos em mim. – Venha aqui, querido, preciso de sua ajuda.
De uma maneira delicada, ela conseguiu fazer eu me levantar do banco. Foi naquele momento que acreditei que era o escolhido dela. Pensei até que ia levar uma bronca das boas, por ter cessado o limite do cartão de crédito. Mas não. Ela nem sequer tocou no assunto. Minha mãe é analfabeta, porém é doutora em princípios éticos. Eu não queria preocupá-la com isso, nem com nada. Não quero criar problemas nem fazer acasos, pois já basta sua idade avançada de 72 anos.
Nem questionei o problema que causei e pedi a elas que sentassem no lugar em que estavam e esperassem por mim, até eu retirar dinheiro da minha conta da caderneta de poupança no banco do outro lado da rua. Poderia ter passado o valor no cartão de débito, mas achei desnecessário. Elas ainda iam demorar mais um pouco e eu estava a fim de passear uns minutos, então fui. Quando saí do estabelecimento, sabia que levaria somente uns dez minutos na fila para sacar o dinheiro e mais outros cinco minutos para retornar. Total de quinze minutos improváveis de paciência, indo e voltando.
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O EMPREENDEDOR
Mystery / ThrillerSinopse Uma ligação inesperada em uma manha chuvosa de inverno fez um jovem desempregado e sonhador chamado Guilherme se despertar do seu maior pesadelo: os seus próprios medos. Ele foi escolhido para uma entrevista de emprego em uma companhia mu...