CORAÇÕES - Entre Laços e Segredos.

CAPÍTULO 11 - PASSOS E SUSSURROS

◇ANTES◇

A cama, desfeita, tem um edredom amassado e algumas almofadas espalhadas. Ao lado dela, uma mesinha de cabeceira está cheia de livros abertos e uma garrafa d'água quase vazia. A luz do dia entra filtrada pelas cortinas cerradas, criando um ambiente suave, mas sombrio.

A mãe de Celine entra no quarto, preocupada ao ver a filha tão abatida. Ela se aproxima da cama e observa Celine sentada ali, com os olhos avermelhados.

M– Line, querida… você precisa comer alguma coisa. Faz dias que não vejo você tocar em nada.

Celine levanta a cabeça lentamente, com um olhar triste.

Cl–Não consigo, mãe. Não consigo acreditar que ele me deixou assim…

Sua mãe senta ao lado dela na cama, tentando confortá-la.

M– Eu sei que é difícil. Mas você precisa se cuidar. Eu estou aqui para você.

Celine olha para a mãe, sentindo o calor do apoio dela.

Cl– Sinto que estou perdendo tudo… e não sei como lidar com isso.

A mãe, envolve Celine em um abraço apertado, tentando transmitir todo o amor e apoio que pode.

M– Você não está sozinha. Nós vamos superar isso juntas. E pense…talvez essa tenha sido a melhor decisão.

Cl– Por que ficam dizendo isso? “Foi a melhor decisão” Parece até que vocês gostaram do que aconteceu.

M– E ficar com alguém que te tratava mal era melhor? - franze a testa e arregala os olhos, desapontada com a fala da filha.

De repente, a porta se abre e o pai de Celine entra no quarto com uma expressão séria.

P– Querida… San está lá fora. Ele quer falar com você.

Celine levanta os olhos para o pai, surpresa.

Cl– Deixe-o entrar...

O pai assente e sai do quarto acompanhado de sua mãe. Alguns momentos depois, San aparece na porta, com um olhar preocupado.

San– Oi, Celi… posso entrar?

Celine faz um gesto afirmativo e San entra no quarto, fechando a porta atrás de si. Ele se senta na beirada da cama.

San– Eu soube do que aconteceu com o Peter… Sinto muito.

Celine olha para ele com lágrimas nos olhos enquanto tenta processar suas emoções.

Cl– As notícias se espalham rápido… Devem estar todos rindo de mim agora…

San inclina-se levemente para frente, tentando transmitir sinceridade.

San– Ele não sabe o que perdeu. Você merece alguém que realmente te valorize.

Celine balança a cabeça lentamente; seus pensamentos vagam pelos momentos felizes que teve com Peter.

Cl– Mas eu não consigo parar de pensar nele... É como se ele tivesse levado uma parte de mim embora.

San estende a mão e segura a dela suavemente; suas mãos se encontram entre as almofadas desarrumadas da cama.

San– Estou aqui para te apoiar. Você não precisa passar por isso sozinha.

Celine sente um conforto ao toque dele e começa a chorar novamente.

Cl– Obrigada por estar aqui… eu só me sinto tão perdida… - diz em meio às lágrimas.

San se inclina mais perto e envolve os braços em torno dela enquanto ela chora em seu ombro; o silêncio do quarto é preenchido apenas pelo som dos soluços dela.

San– Independente do que aconteça, vou sempre estar aqui pra você. Pra sempre!

Cl– Sei disso…

San– Você pensa em voltar com ele?

Cl– Depois que saí da casa dele lutei comigo mesma para não voltar lá, mas… não sei oque fazer San.

San– Celine, você merece alguém muito melhor que aquele canalha, merece alguém que te reconheça como uma dama e a trate como tal! E você sabe que esse alguém não é o Peter.

Cl– Eu sei! Mas queria que fosse ele, estávamos tão bem. Não acredito que ele esteja gostando de outra garota.

San– Eu acredito, e muito! Parece até que você não sabia como ele era antes de estarem juntos. Quem nasceu assim vai morrer assim; Peter nunca vai mudar.

Celine vira-se rapidamente, seus olhos brilhando com frustração.

Cl– Você não entende! Para mim, ele era diferente! Eu vi algo nele que ninguém mais viu!

San respira fundo, tentando manter a calma diante da explosão de emoção dela.

San– Celi, eu entendo que você tenha visto algo especial. Mas também precisa enxergar a realidade. O que ele fez não é amor.

Cl– Preciso ficar sozinha…

San hesita por um momento, seu coração apertado ao ver a dor dela.

San– Celi…

Cl– Por favor.

San hesita, seu olhar transmite preocupação, mas ele sabe que respeitar o espaço dela é importante.

San– Tudo bem, Celi. Eu vou sair, mas quero que saiba que estou aqui para você. Pode me chamar quando precisar.

Celine acena com a cabeça, agradecendo sem palavras. 

San fecha a porta suavemente ao sair, deixando Celine em seu espaço. Ela respira fundo e permite que as emoções fluam livremente.

****

Após sua conversa com San, Celine decide se deitar. Algumas horas se passam e o barulho da sua barriga a acorda, fazendo-a descer para buscar algo na cozinha. 

No último degrau, ela ouve sua mãe falando ao telefone; sua voz transmitia preocupação. Curiosa, Celine se mantém em silêncio, tentando ouvir o que sua mãe dizia.

📞
M– Não acho que isso esteja certo… - sua voz era baixa, quase como um sussurro - não podemos fazer isso com eles.

M– O que isso tem haver? A felicidade da minha filha vale mais.

M– Não pode esperar mais algumas semanas? Eu vou tentar arrumar, mas precisa esperar um pouco mais.

M– Eles não podem voltar? - seus olhos se arregalaram após ouvir as palavras no telefone - tudo bem! Mas não acho que eles tenham haver com isso.
📞

Decidida a não escutar mais, Celine dá um passo para trás, mas acaba fazendo um pequeno barulho. Sua mãe imediatamente interrompe a conversa.

M– Celine? Está aí?

Cl– Ah, oi mãe… E-eu  estava indo na cozinha pegar algo para comer.

M– Entendi… - diz, um pouco preocupada com o que a filha tinha ouvido - vamos lá! Eu ajudo a preparar.

Cl– Mãe, espera! - decide abrir o jogo - com quem estava falando?

M– Oi? Com a sua tia, filha. Meg está ansiosa; quer que você vá visitá–la na suas férias. 

Cl– Mãe…eu ouvi o suficiente para saber que não era a tia Meg.

M– Claro que era Celine! Vem, vamos preparar o jantar.

Mesmo não acreditando, Celine decide deixar de lado, mas não esquecer. Sabe que sua mãe está escondendo algo, e sabe que é algo importante.