A casa Targaryen era imprevisível. Sempre que um novo membro da casa do dragão nascia, os deuses atiravam uma moeda e todos prendiam a respiração apenas para ver de qual lado ela cairia... ou, pelo menos, era o que diziam.
Conquistador. Tirano. Frac...
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Lugar Secreto.
➛Jacaerys.
Jacaerys Velaryon sempre esteve ciente dos rumores a respeito de sua bastardia.
Não, não no início de sua infância. O pequeno Jace nunca teve motivos para refletir sobre os sussurros que o seguiam desde o nascimento. Seus primeiros anos de vida, desde o seu primeiro suspiro, foram o sonho de qualquer menino.
Ele era herdeiro do Trono de Ferro e, além disso, seu pai era o herdeiro da antiga e abastada casa Velaryon. Ao contrário de outras mulheres aristocratas, que tinham seus filhos apenas por obrigação e dever, sua mãe, Rhaenyra, considerou o nascimento de seu primeiro bebê como a chegada de um filho, não apenas a de um herdeiro.
Portanto, em seu nascimento, não houve festas nem festividades; nenhuma comemoração além do olhar orgulhoso que os pais e os avós lançaram à criança.
Rhaenyra e Laenor foram pais jovens. A herdeira do rei acabara de completar dezenove anos e seu futuro consorte tinha apenas dezessete, mas eram sensatos e fortes, e amavam o filho com uma intensidade e uma devoção raramente vistas em seu círculo social. Para horror de sua madrasta e da corte, Rhaenyra insistira em amamentar o bebê, e Laenor nunca concordara com a visão geral de que os pais não deviam conviver nem conversar com os filhos. Ele levava o menino em longas caminhadas pelos bosques da Fortaleza Vermelha e pelos campos de Driftmark, falava-lhe sobre filosofia e poesia antes mesmo que ele compreendesse as palavras e lhe contava, todas as noites, uma história para embalar seu sono.
Como a princesa de Pedra do Dragão e o herdeiro de Driftmark eram muito jovens e, na visão de todos, apaixonados, ninguém se surpreendeu quando, apenas três anos depois do nascimento de Jacaerys, um irmãozinho mais novo, batizado com o nome de Lucerys, juntou-se a ele. Laenor logo adaptou a rotina diária para levar os dois filhos em suas caminhadas e passou duas semanas metido nos estábulos, trabalhando com o coureiro para criar uma mochila especial que mantivesse Jace preso às suas costas enquanto o bebê, Luke, ia em seus braços.
Os três percorriam os campos, os bosques e cruzavam riachos, com o pai discorrendo sobre coisas maravilhosas: belas flores, céus azuis e límpidos, cavaleiros em armaduras reluzentes e donzelas em perigo. Rhaenyra costumava achar graça ao vê-los retornar com os cabelos revoltos pelo vento e queimados de sol, e ao ouvir Laenor dizer: — Viu? Aqui está nossa donzela em perigo. Nós temos que salvá-la! — Jacaerys se lançava nos braços da mãe, rindo ao jurar protegê-la do dragão malvado que eles tinham visto no Fosso dos Dragões.
— Pelos deuses da antiga Valíria... — sussurrava Rhaenyra, com a voz mais horrorizada que era capaz de produzir. — O que seria de mim sem os três homens mais valentes de Westeros para me proteger?
