Cap 16

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Narradora pov's

Alex estava sentado no sofá da sala, os pensamentos girando. Era estranho como a casa estava silenciosa, mesmo com todos ali. Mauro e Thelma estavam na cozinha, conversando baixinho sobre algo trivial, enquanto Hellen e Ian discutiam sobre um filme na sala ao lado. Mas Karen... ela não tinha descido para o café da manhã. Já era o segundo dia seguido.Sentindo o incômodo crescer no peito, Alex se levantou, sem dizer nada a ninguém, e subiu as escadas. Algo estava errado, ele podia sentir. Parou em frente à porta do quarto de Karen e bateu levemente.

— Karen? — chamou, a voz baixa. Sem resposta.

Ele hesitou por um segundo antes de girar a maçaneta e abrir a porta devagar. O quarto estava escuro, as cortinas ainda fechadas. Alex entrou, os olhos procurando por ela. Karen estava deitada na cama, encolhida de lado, o rosto parcialmente coberto pelo travesseiro.— Karen, você tá bem? — perguntou de novo, se aproximando da cama.Ela não respondeu, mas ele percebeu o movimento quase imperceptível dos seus ombros, como se ela estivesse chorando. A garganta de Alex apertou. Não sabia o que fazer quando a via assim. Sabia que algo estava pesando nela há dias, talvez semanas, mas Karen não falava. Guardava tudo para si, como se quisesse carregar o mundo nas costas sozinha. Desde que ela havia voltado do hospital, era como se ela não estivesse lá...Sem pensar muito, ele se sentou na beira da cama e estendeu a mão, tocando de leve o braço dela.

— Ei, o que tá acontecendo? — perguntou com mais suavidade dessa vez. Karen se mexeu, mas não virou para encará-lo. Apenas murmurou algo inaudível. Ele se inclinou um pouco mais para ouvi-la.

— Não consigo mais... — ela sussurrou, a voz abafada pelo travesseiro.O coração de Alex bateu mais rápido. Ele sentia que o problema era mais profundo do que aparentava, algo que ela não estava conseguindo lidar sozinha. Ele queria dizer que estava ali para ela, que ela não precisava carregar esse peso sozinha, mas as palavras ficavam presas. A relação entre eles tinha mudado tanto nos últimos meses. O sentimento que ele tinha por Karen crescia a cada dia, e isso o assustava.Respirou fundo, buscando coragem.

— Você não tá sozinha, Karen. Eu tô aqui, sempre estive. — Ele não sabia se ela entenderia o que ele realmente queria dizer, mas não podia mais esconder o que sentia. Karen, finalmente, virou o rosto na direção dele. Seus olhos estavam vermelhos, inchados. Alex sentiu um aperto no peito ao vê-la tão vulnerável.

— Eu sei — ela disse, a voz fraca, como se estivesse se esforçando para dizer as palavras. — Mas isso... é mais difícil do que você imagina.Ele não precisava que ela explicasse. Sabia que, desde que suas famílias se uniram, as coisas haviam ficado complicadas. Não era só o fato de estarem morando juntos; era o que sentiam um pelo outro. O que deveria ser uma relação de irmãos estava longe disso. E agora, Karen estava claramente sofrendo com a confusão que tudo aquilo estava trazendo. Alem da imensa falta do pai em sua vidaAlex deslizou a mão para a dela e apertou suavemente.— Nós vamos passar por isso juntos, Karen. Não importa o que aconteça. — disse, olhando nos olhos dela.Por um momento, o silêncio tomou conta do quarto. Então, Karen assentiu levemente, apertando de volta a mão dele. Era uma resposta silenciosa, mas para Alex, foi o suficiente. Eles sabiam que a estrada à frente seria complicada, mas naquele momento, com as mãos entrelaçadas, havia um entendimento tácito entre os dois. Estavam dispostos a enfrentar tudo o que viesse pela frente, mesmo que isso significasse lidar com sentimentos que iam muito além do que qualquer um ao redor deles entenderia.Karen fechou os olhos novamente, exausta, mas dessa vez, com uma expressão um pouco mais tranquila. Alex ficou ali, ao lado dela, sem soltar sua mão, sentindo a intensidade do que estava por vir.


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VOLTEI, Cap 16

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