Prólogo

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Boa leitura, queridos filhos vermelhos

🌹.

Empoeirado. Estava tudo debaixo de poera: o sofá, as mesinhas, os objetos de decoração. Para uma casa com empregados contratos para limpar, ela estava em um estado que Draco não esperava encontrar.

— Não fizeram nem uma limpeza antes de minha chegada?— ele questionou.

O homem atrás de si, deu um passo adiante e sorriu sem graça. Draco o encarou, os olhos cheio de olheiras e as maçãs do rosto enrugadas. Era um velho solitário.

— Desculpa, senhor Malfoy, por entregar a casa nesse estado, mas a meses os empregados não recebiam dinheiro, o jeito foi ir embora.

Draco suspirou cansado, passando a vagar os olhos pela casa. Uma casa outrora linda.

— Eu irei resolver isso, sinto muito, deviam repassar todo o dinheiro que eu mandei para pagar os empregados, mas o banco deve ter se esquecido. Sinto muito.

O homem, apenas assentiu, o corpo vergado minimamente passava uma imagem triste.

— contrate alguns empregados para a limpeza. Irei para o escritório, amanhã resolverei o problema com o banco.

O homem assentiu para só então se retirar daquela enorme sala banhada na poeira.

Draco sequer se lembrava da sua última vez ali antes da morte de seu pai, talvez na época dos seus 10 anos ou menos, jamais recordaria.

Mas sabia com toda certeza que seus avós amavam aquele lugar tanto quanto os filhos e netos, conseguia sentir, um sentimento caloroso só de estar no meio daquela sala mal iluminada pelo corte na cortina velha.

Antes de ir a guerra, pretendia visitar os avós novamente, se lembrar da infância e sentir um pouco de carinho novamente.

Todavia, nada nesse mundo acontece da forma que queremos. E Draco, estava sozinho, mas uma vez.

Era deplorável.

— Agora não me posso permitir sentir saudades, né?— sussurrou, erguendo o rosto e visualizando uma pintura familiar no teto. — Estou em casa.

[...]

— Senhor, a limpeza já está sendo feita

Draco assentiu, limpando a cadeira com as mãos antes de ocupa-la.

— Podem deixar o escritório comigo, eu o limpo.

O homem de idade olhou em volta. A sala era duas vezes maior do que a cabana em que ele morava e tinha tantos livros que lhe causava um pouco de tontura. Era possível limpar tudo aquilo sozinho?

— Senhor, creio que...

— não se preocupe, eu dou conta. — Draco adiantou-se a dizer.  — prepare alguns quartos para os empregados.

O velho assentiu e saiu depressa.

Draco, voltou a atenção para o livro em sua mão, antigo e sujo. O título em questão lhe chamou tanto a atenção: "País das Maravilhas", lhe era tão familiar.

— A mesma pintura do teto! — Exclamou ao abrir na primeira página e vê uma paisagem totalmente fora do normal, exatamente a mesma pintura no teto da sala — vovó devia ser uma amante desse livro. — sorriu.

Draco se sentiu nostálgico. Uma boa sensação surgiu no seu peito.

Todavia, antes mesmo desse sentimento crescer em si, ele fechou o livro e levantou-se. Acontece, que desde a guerra, desde as coisas que fez, viu e ouviu, sentimentos bons não lhe eram bem vindos.

O calor da paz e de um lar, não era algo que ele gostaria de ter. Por mais que no fundo do seu âmago, ele desejasse mais que tudo.

Em sua mão, carregava vidas e ressentimentos de não ter se despedido dos próprios avós, de ter sido a ruína de sua mãe e de carregar a culpa pela morte do pai.

Draco, era indigno. Assim se sentia.

Devia se manter longe das coisas que lembravam tanto a paixão dos seus avós.

Devia apenas viver e morrer sem ter feito muito.

— Acho que não darei conta de limpar essa sala sozinho — reclamou sozinho — Serviço demais, mesmo.

Deixando o livro sobre a mesa, saiu de trás dela e seguiu em direção a porta. Mas se Draco, tivesse passado para próxima página.

Talvez entendesse, que naquele lugar há segredos mantidos por gerações na família Malfoy.

Talvez, se houvesse um fogo vívido em Draco, possivelmente, esse segredo faria parte dele também.

Não,

Tudo acontece no seu tempo, não é?

O rei de copas - DrarryOnde histórias criam vida. Descubra agora