The Bidding

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"I've been sleeping in a cardboard box

Spending every dollar at the liquor shop

And even though I know I haven't got a lot

I'll try to give you love until the day you drop"

Anjos ajudam almas puras,

Demônios punem as corruptas

O confessionário parecia ainda menor e mais sufocante do que o habitual. Izana se sentia sufocando lá dentro; a claustrofobia gritava enquanto as paredes ao redor pareciam diminuir cada vez mais a ponto de esmagá-lo. O ar cheirando a incenso era opressivo, deixando sua garganta fechada da com tal cheiro horrível e, mesmo assim, ele continuava ali; ignorando o próprio desconforto e sofrimento para ficar ouvindo e aconselhando mais de uma dúzia de pessoas com seus problemas tão "importantes". No fim, era esse o seu propósito sagrado como padre, ajudar pobres almas penadas. Logo não poderia fugir de tal responsabilidade sagrada —mesmo que ultimamente estivesse parecendo mais um fardo do que dever divino.

No momento, estava lidando com uma velha senhora cujo filho não queria ir à igreja, era no mínimo a sexta vez que ela vinha reclamar disso —sim, reclamar. Porque aquilo nem de longe era una confissão para pedir perdão por seus pecados ao Espírito Santo, era, como sempre, apenas um bando de pessoas vindo reclamar e esperando que um milagre caísse em seus colos. — Sempre as mesmas reclamações e nunca nenhum arrependimento pelo que tinham feito ou um agradecimento pelo o que tinham. Izana não se surpreendia mais com isso, de todo o modo.

Ele conteve um suspiro e revirar de olhos, estava exausto daquilo, só queria ir para casa.

— Cada um tem o seu livre-arbítrio, senhora, Deus deu a todos nós o poder de fazer as próprias escolhas. E quanto mais insistir com o seu filho para que ele venha à igreja, mais determinado ele ficará a não vir. Deixe que ele decida por si só. Se for da vontade de Deus, ele virá na hora certa. — Izana deu o discurso já ensaiado, não aguentando mais as lamentações daquela mulher.

A senhora hesitou por um momento e pareceu pensativa, logo respondeu:

— Tudo bem. Obrigado, padre. Deus te abençoe. — Ela disse e então saiu, sua presença desaparecendo em pouco tempo.

— Amém. — Sussurrou, se sentindo aliviado ao presumir que havia acabado e que enfim poderia ir para casa.

Ele não poderia estar mais errado.

Seu momento de paz durou poucos instantes, pois logo um vento frio invadiu a igreja e enviou calafrios para a sua espinha, seu corpo entrou em alerta ao sentir a presença tão conhecida e intimidadora. A estrutura tremeu. O vento forte ricocheteava contra as vidraças pintadas com seus Santos e as velas se apagaram. Izana sentiu aquela mesma sensação de estar sendo observado de dias atrás. Um olhar fulminante queimando suas costas. E todo o seu ser estremeceu com o riso macabro vindo da porta.

Ele não precisou olhar para saber de quem se tratava. A energia sinistra falava por si só.

"I've been training like a Pavlov dog

Let my independence out to take a hike

All you gotta do is activate my bell

And I'll fetch you anything you like"

— Perdoe-me, padre. Pois eu pequei. — Seu corpo estremeceu ouvindo aquela voz. Tão rouca e baixa, tão... Sedutora. — É assim que se começa? — Kakucho riu, o som ecoando por toda a igreja. — Eu nunca me confessei antes. Não sei como funciona, padre. — Sua voz transbordava ironia, e Izana desejou poder mandá-lo ir se foder.

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⏰ Última atualização: Oct 11 ⏰

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