VI

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𝗥𝗮𝗶𝗻𝗲𝗹𝗶𝘀 𝗥𝗼𝘀𝗮𝗿𝗶𝗼.

Depois de desligar o telefone, fui me preparando para o dia, sentindo a tensão acumulada nos meus ombros. Tudo parecia girar em torno de Alondra agora - sua atitude possessiva, o jeito que ela apareceu do nada, e a intensidade no olhar dela. Eu precisava entender o que estava realmente acontecendo entre nós, e hoje seria o dia para isso.

Cheguei ao escritório um pouco mais cedo que o habitual, com a intenção de evitar qualquer interação imediata com ela. Fui direto para a minha mesa, tentando focar nas tarefas do dia. O trabalho me ajudava a distrair, mas conforme o tempo passava, comecei a me perguntar quando seria o momento certo para falar com minha chefe.

Às 10 horas, ela apareceu no corredor. Nossos olhares se cruzaram por um segundo e, para minha surpresa, ela deu um leve aceno de cabeça, como se tudo estivesse normal. Isso só me deixou ainda mais confusa. Como ela podia agir como se nada tivesse acontecido?

Respirei fundo e me levantei, decidindo que não podia adiar mais. Caminhei até sua sala, bati na porta e, ao ouvir sua voz dizendo "entre", abri lentamente. Alondra estava sentada à sua mesa, revisando alguns papéis, mas ergueu o olhar quando me viu.

- Rai? - Sua voz era controlada, mas havia uma leve surpresa ali.

- Precisamos conversar - disse, sem rodeios, fechando a porta atrás de mim.

Ela me olhou por alguns segundos, antes de pousar a caneta na mesa e cruzar os braços. - Sobre o que exatamente?

Eu me aproximei, tentando manter a calma. - Sobre o que aconteceu ontem à noite. Aquele cara... e o jeito que você agiu.

Ela inclinou a cabeça, me observando com atenção. - Eu te protegi. O que tem de errado nisso?

- Não é sobre a proteção em si, Alondra. É sobre o jeito que você falou, como se eu fosse sua... - Parei por um momento, escolhendo bem as palavras. - Eu não sou uma propriedade.

Ela se recostou na cadeira, suspirando. - Você está exagerando. Eu só disse aquilo porque queria afastá-lo de você.

- Talvez - respondi, sentindo a frustração crescer. - Mas a forma como você disse... foi intensa. Parecia mais do que apenas proteger alguém. Parecia que você estava dizendo que me possui.

Ela assentiu, ainda me observando com uma intensidade que eu não conseguia ignorar. - Entendo. E vou trabalhar nisso. Mas você tem que saber que eu... - Ela hesitou por um segundo, algo novo em sua expressão. - Que eu gosto de você. Mais do que deveria.

A tensão no ar ficou palpável, e eu sabia que estávamos prestes a entrar em território perigoso.

- Mais do que deveria? - perguntei, minha voz carregada de confusão e irritação. - Que porra isso significa, Alondra?

Ela se afastou, cruzando os braços e respirando fundo, os olhos fixos em qualquer coisa que não fosse eu.

- Significa que você mexe comigo de um jeito que eu não gosto, Rai. - A voz dela estava cheia de frustração. - Eu odeio perder o controle, e você... você me faz perder o controle.

Eu me levantei, sentindo a raiva crescer dentro de mim.

- Então é por isso que você me trata assim? Como se fosse sua propriedade? Como se eu fosse algo que você pode "cuidar" quando lhe convém?

BOSS - Railo ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora