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Havia passado uma semana desde que saí do hospital, e durante esse tempo, me aproximei mais de Shuji

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Havia passado uma semana desde que saí do hospital, e durante esse tempo, me aproximei mais de Shuji. Era estranho, depois de tanto tempo de convivência distante, nos conectarmos de verdade. Mas agora ele teria que viajar, e o medo de ficar sem ele me atormentava. Mais do que isso, eu estava apavorada com a ideia de ficar sozinha na casa de um homem que eu não conhecia, mesmo que Shuji confiasse nele.

Era nosso último dia juntos antes de ele partir, e decidimos passar o dia no sofá.

Eu estava no colo de Shuji, como costumava fazer quando era mais nova.

Comíamos pipoca enquanto ele colocava um de seus filmes de terror favoritos. Eu odiava filmes de terror, mas aguentava porque gostava de estar perto dele. Sempre que uma cena assustadora aparecia, eu me escondia em seu peito, sentindo seu calor e proteção.

-Shuji... Estou com medo... — murmurei, me encolhendo mais perto dele. Ele riu, seu peito vibrando contra meu rosto, me fazendo sentir um pouco mais segura.

-Ah, Maya, não é tão assustador assim — disse ele, acariciando meus cabelos com uma mão enquanto a outra segurava a pipoca.

-É sim! — protestei, ainda me escondendo. — Zumbis são assustadores!

Ele riu mais uma vez, um som leve, como se nada pudesse abalá-lo. A forma como ele lidava com as coisas me dava um pouco de conforto, mas o medo de sua partida e do desconhecido ainda estava lá, firme e pesado em meu peito.

-Você já fez as malas? O motorista vem te pegar hoje à noite, Maya. Se comporte e não deixe ele irritado, está bem? — disse Shuji, apertando-me levemente em seus braços. A preocupação em sua voz era clara, mesmo que ele tentasse disfarçar com o tom casual.

-Sim, eu vou me comportar — respondi, mesmo que por dentro ainda estivesse cheia de incertezas.

-E não faça muitas perguntas para ele, principalmente sobre o seu corpo, ok? Também não ande de calcinha pela casa dos outros, é feio. — Ele me olhou com um olhar sério, e eu não entendia muito bem o motivo, mas apenas concordei com a cabeça.

Eu não sabia bem o que Shuji queria dizer com essas coisas, parecia que ele estava tentando me preparar para algo que eu não compreendia totalmente. Mas o que quer que fosse, eu confiava nele. Sempre confiei.

-Eu sei que não te ensinei muitas coisas, mas... confie nele. Se precisar de alguma coisa para os seus dias menstruais, peça a ele.

-Shuji, você disse que não iria demorar. Eu já estou levando absorventes suficientes. — Eu tentava manter um tom leve, mesmo que o pensamento da ausência dele me incomodasse.

Shuji fez uma pausa. Por um momento, ele parecia tentar encontrar as palavras certas. Ele respirou fundo e olhou para mim com uma seriedade que me deixou inquieta.

-Eu te dei um prazo, mas... eu realmente não sei quando vou voltar, meu amor. Você pode só... me esperar? — disse ele, dando um leve beijo em minha testa. Shuji estava diferente, carinhoso até demais. Era como se estivesse tentando me preparar para uma longa separação.

-Eu espero... — murmurei, mesmo que meu peito estivesse apertado com medo.

- E não fique mexendo nos pontos — Shuji disse, batendo levemente na minha mão quando me pegou cutucando os pontos em meu ventre, distraída.

-Ai, Shuji! — reclamei, fazendo uma careta de dor.

-Maya, por favor... É sério, eu estou falando sério, não mexe. — Ele parecia frustrado, mas havia uma tristeza em seus olhos que eu não conseguia ignorar. Ele estava visivelmente abalado por ter que me deixar.

-Vou sentir sua falta... Promete que vai me mandar mensagem sempre? — perguntei, com a voz baixa, tentando conter as emoções que começavam a transbordar.

-Eu prometo. — Ele sorriu, mas o sorriso não alcançou seus olhos.

Algum tempo depois, acabei adormecendo em seu colo. O calor e o conforto dos braços de Shuji me fizeram esquecer, por alguns instantes, o peso que carregava.

Acordei com Shuji me balançando levemente. Meus olhos piscavam lentamente, tentando voltar à realidade. A dor ainda estava lá, uma dor física no meu corpo, mas também psicológica, mais profunda. Eu ainda estava assustada com tudo que tinha acontecido. O ocorrido não saía da minha cabeça, e as imagens vinham sem que eu quisesse. Mas eu me esforçava ao máximo para não preocupar Shuji, para não mostrar o quanto ainda estava machucada por dentro.

Ele me olhou com preocupação, mas não disse nada. Apenas segurou minha mão por mais alguns segundos antes de me deixar descansar, mais um pouco.

[...]

Shuji me acordou suavemente, balançando meu ombro com cuidado.

-O motorista está esperando, Maya... Vá pegar as malas — ele disse, sua voz um misto de firmeza e tristeza.

Meus olhos se abriram lentamente, pesados com a realidade que eu estava prestes a enfrentar. A sensação de perda se arrastava dentro de mim, e lágrimas já ameaçavam cair antes mesmo que eu pudesse me levantar.

Levantei-me com dificuldade, o peso do meu corpo parecia maior do que o habitual. Cada passo era lento, doloroso. Fui até meu quarto, arrastando os pés pelo chão de madeira, que rangia suavemente sob meus pés. A casa estava silenciosa, exceto pelos sons sutis da minha própria respiração e dos passos lentos que ecoavam pelos corredores. Parecia que tudo ao redor estava me dizendo que eu estava indo embora, e que nada seria o mesmo quando eu voltasse.

Cheguei ao quarto, e as malas estavam ali, prontas, ao lado da cama. A luz fraca do abajur iluminava o espaço de maneira triste, e de repente, o quarto parecia vazio, mesmo com todos os meus pertences ainda ali. Peguei as malas com as mãos trêmulas, sentindo um nó apertar minha garganta. Voltei a passos lentos até a porta da frente, cada movimento causando uma dor que se espalhava pelo meu ventre, lembrando-me dos pontos que ainda estavam frescos.

Ao chegar à porta, Shuji estava lá, esperando. Seus olhos estavam cheios de algo que ele tentava esconder, mas era visível, uma mistura de culpa e preocupação. As malas ficaram no chão por um momento, enquanto eu caminhava até ele.

-Eu vou sentir sua falta, Shuji — murmurei, as palavras saindo quase como um sussurro.

-Eu também vou sentir a sua, pequena... — Ele disse, me puxando para um abraço apertado, mas cuidadoso, como se não quisesse me machucar.

Não consegui segurar as lágrimas dessa vez. Elas caíram silenciosamente enquanto eu o abraçava, sentindo o calor e a segurança que só meu irmão podia me dar. Dei vários beijos em seu rosto, um após o outro, sem querer me separar. Eu queria gravar cada momento, cada toque, cada cheiro, na minha memória.

-Promete que vai voltar logo? — perguntei, com a voz trêmula.

-Eu prometo — ele respondeu, embora soubesse que aquela promessa podia ser difícil de cumprir. Seus olhos estavam marejados, mas ele segurou firme.

Finalmente, soltei-o, embora meus braços quisessem continuar segurando. Olhei para o carro que nos esperava na calçada, o motorista já fora do veículo, aguardando pacientemente. Com um último suspiro, me abaixei para pegar as malas novamente. As dores no meu ventre se intensificaram, e cada movimento era uma luta.

Shuji me ajudou a levar as malas até o carro. Quando chegamos perto, ele abriu a porta para mim. Dei mais um beijo em seu rosto, com os lábios ainda trêmulos de emoção, e entrei no carro com dificuldade. As dores tornavam tudo mais complicado, mas com a ajuda do motorista, consegui me acomodar no banco traseiro. O estofado do carro era macio, mas meu corpo ainda estava rígido de dor e medo.

Antes que a porta se fechasse, olhei para Shuji uma última vez, ele estava parado na calçada, me observando com aquele olhar protetor, mas triste. Senti uma pontada no coração enquanto a porta se fechava e o carro começava a se mover, me levando para longe.

Não vi Anna durante a semana, nem mensagem trocamos... Acho que pelo fato de estarmos envergonhadas por tudo o que aconteceu...

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