Sempre quis conhecer Paris e ver a torre Eiffel com meu próprio olhos, mas não esperava estar no pico do monumento, em plena madrugada, com um ser de grandes asas negras beijando minha nuca enquanto murmurava coisas incompreensíveis.
— Rosa mea, quero que você demonstre para mim... — Finalmente as palavras se formaram trazendo o sentido em si, fazendo-me estremecer.
— O que... exatamente?... — Indago em um suspiro mudo.
— Confiança, coloque seu destino em minhas mãos, mostre o quanto está entregue... — Seus lábios encontraram a concha de minha orelha esquerda e a pele quente sobre a minha, faz meu corpo querer mais daquele calor, mais do ser que transmite ele.
Viro-me para ele, ficando cara cara ao grande demônio de chifres e asas exuberantes e seu rosto com a beleza estonteante, com seu nariz fino, olhos e cabelos escuros como a noite que dominava os céus, além dos lábios rosados carnudos, que escondiam o sorriso de dentes perfeitos, e o luar deixando sua silhueta perfeita, mais atrativa. Ele era como uma Víbora cornuda rabo-de-aranha, que balança seu chocalho e eu, um pobre pássaro faminto em pleno deserto, que fosse devorar o "inseto", mas acaba virando a refeição da serpente.
— Um salto cego... — sussurro, meus pés dando leves passos para trás. — é isso que quer, grã-duque? — Indago, cessando meus passos à beira, querendo ouvir a resposta vinda daquele ser, os meus cabelos esvoaçavam com o vento e meu vestido seguia o exemplo.
— Rosa mea, faça, prove o quanto você me confiaria a sua vida. — Seu tom era mais baixo do que antes, como um ronronar de um gato.
Fecho meus olhos e deixo meu corpo cair, a gravidade me puxando para baixo em um puxão. Não vi sua silhueta vindo para mim, ou o barulho de suas asas. Não me desesperei, porque sei que provei a minha confiança e lealdade, mas ele me deixou, isso era angustiante, porém a morte sempre me foi atrativa.
Meu corpo espalhado pelo concreto traria os meus mais belos sonhos para a realidade.
Antes que sentisse a morte me abraçar, braços fortes me envolvem, me protegendo do chão. Abro meus olhos e vejo Astaroth voando graciosamente pela noite. Direciono meu olhar para baixo e vejo quão alto estamos, fazendo eu esconder meu rosto na curva de seu pescoço.
— Eu sempre te pegarei, pequena, não importa o que, porque no final, você é e sempre será minha. — Sussurra em meu ouvido com um sopro quente, trazendo um estranho conforto a mim.
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